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Um elogio enfezado

Uma senhora simples e antenada com os fatos comentava a notícia sobre o oficial de justiça e torcedor do Flamengo que assediou uma repórter da ESPN.

Em bom maranhês, ela resenhava o fato.

“Ele, o assediador, está na cheirosa”

“Rapaz, vou te falar. Ele é um troço grande aí, não é pouca merda não”

Traduzindo: 

A palavra “cheirosa” quer dizer cela, cadeia. (logo após o episódio, o assediador foi preso, mas liberado posteriormente por decisão judicial).

As expressões “troço grande” e “não é pouca merda” querem dizer que a pessoa é importante, ocupa uma função social relevante; no caso, o agressor da repórter é um oficial de justiça.

Já o vocábulo “enfezado” significa pessoa zangada, aborrecida ou, por derivação, suja de fezes. Usava-se para caracterizar os escravos que carregavam as gigantes tinas de urina e cocô nas ruas do Centro Histórico e São Luís quando não havia sistema de esgotamento sanitário. Os dejetos eram transportados em imensos vasilhames e jogados no rio Anil.

Os escravos utilizados para esse trabalho sujo eram chamados negros “tigres” porque a pele escura ficava manchada do líquido amarelado que escorria das tinas. Eram, portanto, enfezados, zangados ou, em bom maranhês, putos de raiva.

Imagem destacada / reprodução tela da ESPN

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