Visões de um Poema Sujo, de Márcio Vasconcelos, reinventa os versos do livro escrito pelo maranhense no exílio, em 1975.
Abertura do evento será dia 13 de setembro, às 19h30, na Lima Galeria, cobertura da Loja Fátima Lima, Av. dos Holandeses, no Calhau
Após ser apresentada no Museu AfroBrasil, em São Paulo, na Galeria Cora Coralina, em Goiânia, no Festival de Fotografia de Paraty e no Festival Valongo de Fotografia, em Santos, a exposição Visões de um Poema Sujo chega a São Luís, com concepção e fotografia de Márcio Vasconcelos, curadoria de Diógenes Moura e textos de Diógenes Moura e Celso Borges.
São 90 fotografias de Márcio Vasconcelos inspiradas em uma das principais obras do poeta maranhense Ferreira Gullar. Visões de um Poema Sujo ganhou o XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia. O olhar do artista registra e reinventa a cidade do poeta, que nasceu e viveu em São Luís nos anos 30 e 40 do século XX. Poema Sujo foi escrito de maio a outubro de 1975, quando Gullar estava exilado em Buenos Aires, durante a ditadura militar.
O Poema Sujo é o livro de Ferreira Gullar mais conhecido internacionalmente e já foi publicado na Alemanha, Espanha, Colômbia e EUA. Foitema e inspiração de outras peças, mas é inédita a sua utilização na fotografia artística, como agora realiza o projeto Visões de um Poema Sujo.
Márcio Vasconcelos realizou uma vasta pesquisa preliminar para levantar informações sobre o poema, sua criação, contexto histórico, momento de vida do autor, episódios importantes para a obra e seu autor, textos críticos, teses, bibliografia e personalidades envolvidas. A constatação de sua importância atemporal e o processo de criação “catártico” que Ferreira Gullar imprimiu ao escrevê-la. “Crio sensações visuais como se estivesse no lugar dele. Como seria essa São Luís? Quais os tons, nuances”, explica.
O artista vem se destacando por sua intensa e relevante atividade no cenário da fotografia, com diversos prêmios nacionais. Além de Visões de um Poema Sujo, Márcio Vasconcelos foi agraciado mais duas vezes com o Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia. Em 2021, com o trabalho Bumba meu boi do Maranhão – patrimônio cultural imaterial da humanidade e , em 2011, com Na trilha do cangaço – O sertão que Lampião pisou. O fotógrafo vem contribuindo para a difusão da cultura brasileira e sua diversidade, formando há anos um importante acervo na documentação de manifestações populares, religiosas e do folclore brasileiro.
Perfis
Márcio Vasconcelos nasceu em São Luís, Maranhão. Fotógrafo autodidata e independente, é autor dos livros Bumba meu boi do Maranhão – patrimônio cultural imaterial da humanidade (Editora Pitomba, 2021), Visões de um Poema Sujo(Editora Vento Leste 2016), Arte nas Mãos: Mestres Artesãos Maranhenses (Sebrae, 2007), NagonAbioton – um estudo fotográfico e histórico sobre a Casa de Nagô (Programa Petrobras Cultural, 2009), Zeladores de Voduns do Benin ao Maranhão (Editora Pitomba, 2016, 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras da Fundação Cultural Palmares – Petrobras) e Na Trilha do Cangaço: o sertão que Lampião pisou (Vento Leste Editora, 2016, XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia). Premiado no XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia com o projeto Visões de um Poema Sujo, inspirado no poema de Ferreira Gullar.
Diógenes Moura nasceu em Recife, Pernambuco. É escritor, curador de fotografia e editor independente. Autor dos livros Vazão 10.8 – a última gota de morfina, O Livro dos Monólogos – Recuperação para Ouvir Objetos, O antiacarajé atômico – dias pandêmicos, Fulana despedaçou o verso, entre outros. Premiado no Brasil e no exterior, entre 1999 e 2013 foi Curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde realizou exposições, edições de livros e reflexões sobre o pensamento fotográfico. Pesquisa desde a filosofia da palavra em tempos de cólera aos limites da imagem entre o ontem e o muito além. Só entende fotografia vendo-a como literatura.
Celso Borges é poeta, jornalista e letrista de São Luís (MA). Parceiro de Zeca Baleiro, Chico César, Fagner e Criolina, tem 11 livros de poesia publicados, entre eles Pelo Avesso, Persona Non Grata, XXI, Música e Belle Époque, os três últimos no formato de livro-CD. No palco, realizou os projetos Poesia Dub, com o jornalista Otávio Rodrigues; A Posição da Poesia é Oposição, com Christian Portela e Luiz Claudio e Sarau Cerol, com Beto Ehongue. Em 2010/2011 apresentou o programa Biotônico, na rádio Uol, ao lado de Zeca Baleiro e Otávio Rodrigues. Com Baleiro coproduziu o álbum A Palavra Acesa de José Chagas, com participação de Fagner, Ednardo, Lula Queiroga, Chico César etc. Tem poemas publicados nas revistas Coyote, Poesia Sempre, Oroboroe Celuzlose. Foi curador da Feira do Livro de São Luís em 2013 e 2014.
VISÕES DE UM POEMA SUJO
Exposição de fotografias de Márcio Vasconcelos
Abertura – 13 de setembro, terça-feira, às 19h30
Local – Lima Galeria, Cobertura da Loja Fátima Lima, Av. dos Holandeses, q-1, n-1, Calhau.
Imagem destacada / Ritual em terreiro de matriz africana / Foto: Marcio Vasconcelos
Uma resposta em “Poema Sujo, de Ferreira Gullar, ganha recriação em fotografias”
num “país” sob “governos”
que programam ignorância
misérias mentiras e medos
subgentes e intolerâncias
inteligências em degredos
mata desde tenra infância
o que nunca foi segredo
educação que só engana
livros jogados nos lixeiros
onde o mercado abocanha
a vaga de pobre e de preto
o estado homizia ganâncias
dos que lucram com medos
misérias e tanta ignorância
a arte funciona como levedo
da resistência na esperança