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Os valores espúrios da extrema direita

Cada dia é mais comum ver carros adesivados com tons nacionalistas ocupando as vagas de idosos, deficientes e grávidas nos estacionamentos.

As desobediências às regras básicas do trânsito são bem mais visíveis.

Agressões verbais ganham evidência em quantidade e “qualidade”.

Jogar lixo em qualquer lugar, mentir, xingar, furar a fila, manifestar misoginia e homofobia, cometer racismo, atropelar as prioridades do idoso etc tudo isso ocorre com mais força no cotidiano.

Além desses atos corriqueiros, as grandes ações de corrupção na estrutura do Estado ganham velocidade e visibilidade impressionantes.

“Roubar” o dinheiro da educação, da saúde, das obras e dos programas sociais não causa mais os constrangimentos de antes.

O ato de “roubar”, ser flagrado, processado, condenado e preso, que outrora era considerado demérito, assume nova configuração na contemporaneidade.

Ser “ladrão” do dinheiro público ou cometer outras formas de corrupção ganha ares de meritocracia, habilidade, inteligência e competência.

A impunidade soma uma aliada – a glória de ser corrupto, se dar bem a qualquer custo, atropelar as regras da civilização e ser “vitorioso”.

Usar o nome de Deus em vão é outra característica desses tempos de farisaísmo e do negócio da fé, sob as ordens de pastores ladrões e hipócritas.

Mentir e espalhar desinformação torna-se um tipo de defesa diante das instituições civilizatórias.

Se um corrupto é flagrado e noticiado pelo delito, é mais conveniente dizer que os meios de comunicação estão mentindo sobre ele. Tal “regra” vira uma espécie de mantra para diversos tipos de situações.

Essa avalanche comportamental não é um conjunto de fatos isolados, é um movimento “cultural” da extrema direita, representativo da degeneração dos valores civilizatórios e republicanos.

Por isso a direita bruta faz um sistemático ataque às instituições, à Ciência e ao Jornalismo.

Para esse tipo comportamental não basta ganhar eleições e governar. O exercício do poder nos pequenos atos do cotidiano e nas grandes ações é uma prática de negação dos princípios legais, de aniquilamento da legitimidade e da implosão dos mínimos padrões éticos.

A humanidade, principalmente no Brasil, dá um revés de 300 anos.

Vivemos, no chão da rua e nos gabinetes do poder, um tipo novo de barbárie.

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