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Pedaladas de mulheres negras pelo direito à cidade

Os coletivos Mulheres Negras da Periferia e Pedal das Minas realizam o projeto ‘Caminhos das Pretas’ para tratar dos temas atuais de racismos e mobilidade urbana por bicicleta.

Através dos livros e da bicicleta, as mulheres do Coroadinho irão vivenciar o bairro e a cidade.

Com o objetivo de fortalecer mulheres, em especial as mulheres negras, no território do Coroadinho, por meio do acesso à leitura, informação, a cultura e do uso sustentável da bicicleta surgiu o projeto Caminhos das Pretas, fruto da parceria dos coletivos Mulheres Negras da Periferia e Pedal das Minas e que conta com o patrocínio do Edital Cidades Amazônicas: floresta viva em movimento do Fundo Dema. O lançamento do projeto acontece neste sábado, 23 de abril, às 15h, na Casa das Pretas, no Coroadinho, sede do Coletivo Mulheres Negras da Periferia.

Como um convite para vivenciar o bairro e a cidade por meio da bicicleta e dos livros, as atividades do projeto visam fortalecer a cultura da bicicleta na periferia e incentivar a participação de mulheres na transformação da cidade em espaços que possibilitem a priorização da vida das pessoas e a coexistência com a natureza, enquanto estratégias de combate às mudanças climáticas e ao racismo estrutural e ambiental.

Para o lançamento do projeto, será realizada uma edição da Escola Bike Anjo para Mulheres, para ensinar a pedalar do zero com o suporte das bike anjas voluntárias por meio da metodologia da rede Bike Anjo e também um Roda de Mediação de Leitura para criar um espaço de aprendizagem e socialização entre as participantes das atividades.

Atividades do projeto:Datas:
Montagem e organização do acervo sobre feminismos, racismo estrutural e ambiental, mobilidade por bicicleta e mudanças climáticas da PretotecaMaio/22
Escola Bike Anjo para Mulheres, atendimentos para aprender a pedalar do zero em parceria com a Bike Anjo São Luís23/04; 14/05 e 28/05
Rodas de Mediação de Leitura sobre os temas do projeto23/04; 14/05 e 28/05
Oficina Bike Anjas: pedalar com segurança no trânsito11/06
Pedalada Poética, pedalada de prática no trânsito e intervenções culturais no percurso18/06 e 02/07
Oficina Bike Anjas: mecânica básica de bicicleta16/07
Encerramento do projeto30/07

Vamos juntas, Minas e Pretas! Ocupar a cidade pedalando e exercendo o nosso direito de ir e vir da mulher, sobre duas rodas e como forma de empoderamento.

O que? “Caminhos das Pretas”, projeto de acesso à leitura e ao uso sustentável da bicicleta dos coletivos Mulheres Negras da Periferia e Pedal das Minas.

Público: Mulheres a partir de 15 anos do pólo Coroadinho.

Porque Mulheres?

As mulheres negras representam 25% da população brasileira, em um contexto de pluralidade e diversidade, mas, que ainda convivem diariamente com a herança de um modelo de desenvolvimento urbano racista e sexista e que impõe sobre as mesmas diferentes graus de dificuldades e obstáculos para viver na cidade, como aprender a pedalar e, consequentemente, não terem escolha sobre a forma de fazer seus deslocamentos.

Na periferia do Coroadinho, locus deste projeto, a realidade não é diferente. Mulheres vivem cercadas por um contexto de negação de direitos, dentre estes, o direito à cidade, onde as mudanças climáticas e o racismo ambiental as vulnerabiliza ainda mais.

Onde e Quando? Lançamento dia 23 de abril (sábado), às 15 horas, na Casa das Pretas, sede do Coletivo Mulheres Negras da Periferia. Endereço: Av. Presidente José Sarney, Bom Jesus (https://maps.app.goo.gl/MMmcnXBcnnb1mtRWA). As atividades serão realizadas entre Abril e Julho de 2022 no Pólo Coroadinho.

Porque no Coroadinho?

O Coroadinho é um dos bairros mais populosos de São Luís e está situado na periferia, a 7 km do centro da cidade, na região da Bacia do Rio Bacanga próximo ao Parque Estadual do Bacanga, uma unidade de conservação que possui potente biodiversidade e construções antigas que datam do séc.XVIII.

É uma área carente de políticas públicas, de modo que no desenvolvimento urbano, há falta de saneamento básico, condições precárias de moradia, processos erosivos em encostas, poluição de canais e alagamentos em períodos chuvosos; e no transporte e mobilidade possui pouca integração com os bairros mais centrais e mesmo não possuindo estrutura cicloviária, é a 3º área da Grande Ilha de São Luís com maior fluxo de viagens diárias por bicicleta (1092), porém realizadas por homens em sua maioria (Rumbora Se Amostrar, 2019). Pode-se dizer que os ciclistas do território já deixam de emitir 0,203 tCO² por dia, caso fizessem as viagens de ônibus ou 1,586 tCO² por dia caso as fizessem de carro.

O bairro mesmo com essa realidade dispõe de fortes manifestações culturais populares, que também carecem de valorização: tambor de crioula, tambor de mina, festa do divino, reggae, dança de rua, grafiteiros, etc. E, em 2020, foi a 6ª comunidade que gerou mais empregos no Brasil, segundo a ONG Outdoor Social, revelando a potência econômica e de desenvolvimento local do território.

Por que pautar o projeto?

O projeto pauta temas presentes nas discussões atuais e de extrema relevância social e ambiental como os racismos ambiental e estrutural, a mobilidade por bicicleta e as mudanças climáticas por meio da perspectiva de gênero e raça.

Abordar o tema de se andar de bicicleta como o direito de ir e vir da mulher, sobre duas rodas e como forma de empoderamento é oportuno já que houve aumento de pessoas utilizando a bicicleta na Cidade de São Luís, não só como lazer mas como meio de transporte e que coincide com a retomada da revisão do Plano Diretor de São Luís, a crise do Transporte Público, com o compromisso da nova gestão municipal, por meio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte em implantar o Plano de Mobilidade Urbana de São Luís de 2017, além das ações do Maio Amarelo e das datas (a) 02 de Maio no Dia municipal de ir ao trabalho de bicicleta, celebrado na 1ª segunda-feira do mês e instituída pela Lei municipal nº 6.516 de 21/03/2019 e (b) 13 de Maio no Dia Nacional de Bike ao Trabalho promovida na 2ª sexta-feira do mês pela rede Bike Anjo desde 2013 no Brasil

Um breve histórico sobre os coletivos:

O Coletivo Mulheres Negras da Periferia atua desde 2019, na periferia do Coroadinho, em São Luís-MA, com ações voltadas ao reconhecimento e empoderamento da mulher preta e periférica, por meio de ações como rodas de conversas, ações sociais comunitárias e festival. Com a pandemia tem prestado assistência às famílias em situação de vulnerabilidade social, à exemplo da doação de alimentos, em parceria com outras organizações.

Já a Pedal das Minas é um Coletivo de Mulheres Ciclistas que atua desde 2017 com Mobilidade Urbana por Bicicleta, único coletivo que atua com esta pauta no Maranhão. Realizamos ações e projetos de incidência política e com foco no empoderamento de mulheres, entre eles destacamos: (1) Projeto “Rumbora se Amostrar” de mapeamento do perfil/demanda potencial de mulheres em 2019 em colaboração com o Coletivo Reocupa; a Campanha “Bicicleta para Futuros Possíveis” em 2020, para dialogar com o poder público sobre demandas para a mobilidade por bicicleta no combate ao Covid-19; e em 2021 o Projeto “Mermã, bora pedalar!” para ensinar mulheres a pedalar com segurança no trânsito.

Sobre o Edital:

Foram 29 projetos aprovados no Edital Cidades Amazônicas: floresta viva em movimento realizado pelo Fundo Dema nos estados do Pará, Maranhão e Mato Grosso, com o objetivo de fortalecer a luta contra o avanço do desmatamento, o agravamento da crise climática e outros impactos socioambientais por meio da manutenção de florestas vivas e o fortalecimento das organizações populares em movimento nas cidades, aliadas aos povos do campo, das águas e das florestas. No Maranhão foram selecionados 4 projetos das organizações: Coletivo Mulheres Negras da Periferia e Pedal das Minas; MST Maranhão e Coletivo de Juventude Campo e Cidade; Instituto Maranhão Sustentável; e Coletivo Reocupa.

Mais informações: Instagram @pedaldasminasslz e @coletivo.mulheresnegras

Email: pedaldasminassl@gmail.com e coletivomulheresnegras10@gmail.com

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