As relações entre patrões e empregados seguem o antigo rito da exploração da força de trabalho para assegurar os lucros e a vida nababesca dos donos das empresas.
Motoristas e cobradores de ônibus são o exemplo real do trabalho precarizado, mal pago e superexplorado pela ganância do capital, associada à proteção do Estado.
De um lado, os patrões querem o aumento do preço das passagens, a demissão de todos os cobradores e as facilidades ao auxílio da Prefeitura de São Luís para “socorrer” as suas empresas. A iniciativa privada adora o dinheiro público para bancar as suas benesses.
Do outro, os trabalhadores extenuados em jornadas agravadas pelo trânsito caótico, muitos deles pilotando ônibus velhos que circulam em uma cidade onde operação tapa buracos ainda ganha eleição(!).
E quando há conflito, eis que a mão forte do Estado, através da Justiça do Trabalho, manda prender os dirigentes do Sindicato dos Rodoviários, sob o argumento de que descumpriram decisão judicial.
Esta greve de 2022 e a ordem de prisão dos líderes constituem um divisor de águas no sistema de transporte de São Luís.
Não se acaba um conflito mandando encarcerar sindicalistas. A tensão vai continuar porque as raízes mais profundas do problema ainda não vieram à tona.
Na Câmara dos Vereadores caminha a CPI do Transporte.
Se o Ministério Público e a Justiça ficarem atentos e forem provocados, terão muito que apurar e julgar.
A CPI vem revelando fatos novos, alguns estarrecedores, envolvendo a má gestão do sistema.
O Judiciário ágil e rigoroso para mandar prender os dirigentes sindicais precisa se movimentar para investigar ou provocar as demais instituições e passar um pente fino na licitação do sistema de transporte realizada durante a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior, em 2016.
A licitação é um dos maiores estelionatos eleitorais de São Luís, executada sob pesadas suspeitas de corrupção, na época incensando a candidatura à reeleição do prefeito que obteve o segundo mandato.
Ninguém vai esquecer a propaganda eleitoral de 2016 que anunciava a licitação, a modernização do sistema de transporte e os ônibus novos equipados com ar condicionado. O sistema de Justiça precisa ser lembrado desses fatos, sempre!
Parte do caos vivenciado em 2022 é fruto daquela licitação que prometeu “modernizar o sistema de transporte” e foi até celebrada pelo pai do prefeito, o então deputado estadual Edivaldo Holanda.
A cidade precisa saber como a licitação que prometeu “modernizar” o sistema de transporte provocou o caos.
Os moradores de São Luís querem ver as providências que serão tomadas pelo sistema de justiça a partir das revelações feitas pela CPI do Transporte.
Quando os tubarões da licitação serão investigados? Vamos vigiar e cobrar, sempre!
Até agora, os motoristas e a população foram os mais penalizados pelo trabalho precário e as péssimas condições do transporte coletivo.
Os cobradores estão em situação ainda mais tensa, ameaçados de demissão no meio de uma grave crise econômica.
A greve pode até acabar, mas o problema vai continuar e os outros potenciais responsáveis pelo caos no sistema de transporte precisam ser investigados.
4 respostas em “A greve dos rodoviários e a luta de classes em São Luís”
A ação da chamada justiça é um golpe no direito de greve dos trabalhadores.
Isso mesmo, os trabalhadores foram golpeados no seu direito de greve.
A transparência nos serviços públicos e, ou em suas concessões é um critério a ser adotado.
Exatamente. E no caso da licitação o que não houve foi transparência.