Ninguém no mundo da política chegou a cogitar a hipótese de o senador Weverton Rocha (PDT) abrir mão da sua candidatura para aderir a Carlos Brandão (PSDB, de mudança para o PSB), nome escolhido pelo governador Flávio Dino (PSB).
O senador pedetista sabe que, se adiar o seu ingresso na corrida ao Palácio dos Leões, pode correr o risco de perder o seu lugar na fila.
Entrar na fila, em outras palavras, poderia ser associado aos conceitos de virtù e fortuna, de Maquiavel, ancorados na capacidade do líder de enxergar as possibilidades, mensurar as imprevisibilidades e, no contexto das circunstâncias, formular uma estratégia eficaz.
Weverton Rocha avista o horizonte e deseja o Palácio dos Leões, mas, de olho no retrovisor, observa outros atores políticos que pretendem ocupar o mesmo lugar, a exemplo do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que silenciosamente administra a capital visualizando o futuro – ser o governador do Maranhão.
Se não se posicionar agora, o pedetista pode ser atropelado pelos seus concorrentes atuais e vindouros.
Não se trata de uma sabedoria política exclusiva de Weverton Rocha. Ele está apenas seguindo o rito e os exemplos dos outros animais políticos.
Luis Inácio Lula da Silva perdeu três eleições consecutivas (1989, 1994 e 1998), mas ele sabia que no horizonte estava em curso o processo de acumulação de forças para dar o salto estratégico, ganhando em 2002 a Presidência da República.
Jackson Lago teve três mandatos de prefeito de São Luís, disputou o governo em 2002 e ganhou em 2006.
Vejamos o caso de Flávio Dino. Ele pleiteou a prefeitura da capital em 2008 (perdeu para João Castelo), concorreu ao governo em 2010 (perdeu para Roseana Sarney) e ganhou em 2014, reelegendo-se em 2018.
Detalhe: Flávio Dino tinha plenas condições de ser um candidato competitivo à Prefeitura de São Luís em 2012, mas abriu mão da disputa, apoiou um consórcio de candidaturas que resultou na eleição de Edivaldo Holanda Junior e seguiu direto para conquistar o governo em 2014.
Percebendo a virtù e a fortuna maquiavélicas, Flavio Dino à época optou pelo “atalho” – seguir direto para o Palácio dos Leões, sem necessariamente governar a capital.
Em 2022, o candidato do PDT sabe que pode perder a eleição porque tem ciência da força do governo, mas ele também tem pleno conhecimento de que, perdendo, se posiciona para 2026, quando encerrará seu mandato de senador.
No intervalo de 2022 a 2026 ele terá quatro anos para dialogar ou fazer oposição ao eventual governador Carlos Brandão.
Afinal, em tempos de paz é que se constrói a guerra.
Portanto, não tem qualquer cabimento nem correspondência com os fatos o discurso de que o senador traiu o governador. O próprio Flavio Dino desautorizou os seus bajuladores que tentam forçar a barra com uma retórica oca de deslealdade atribuída a Weverton Rocha.
Ninguém traiu ninguém. Trata-se apenas do jogo jogado e pronto.
Em síntese, o raciocínio do animal político Weverton Rocha é curto e grosso. Ele quer entrar na fila para perder ou ganhar, sabendo que, nesse momento, com mais quatro anos de mandato no Senado, não tem muita coisa a perder.