Categorias
notícia

‘Murais da Memória’ celebram poetas, amos e cantadores de bumba-meu-boi no Maranhão

O mural em homenagem ao mestre Leonardo, um dos fundadores do Tambor de Crioula e do Boi da Liberdade, em São Luís, é um dos frutos do projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” que, neste ano de 2021, vai homenagear 10 personalidades do bumba meu boi do Maranhão.

Outros três murais serão pintados em São Luís e os demais em Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana e São José de Ribamar.

O projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” realizou, entre os meses de outubro e dezembro do ano passado, uma campanha no modelo machfunding para angariar recursos e viabilizar as ações. As doações feitas pelos apoiadores foram triplicadas numa parceria entre a Benfeitoria, o BNDES, e o Sitawi Finanças do Bem, havendo a adesão de dezenas de pessoas físicas e jurídicas em todo o Brasil.

A confecção dos murais, com a produção também de um documentário sobre o projeto, está prevista para acontecer entre os meses de abril a agosto de 2021. Serão 10 murais, sendo quatro deles na capital maranhense. Entre as personalidades homenageadas pelo projeto estão Nadir Apolônio, do Boi da Floresta; Francisco Naiva, do Boi de Axixá; Calça Curta, do Boi da Maioba; e Marcelino, do Boi de Guimarães.

A obra é assinada pelo artista Gil Leros, com apoio de uma equipe de produção trabalhando coletivamente para a concretização do sonho. “O contato com uma obra fotográfica em 2015 fez nascer em mim o desejo de construir murais da memória pelo Maranhão. Na realidade, o sonho é bem maior e espero um dia concretizar a pintura de murais em cada estado brasileiro”, projetou o artista.

HISTÓRIA DOCUMENTADA

Os grupos de bumba meu boi são divididos em sotaques. Cada sotaque tem características próprias relacionadas aos estilos, formas e expressões diferenciadas que se manifestam nas roupas, na escolha dos instrumentos, no tipo de cadência da música e nas coreografias.

Entre os sotaques, estão: matraca (ou sotaque da ilha), zabumba (ou Guimarães), orquestra, costa-de-mão (ou Cururupu) e sotaque da Baixada (ou Pindaré).

Os amos, poetas e cantadores são fazedores de cultura do meio popular e têm como função liderar e embalar os grupos de bumba meu boi com as toadas ou músicas.

A realização do projeto permitirá o contato constante da população com a obra artística a céu aberto que, por meio do graffiti, registra a memória ao bumba meu boi para além das festas juninas, quando as manifestações folclóricas celebram São João, São Pedro e São Marçal

Um dos objetivos é democratizar o acesso ao processo da obra e às histórias dos personagens que compõem o patrimônio, a partir do registro de todo o processo em um documentário, que será disponibilizado nas plataformas digitais de audiovisual.

O ARTISTA GIL LEROS

Gilmartim Meneses da Silva, mais conhecido no meio artístico como Gil Leros, nasceu em Tucuruí (1985), no Pará, e mudou-se para São Luís aos 13 anos. No fim dos anos 90, teve contato com a cultura Hip Hop local, passando à prática do graffiti nos muros da cidade, dando início ao aprimoramento das suas técnicas de pintura e comunicação visual, por meio de atividades voltadas à arte de rua.

Na juventude, estudou Arquitetura e Urbanismo, o que agregou uma nova visão de urbanismo, e enveredou seus trabalhos também para as intervenções urbanas e o uso da arte na valorização dos volumes arquitetônicos e na requalificação urbana. Ao longo do tempo, estendeu suas habilidades artísticas a outras áreas, sempre envolvendo sua identidade plástica a vertentes como arquitetura, música, fotografia e movimentos culturais da cidade.

O artista possui projetos em andamento, como o “Mural Natural”, “Amo, Poeta e Cantador”, e “Mete o amor, forte!”, com técnica e produção artística singulares, o que o leva a ser um singular personagem no que diz respeito à estética e à representação de sua cidade. Carrega consigo uma identidade urbana inconfundível e repleta de possibilidades, unindo a trajetória pessoal, o saber fazer do graffiti e as manifestações culturais do Maranhão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.