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Dom Helder Câmara: uma aplicação do elogio da caridade

“Se eu aprender inglês, francês, espanhol, alemão e dezenas de outros idiomas, mas não souber me comunicar como pessoa e viver distante dos problemas do mundo e não emprestar minha voz aos fracos e injustiçados, de nada valem as minhas palavras …

Se eu morar numa cidade grande, mas desconhecer os problemas das pessoas que nela vivem, e fugir para as férias no Sul e até para América e a Europa, e nada fizer pela promoção do homem, não sou cristão…

Se eu tiver a melhor casa da minha rua, e o melhor carro e não souber que muita gente jamais terá um lar, e vai sempre andar a pé, não sei de nada…

Se eu ensinar no melhor colégio da cidade, e me esquecer das famílias que dormem embaixo de viadutos, e esqueci famílias que vivem nas favelas, sem escolas e sem condições mínimas de vida humana, não sou gente…

Se eu possuir a roupa mais avançada do momento, e o sapato da onda, mas não me lembrar de que sou responsável por aqueles que moram na minha cidade, e andam de pé no chão e se cobrem de sujo e de molambo, serei apenas uma sombra colorida…

Se eu passar o fim de semana em festas, boates, farras e programas, sem ver a fome e o desemprego, o analfabetismo, a doença e o desespero do povo que anda e sofre sem libertação, não sirvo para nada…

O cristão é lúcido.

O cristão não foge, nem desespera.

O cristão insiste na luta pela verdade.

O cristão não tolera a injustiça.

O cristão sabe que a única coisa que vai sobrar de tudo isto 

é a caridade, é o amor!”

Do livro “Meus queridos amigos. As crônicas de Dom Helder Câmara”. Recife: Editora CEPE, páginas 315 e 316.

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