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Livro relata experiências de rádio comunitária e emissora de alto-falante em São Luís

Começa a circular em formato digital a obra “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”, publicado pela EdUFMA (Editora da Universidade Federal do Maranhão). A obra é fruto de uma pesquisa realizada no bairro Anjo da Guarda, localizado na área Itaqui-Bacanga, região metropolitana de São Luís.

Durante quatro anos (2016 a 2020) os autores investigaram a formação e a evolução do bairro, concomitantes à criação de uma emissora de alto-falante denominada “Rádio Popular”, em 1988. Dez anos depois (1998) surgia a rádio comunitária Bacanga FM, a primeira outorgada pelo governo federal em São Luís, funcionando até hoje no dial 106,3 Mhz, no site http://www.radiobacangafm.com/ e nas transmissões ao vivo através do perfil https://www.facebook.com/radiobacangafm/

A obra tem autoria do jornalista e doutor em Comunicação (PUCRS) Ed Wilson Araújo; do radialista e mestrando em Comunicação Saylon Sousa (PPGCOM/UFMA) e dos graduados em Rádio e TV Rodrigo Anchieta, Rodrigo Mendonça e Robson Silva, todos formados na UFMA. Ed Wilson Araújo é um dos fundadores da Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias) no Maranhão e da Agência Tambor.

Robson Silva, Rodrigo Mendonça, Ed Wilson Araújo, Rodrigo
Anchieta e Saylon Sousa pesquisaram durante quatro anos

Com prefácio da pesquisadora do CNPq Ana Carolina Escosteguy (Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS), “Vozes do Anjo” é a primeira publicação relacionada ao grupo de pesquisa OMMAR (Observatório da Mídia no Maranhão), coordenado pelo pesquisador Carlos Agostinho Couto, que faz a revisão e apresentação da obra. O livro tem ainda o apoio fundamental do OBEEC (Observatório de Experiências Expandidas em Comunicação/UFMA).

A capa é da escritora Isis Rost e o projeto gráfico de Bruno Soares Ferreira, professor do Departamento de Comunicação da UFMA.

Rádios e mobilização

A área Itaqui-Bacanga é um dos mais expressivos conglomerados de bairros de São Luís, localizada entre o Porto do Itaqui e o principal campus da UFMA. A parte introdutória do livro “Vozes do Anjo” discorre sobre o surgimento do Anjo da Guarda nessa região marcada pela implantação dos chamados “grandes projetos” na década de 1980, como a Vale do Rio Doce e a multinacional Alumar, no âmbito da modernização conservadora no Maranhão.

Nesse contexto, o Anjo da Guarda chegou a ser pensado como bairro planejado – a “cidade industrial” – mas acabou emergindo a partir de várias ocupações de migrantes do continente e da própria ilha de São Luís. Um dos maiores deslocamentos populacionais para morar na região ocorreu após o incêndio das palafitas da comunidade Goiabal, em 1968.

A localização do Anjo da Guarda no epicentro do complexo portuário e industrial de São Luís é um dos elementos de análise do livro. “Somos vizinhos do poder do conhecimento, a UFMA, e da força do dinheiro concentrado nos negócios do Porto do Itaqui e nos arredores, mas a nossa região ainda é carente, tem pobreza e os impactos ambientais dos grandes projetos”, explicou o radialista Luís Augusto Nascimento.

Ele foi um dos primeiros entrevistados na pesquisa que deu origem ao livro porque participou tanto da “Rádio Popular” de alto-falante quanto da Bacanga FM. “A comunicação popular aqui no Anjo da Guarda constitui uma das formas que nós encontramos para lutar pela infraestrutura no começo do bairro, que não tinha, e principalmente pelo transporte coletivo porque as pessoas precisavam se deslocar para trabalhar”, explicou Nascimento.

Ao longo da pesquisa foram realizadas entrevistas com personagens emblemáticas que participaram tanto da emissora de alto-falante quanto da FM, alguns ativos até hoje, na Bacanga FM.

Ancorado em revisão bibliográfica (teoria) e trabalho de campo, “Vozes do Anjo” narra a formação do bairro vinculada à emergência de duas experiências radiofônicas entranhadas nos processos de organização e mobilização dos moradores do Anjo da Guarda.

Os capítulos discorrem sobre as origens da “Rádio Popular”, a transição para a Bacanga FM e a luta pela legalização da emissora no contexto da Lei de Radiodifusão Comunitária (9.612/98), do movimento pela democratização da comunicação no Brasil e da criação da Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias) no Maranhão.

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