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Dando nome aos bois

A escolha do bumba-meu-boi do Maranhão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade é uma conquista coletiva, cujo mérito principal deve ser atribuído aos milhares de brincantes, dos miolos aos amos, passando pelas mutucas, na diversificada teia de pessoas que fazem os festejos juninos do Maranhão.

Algumas interpretações tendenciosas visam atribuir o título a certas figuras políticas ou gestores públicos alçados à condição de patronos da escolha, como se o sucesso do bumba derivasse das velhas práticas clientelistas e fisiologistas tão presentes no Maranhão.

Esse título não é não é de Roseana Sarney nem de Katia Bogéa.

Embora as brincadeiras tenham padrinhos políticos, o boi está entranhado nas práticas culturais do Maranhão, sendo uma expressão popular que “acontece” pela tradição religiosa de prestar reverência a São João, São Pedro e São Marçal, independente dos governos.

Boieiro(a) brinca para vadiar e agradar os santos. A festa é sagrada e profana.

Vale ainda registrar que a o título é concedido pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Portanto, é fundamental reconhecer todo o trabalho da equipe técnica de assessoramento dos órgãos da Cultura e do Patrimônio Histórico, dos pesquisadores e pesquisadoras, gente que trabalhou arduamente na sistematização dos documentos e nos argumentos essenciais para apresentar à Unesco.

Muitos quererão faturar com esse reconhecimento, mas é preciso dar nome aos bois. O mérito é dos fazedores de cultura, do povo e das valiosas pessoas que trabalharam nos bastidores para essa importante conquista.

Imagem: Festa de São Marçal no bairro do João Paulo, capturada neste site

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