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Plano Diretor e Jesus Cristo na Câmara Municipal de São Luís

A Câmara dos Vereadores de São Luís é realmente um espaço democrático, onde todos os naipes políticos transitam com versatilidade.

Na sessão desta terça-feira, o vereador Honorato Fernandes (PT) foi à tribuna registrar que a Prefeitura de São Luís não compareceu a nenhum evento organizado pelo Legislativo Municipal sobre a revisão do plano diretor.

O parlamentar enfatizou que o poder executivo está ausente do debate sobre a legislação urbanística, alertando que as mudanças propostas pela própria Prefeitura vão provocar fortes impactos na cidade, como a drástica redução da zona rural, a flexibilização das áreas de dunas e tantos outros dispositivos relevantes para o funcionamento cotidiano da cidade.

Fernandes mencionou também a preocupação com as regiões de recarga de aquífero, fundamentais para o fôlego dos últimos rios vivos de São Luís e necessárias ao abastecimento de água na capital.

Honorato estranhou a ausência da Prefeitura nos debates sobre o plano diretor

No seu eixo central, o discurso do vereador petista cobrava a presença da Prefeitura junto à Câmara para dialogar, esclarecer e desvendar a proposta de revisão do plano diretor.

Após o discurso de Honorato Fernandes, instando a Prefeitura a se defender, eis que toma a palavra o vereador e líder do governo Pavão Filho (PDT).

Homem experimentado com muitos mandatos parlamentares, Pavão Filho tomou a palavra e ignorou solenemente os apelos do seu colega Honorato Fernandes.

Mas, sobre o que falou Pavão?!

Em vez de apresentar qualquer que fosse o argumento ou mesmo uma desculpa esfarrapada para justificar a ausência da Prefeitura nos debates sobre o plano diretor, Pavão Filho emoldurou um discurso para falar sobre Jesus Cristo, budismo, judaísmo e outras vertentes religiosas.

Com todo respeito à crença do vereador pedetista e à santidade de Jesus, mas a atitude dele diante do questionamento sobre algo tão importante como a revisão do plano diretor é uma grave falta de respeito não só ao seu colega Honorato Fernandes, mas à cidade como um todo e aos ouvintes que acompanham as sessões da Câmara Municipal transmitidas pela rádio Educadora AM 560 Khz.

A fala concreta do vereador Honorato fez referência às alterações que vão mexer na vida de 1 milhão de pessoas em São Luís, sejam elas da zona rural ou da área nobre.

E qual foi a resposta do líder do governo, Pavão Filho?

A indiferença(!), disfarçada em um discurso sobre as dádivas de Jesus Cristo fora do contexto do debate naquele momento da sessão.

Pavão falou muito bonito, mas esqueceu de invocar na sua retórica alguns testemunhos e princípios do cristão.

Jesus histórico, homem de carne e osso, com certeza estaria preocupado com a redução da zona rural de São Luís e o risco de colapso no abastecimento de água, caso o plano diretor seja aprovado de acordo com a proposta da Prefeitura.

O filho de Deus jamais se furtaria ao debate sobre a vida dos seus irmãos, principalmente da zona rural, onde as políticas públicas demoram a chegar.

Em síntese, a indiferença do líder do governo está no mesmo nível de desleixo da Prefeitura com a cidade. As próprias audiências públicas realizadas nos bairros para “debater” a proposta de revisão do plano diretor foram desprezíveis. Feitas para não funcionar nem informar a população sobre algo que vai mexer diretamente no espaço urbano e rural.

Na verdade, a gestão Edivaldo Holanda Junior (PDT) faz o papel de lobista dos interesses da especulação imobiliária para aniquilar a zona rural, asfixiar a cidade e transformar São Luís em cidade portuária e industrial.

Fora dessa lógica, toda a cidade está ignorada pela Prefeitura. Os terminais da integração correm o risco de desabar e as operações tapa-buracos não conseguem sequer entupir as crateras com entulho, para ficar apenas nesses dois exemplos.

Enquanto isso, a Prefeitura não tem sequer a gentileza de comparecer a uma audiência na Câmara Municipal para tratar de um tema da mais alta importância sobre a vida dos moradores de São Luís – a legislação urbanística.

Como diria o finado radialista Jairzinho da Silva, o discurso de Pavão Filho sobre Jesus “foi só migué”.

Imagens: Pavão Filho e Honorato Fernandes retirada deste site.

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