Eduardo Braide elabora o conceito de político equilibrado, maduro, confiante, supostamente mais preparado para administrar a cidade, atribuindo serenidade à sua pessoa. Duarte Junior carrega os hormônios da juventude, corre nas caminhadas de rua, ergue o braço musculoso para demonstrar força, agilidade e eficácia como gestor resolutivo
Os fatos novos na campanha para a Prefeitura de São Luís trouxeram à tona ataques e contrataques entre Duarte Junior (Republicanos) e Eduardo Braide (Podemos) na propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Bater e apanhar faz parte do jogo. Depois, as forças políticas se reacomodam, vêm os pedidos de desculpas e tudo fica normal.
Mas, agora, o momento é da disputa sem trégua e os efeitos da batalha mais acirrada podem inclusive levar o eleitor a mudar o voto.
Duarte Junior partiu para a ofensiva tentando desconstruir a gestão de Eduardo Braide na Caema (Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão) e insiste na tese de que o candidato do Podemos é investigado por corrupção.
A reação do adversário veio em tom forte, expondo áudios e personagens que depõem contra a conduta até então sem ranhuras graves sobre a vida e os atos do gestor Duarte Junior, acusado de proferir expressões misóginas e homofóbicas, além de bater em pessoa idosa.
Na propaganda eletrônica Eduardo Braide vinha mantendo a postura convencional de qualquer líder nas pesquisas – apresentar propostas e não polemizar.
O republicano, por sua vez, partiu para a ofensiva.
Em síntese, os últimos dias do segundo turno ganham os contornos típicos de uma novela, com três ingredientes fundamentais: dinheiro, poder, intrigas e traições.
A trama entre os oponentes apresenta os seguintes perfis:
19 Eduardo Braide constrói um conceito de político equilibrado, maduro, supostamente mais preparado para administrar a cidade. Ele visa formatar a imagem de serenidade, postulado da confiança no público, tentando, com isso, estabelecer vôo próprio e amenizar o fato de ser filho de um político tradicional, o ex-presidente da Assembleia Legislativa (Carlos Braide), patrono da herança eleitoral da família. O bordão “Eu sou Braide. Estou pronto” traduz isso.
10 Duarte Junior demonstra carregar os hormônios da juventude. É afoito, corre nas caminhadas de rua, sacode o braço musculoso para demonstrar força e eficácia como gestor do Procon e do Viva Cidadão. Busca ainda estabelecer diferença em relação ao filhotismo político do seu antagonista e produz a narrativa de que venceu na vida com esforço e trabalho próprios. Assim, ele sistematiza dois bordões: “Filho do povo, igual a você” e “Bora resolver”
As imagens de estúdio e da campanha de rua, importadas para as telas da televisão e dos dispositivos móveis, reforçam os conceitos dos candidatos junto ao eleitorado para obter reconhecimento, afinidade e construir laços de racionalidade e/ou afetivos na hora de votar.
Na novela, onde amor e ódio pulsam com vigor, pode ser que Duarte Junior leve vantagem. Ele é um ator mais preparado, sabe incorporar o drama que vai motivar o eleitor. Eduardo Braide, por sua vez, foca mais no aspecto racional.
Eleição é paixão e a campanha na reta final está inundada por um turbilhão de mensagens publicitárias, informações e desinformações, numa avalanche de conteúdo que confunde cada vez mais a maioria do eleitorado não militante na política partidária.
Eis a síntese. Os sucessivos ataques de ambos os lados estão provocando uma certa margem de dúvida no eleitorado. E só o debate cara a cara na TV vai proporcionar um nível de esclarecimento suficiente para o público tomar a decisão final.