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Militância evangélica analógica não abandona o velho panfleto

Um homem entrou no coletivo silenciosamente e começou a distribuir o folheto da imagem acima. Discreto, com uma disciplina “militar”, ele entregou o papel a cada um dos passageiros e esperou pacientemente a reação.

Quando passou por mim, perguntei para qual igreja ele trabalhava.

– Universal!

O panfleto contém um espaço em branco onde as pessoas fazem pedidos para serem colocados nas orações.

Um casal sentado no banco à minha frente pediu uma caneta emprestada para preencher o panfleto.

Quando eu desci do ônibus no Centro de São Luís e caminhava pela rua do Sol, fui abordado mais duas vezes, em diferentes lugares da via, por senhoras evangélicas da Assembleia de Deus distribuindo folhetos, uma delas idosa.

Enquanto a maioria das organizações do campo democrático-popular abandona os meios de comunicação analógicos, considerando-os ultrapassados, as igrejas evangélicas seguem firme no trabalho de corpo a corpo utilizando os velhos folhetos e panfletos.

A nossa apologia ao digital parece desconhecer que uma estratégia de comunicação passa necessariamente pela combinação de meios analógicos, trabalho disciplinado de campo (corpo a corpo) e uso das ferramentas tecnológicas sofisticadas.

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Qual a(o) vice ideal na chapa de Lula em 2022?

Depois da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulando todos os processos da Lava Jato que condenaram o ex-presidente Lula (PT), um novo cenário eleitoral está posto para 2020.

Elegível, Lula pode ser candidato a presidente ou cabo eleitoral de luxo de algum petista, como Fernando Haddad, além de outro nome a definir pelo partido.

Concretamente, o PT terá candidatura própria e resta saber qual será a(o) candidata(o) a vice-presidente. Assim, a palavra final será de Lula, sendo ele candidato ou não.

Diante das lições do passado e da conjuntura atual, alguns critérios para a definição da chapa devem ser colocados na balança:

1 – critério político-partidário: Lula deve buscar um(a) vice fora do campo democrático-popular; ou seja, tende a dialogar com as forças do centro-direita onde precisa ampliar as bases e o eleitorado, visto que já terá a fidelidade do setor progressista no eventual segundo turno polarizado contra a extrema direita;

2 – perfil da candidatura: o PT precisa de um(a) companheiro(a) de chapa da direita liberal para acalmar o mercado, garimpando aliança com um nome do Centrão menos degenerado, algo como uma nova edição de José Alencar;

3 – sinalização para o mercado: os critérios anteriores são imprescindíveis para uma declaração de paz ao mercado, de tal forma que o nome, o partido e o perfil sejam degustados pela elite econômica internacional que controla as instâncias de poder;

4 – aspecto geográfico: o(a) vice precisa ser as regiões Sudeste, Sul ou Centro-Oeste, onde o campo democrático-popular tem mais rejeição, visto que o Nordeste já é um território onde o petismo e o lulismo navegam com certa facilidade;

5 – gênero e religião: Lula sempre foi atento às questões de gênero, tanto que escolheu Dilma Roussef para sucedê-lo, devendo ficar atendo novamente a uma candidatura a vice feminina, no estilo da senadora Katia Abreu, vinculada ao agronegócio na região Centro-Oeste;

6 – religiosidade: a onda conservadora cresceu no eleitorado e tem papel fundamental nas decisões, a tal ponto que um nome originário do segmento evangélico possa ser colocado na balança para compor a chapa em 2022;

7 – densidade eleitoral: embora colocado em último lugar na lista dos critérios, “ter voto” é tudo em uma eleição, sendo um aspecto somatório de todos os anteriores mas sempre transversal na definição do nome, em qualquer cenário;

Os critérios listados são pensados na fotografia do cenário atual, mas podem ser modificados na dinâmica da conjuntura, sempre vulnerável aos fatos novos e aos movimentos internos e externos das forças políticas, econômicas e culturais em trânsito no espaço público.