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CPT lança publicação com estatísticas sobre violência no campo

Uma das publicações mais importantes sobre os impactos predatórios do agronegócio, da grilagem e da mineração no Brasil foi lançada nesta segunda-feira, durante o V Congresso da CPT (Comissão Pastoral da Terra), em São Luís.

O “Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro” (acesse aqui) é um documento inédito contendo a radiografia do campo no Brasil por meio da análise de 39 anos de conflitos registrados pela CPT.

Os dados revelam novamente o Maranhão e o Pará liderando o ranking da violência. A publicação é considerada um armazém de informações de grande utilidade para pesquisadores, jornalistas e agentes de pastoral atuantes nas áreas de conflito.

O V Congresso da CPT acontece até sexta-feira, no Iema (antigo Colégio Maristas), com várias atividades de formação política, espiritualidade e mobilização.

A programação de terça-feira (22) terá celebração eucarística e análise de conjuntura com palestras de Moema de Miranda, secretária da Rede Igrejas e Mineração; Jean Marc Von Der Weid, fundador da organização não governamental Agricultura Familiar e Agroecologia (Asta); e Alessandra Munduruku, liderança originária e coordenadora da Associação Indígena Pariri – Médio Tapajós (PA).

À tarde os participantes vão participar de trabalhos de grupo sobre as vivências nas lutas dos povos em enfrentamento ao latifúndio e à exploração e expropriação pelo capital no campo. A programação terá ainda a Plenária das Juventudes (à noite).

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Documentário sobre médico desaparecido na ditadura será exibido em São Luís

Filme será apresentado no dia 23 de julho, às 19h, no Cine Sesc Deodoro, com entrada gratuita e presença do diretor Edson Cabral

Nesta quarta-feira, o Cine Sesc Deodoro recebe a exibição do documentário Doutor Araguaia, uma produção independente que lança luz sobre a trajetória do médico João Carlos Haas Sobrinho, desaparecido na Guerrilha do Araguaia durante a ditadura militar brasileira. A entrada é gratuita e os ingressos estão disponíveis pela plataforma Sympla.

Com direção de Edson Cabral e roteiro de Sônia Haas, irmã do protagonista, o longa de 90 minutos é mais que um registro histórico: é um tributo emocionante àqueles que deram a vida na luta por democracia e justiça social. O filme traz cinco músicas inéditas, diversas entrevistas e uma narrativa sensível construída a partir de depoimentos de ex-guerrilheiros, camponeses, familiares e estudiosos.

O médico

João Carlos Haas Sobrinho nasceu em São Leopoldo (RS), formou-se em Medicina pela UFRGS e, no fim dos anos 1960, decidiu atuar como médico voluntário nas regiões de Porto Franco (MA) e Xambioá (TO), oferecendo atendimento gratuito à população rural. Movido pelo compromisso com as causas populares, aderiu ao PCdoB e se uniu às Forças Guerrilheiras do Araguaia. Tornou-se querido pelos camponeses, mas passou a ser perseguido pelo regime militar. Foi assassinado pelo Exército em setembro de 1972, e seus restos mortais jamais foram devolvidos à família.

Documentário percorre o Brasil

Desde o fim de 2024, Doutor Araguaia percorre o país em pré-lançamentos que já passaram por São Leopoldo, Porto Alegre, Porto Franco, Imperatriz, Araguaína, Palmas, Brasília, Salvador, Recife, Natal, Cachoeira, Goiânia e outras cidades. A recepção tem sido marcada por emoção, memória e resistência. O filme foi selecionado para o Lisbiff 2025 – Lisboa Indie Film Festival, destacando-se no circuito internacional de cinema independente.

O projeto foi viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo (LC 195/2022), por meio de edital do Governo do Tocantins, e contou com o apoio das prefeituras de São Leopoldo (RS) e Porto Franco (MA), além do respaldo institucional da Fundação Maurício Grabois (FMG). As produtoras envolvidas são a TG Economia Criativa e a MZN Filmes.

Ao final da exibição em São Luís, o diretor Edson Cabral estará presente para um bate-papo com o público.

Garanta seu ingresso aqui

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Nova edição do Atlas da Notícia tem colaboração de pesquisadores da Intercom

Portal Intercom – O Brasil teve uma redução dos desertos de notícias, impulsionada pelo crescimento do segmento online. Isso é o que os dados coletados pelo Atlas da Notícia entre outubro de 2024 e junho de 2025 apontaram na sétima edição do levantamento nacional. O estudo contou com a colaboração de pesquisadores(as) da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), parceira do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) e do projeto Atlas da Notícia.

Conforme o presidente do Projor e coordenador nacional do projeto Atlas da Notícia, Sérgio Lüdkte, essa leitura era uma tendência já percebida em edições anteriores. “Na última edição percebemos que o número de veículos online tinha passado o número de outras mídias e que foi responsável por fazer uma virada, em que percebemos, pela primeira vez, que o número de deserto de notícias estava inferior ao número de municípios”, detalhou o coordenador em live especial sobre o projeto, promovida pela Intercom.

Conforme dados coletados, nos últimos dois anos, o Atlas registrou uma redução de 7,7% no número de desertos de notícias no Brasil. Nesse período, 251 municípios deixaram de ser desertos de notícias, mas 43 ingressaram nessa condição. No final das contas, mais 208 municípios brasileiros passaram a contar com ao menos um veículo de comunicação local servindo a sua população.

Ainda segundo as informações coletadas pelos(as) pesquisadores(as) durante o projeto, o segmento digital é diretamente responsável por essa expansão. O número de iniciativas online operando no Brasil cresceu de 5.245 para 5.712, um aumento de 8,9% em relação ao último levantamento, divulgado há dois anos. Esse incremento de 467 veículos é quase três vezes o saldo somado de novas emissoras de rádio e TV registradas pelo censo deste ano.

Através da pesquisa realizada, o projeto pode identificar ainda outras características atuais que compõem o espaço dos veículos de imprensa no país como a expansão de veículos por segmento; a quantidade de municípios por categoria ao longo do tempo (desertos de notícias, quase desertos e não desertos); a variação na quantidade de veículos jornalísticos entre 2023 e 2025, por região; preocupações com o fechamento de veículos por segmento;e presença do jornalismo local.

O resultado completo do Atlas da Notícia 2025 pode ser acessado no site oficial do projeto. Nele, também é possível encontrar análises feitas pelos(as) pesquisadores(as) por região, com base nas informações mais recentes coletadas em campo.

A pesquisa foi conduzida por cinco pesquisadores(as): Jéssica Botelho (Norte), Angela Werdemberg (Centro-oeste), Mariama Correia (Nordeste), Dubes Sônego (Sudeste) e Marcelo Crispim da Fontoura (Sul).  O censo contou com a participação voluntária de 232 pessoas de 83 instituições parceiras.

“O Atlas é um projeto colaborativo, por isso, precisamos muito de voluntários(as) e pesquisadores(as) que se associam para nos auxiliar nesse mapeamento. Buscamos universidades que possam contribuir com trabalho de pesquisa e estudantes e abrimos temporadas de coleta, além de revisar e incorporar nossa base de veículos”, reitera Sérgio.

Para colaborar com a coleta, há um formulário disponível no site para inclusão de dados de veículos de imprensa. Neste momento, integrantes do projeto seguem revisando os dados da edição de 2025 e em breve o formulário de voluntários(as) será reaberto. É importante ficar sempre atento ao site do projeto.

Conforme o Projor, pesquisadores(as) e demais usuários(as) dispõem de uma API (Interface de Programação de Aplicações) que dá acesso a todos os dados da base. E desde a última edição, acadêmicos, pesquisadores(as) e jornalistas têm acesso exclusivo a uma plataforma que possibilita o cruzamento das informações do Atlas com diversas outras bases de dados públicos.

A diretora de documentação da Intercom, Ivanise Hilbig de Andrade (UFBA), reitera a relevância e ampla utilização dos dados coletados pelo Atlas na produção de estudos acadêmicos. “São informações que estão presentes em muitas teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos, pesquisas de iniciação científica e trabalhos de conclusão de cursos que são apresentados em nossos Congressos e até premiados nos eventos. A Intercom considera este mapeamento do Atlas uma contribuição muito importante para o campo de estudos do jornalismo, especialmente deste recorte do jornalismo local, entendendo a relevância de pensar a produção de notícias locais e regionais, diante do cenário de plataformização em que a tendência é de consumo de notícias mais abrangentes”, afirma.

A live completa promovida pela Intercom sobre a sétima edição do Atlas da Notícia pode ser conferida aqui.

O Atlas da Notícia 2025 é realizado com financiamento do Google e tem apoio institucional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), da Associação Brasileira de Ensino em Jornalismo (ABEJ) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).

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Rosental Alves será conferencista do 48º Congresso Nacional da Intercom

Portal Intercom – Em 2025, o 48º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação terá como tema “(Re)Pensar a Comunicação como campo de conhecimento, formação e prática profissional”. A temática fomenta o debate sobre a comunicação, seja na área da pesquisa, do ensino, da extensão ou do mercado de trabalho, especialmente em um mundo que está cada vez mais interligado com a área.

Pensando nessa relação tão ampla, a Conferência de abertura do Congresso Nacional, que acontece no dia 03 de setembro no Sesc Glória, abordará a temática com a presença do conferencista convidado, o jornalista e professor, Rosental Calmon Alves (University of  Texas, Austin). A mediação será realizada pelo ex-presidente da Intercom, professor Antonio Hohlfeldt (UFRGS/Intercom).

As discussões sobre o tema central do Congresso Nacional deste ano são citadas por Rosental como necessárias e amplas. Para entender mais sobre a perspectiva e apresentar um pouco do que vai ser discutido em setembro na Faesa, a Intercom conversou com o professor da Universidade do Texas.

Acesse o Portal Intercom e leia a entrevista

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Congresso Nacional da CPT será em São Luís

Evento reunirá mais de mil participantes, entre lideranças, agentes pastorais e camponeses e camponesas de todo o Brasil para celebrar os 50 anos da Comissão Pastoral da Terra (Comissão Pastoral da Terra)

Com o tema “CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia” e o lema “Romper Cercas e Tecer Teias: A Terra a Deus Pertence! (cf. Lv 25)”, agentes pastorais, povos, comunidades e trabalhadores do campo, das águas e das florestas de todo o país vão se encontrar em São Luís, no V Congresso Nacional da CPT.

Veja a seguir a programação:

21/07 (segunda-feira) – Na manhã do primeiro dia (21), a Celebração de Abertura contará com as falas de Dom José Ionilton Lisboa, presidente da CPT e bispo da Prelazia do Marajó; e de Dom Gilberto Pastana, Arcebispo de São Luís.

A programação da tarde continua com a mesa “O chão da realidade dos povos e comunidades que a CPT atua”, integrada por lideranças camponesas em sua diversidade, com representantes dos povos do campo e das águas.

Ainda na tarde do primeiro dia, haverá o lançamento e apresentação do “Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro”, documento inédito que traz uma radiografia do campo no Brasil por meio da análise de 39 anos de conflitos registrados pela CPT. A programação do dia com a Celebração da Espiritualidade Ancestral.

22/07 (terça-feira) – O segundo dia de Congresso inicia com a Celebração Eucarística, seguido de análise de conjuntura, com a participação de Moema de Miranda, secretária da Rede Igrejas e Mineração; Jean Marc Von Der Weid, fundador da organização não governamental Agricultura Familiar e Agroecologia (ASTA); e Alessandra Munduruku, liderança originária e coordenadora da Associação Indígena Pariri – Médio Tapajós (PA).

Pela tarde, com participantes distribuídos entre pequenas tendas, cada espaço terá a apresentação e discussão das experiências de “Romper Cercas”, vivenciadas nas lutas dos povos em enfrentamento ao latifúndio e à exploração e expropriação pelo capital no campo. Ainda no segundo dia, durante a noite, haverá a Plenária das Juventudes.

23/07 (quarta-feira) – A manhã do terceiro dia se concentra nas apresentações das sínteses das discussões feitas nas pequenas tendas, no eixo “Romper Cercas”. Após as provocações da assessoria, terá início a Fila do Povo. Pela tarde, as pequenas tendas apresentam e discutem as experiências de “Tecer Teias”.

À noite, o terceiro dia encerra com a Romaria e Celebração dos Mártires e dos Defensores e Defensoras da Vida, momento que será aberto ao público e iniciará às 19h30, na Praça Deodoro. A romaria celebrará a memória daqueles e daquelas que tombaram pelas causas dos povos do campo, das histórias e testemunhos de vidas dedicadas, até o fim, à concretização do sonho da Terra Sem Males.

24/07 (quinta-feira) – A manhã do quarto dia se concentra nas apresentações das sínteses das discussões feitas nas pequenas tendas, no eixo “Tecer Teias”. À tarde, com base nas conclusões das Tendas e Plenárias, serão discutidas as linhas de ação da CPT junto aos povos do campo, das águas e das florestas. A tarde finaliza com o momento de avaliação do V Congresso e a noite haverá a Festa das Comunidades.

25/07 (sexta-feira) – O quinto e último dia se concentra na apresentação das Linhas de Ação e na leitura da proposta de Carta Final do V Congresso Nacional da CPT. O V Congresso encerra com a Celebração de Envio.

CPT 50 Anos – Presença, Resistência e Profecia

O evento irá refletir sobre a presença da CPT ao lado dos povos e comunidades tradicionais do país, colaborando com instrumentos para o fortalecimento do seu protagonismo.

O V Congresso Nacional da CPT sistematiza também a resistência insurgente dos povos diante das violências empreendidas pelos capitalistas do campo, levantando um grito de profecia, com a denúncia das injustiças e o anúncio do bem viver nas comunidades. A CPT propõe, também, refletir sobre as cercas, velhas e novas, a serem rompidas, e sobre as teias de resistências e possibilidades a serem tecidas coletivamente, rumo à Terra Sem Males.

SERVIÇO

V Congresso Nacional: CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia

Data: 21 a 25 de julho de 2025

Local: São Luís – Maranhão

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FPA lança nota em defesa do Brasil e do povo brasileiro

A Fundação Perseu Abramo se soma aos milhões de brasileiras e brasileiros em repudio à ingerência de Donald Trump contra o Brasil. O ataque a nossa soberania e a nossa democracia, contra a atuação do Supremo Tribunal Federal Brasileiro e contra a economia revela a visão imperial é fruto de uma visão imperial adotada pelo atual ocupante da Casa Branca. 

A soberania nacional é inegociável: esta é a posição do governo brasileiro e do bravo povo brasileiro. 

Repudiamos também a forma desavergonhada em que agentes públicos vem se expressando nas mídias, agindo como é das suas naturezas a vassalagem e a submissão aos interesses estrangeiros. 

O que está em jogo é a respeitabilidade adquirida pelo Brasil no concerto das nações. A supremacia do interesse público acima das disputas conjunturais, e a caracterização cristalina de que o Brasil é dos brasileiros, não cabendo a nenhuma potência estrangeira determinar o destino da nossa pátria. 

Por isso nos solidarizamos com nota pública do Presidente Lula e sua firme decisão de não se curvar aos arreganhos autoritários. 

Ao curvar-se aos interesses de uma potência estrangeira, mesmo quando ela aumenta e prejudica sua própria base social a extrema direita mostra a sua cara. Nunca foram patriotas e para eles jamais o Brasil esteve acima de tudo e de todos. 

Portanto, juntamente com o Partido dos Trabalhadores conclamamos aos militantes, simpatizantes e amigos que engrossem as manifestações convocadas pelo movimento social contra o fim da escala 6X1, a tributação dos bilionários e a defesa do Brasil. 

Seguiremos firmes na luta contra a desigualdade social, pelo fim da escala de trabalho escorchante e por mais justiça tributária. 

Viva o Brasil! 

Diretoria Executiva da Fundação Perseu Abramo 

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Travessia para Alcântara: Capitania dos Portos fará vistoria na lancha Bahia Star, após panes no motor

São cada vez mais constantes os relatos e as denúncias sobre a má qualidade do transporte marítimo que faz a travessia para Alcântara, cidade histórica localizada no litoral do Maranhão.

O episódio de perigo mais recente ocorreu sexta-feira, 11 de julho, pela manhã, quando a lancha Bahia Star teve pane mecânica no trecho da baía de São Marcos.

Depois de várias manobras e tentativas de conserto, a lancha conseguiu chegar até a Ilha do Livramento, nas proximidades de Alcântara, onde o motor pifou novamente e a embarcação não pode atracar no porto da cidade.

Após as panes do dia 11 de julho na Bahia Star, o desembarque em Alcântara ocorreu em pequenas embarções artesanais

O desembarque ocorreu de forma “remota”, ou seja, com o auxílio de pequenas embarcações artesanais (canoas e bianas) que se deslocaram até a lancha e transportaram os passageiros para o cais de Alcântara.

FISCALIZAÇÃO

A reportagem ouviu a Capitania dos Portos sobre o episódio. Segundo o 1º Tenente da Marinha do Brasil, De Lavor, Chefe do Departamento de Segurança do Tráfego Aquaviário, a embarcação Bahia Star será periciada nesta quarta-feira (16 de julho) por uma equipe de inspetores navais. Serão verificadas a documentação, os livros de registro das viagens, a praça das máquinas, os motores principal e auxiliares, além da estrutura elétrica e hidráulica. “Será uma inspeção minuciosa. A partir dessa vistoria, se constatadas irregularidades graves, a embarcação poderá ser suspensa de navegação e terá um prazo para corrigir eventuais avarias”, acentuou De Lavor.

Além da Bahia Star, mais duas embarcações prestam o serviço: os iates Barraqueiro e Cidade de Alcântara. A travessia pode ser feita ainda em catamarãs.

Embora o tempo de navegação entre a capital do Maranhão (São Luís) e Alcântara seja relativamente pequeno (1 hora e 20 minutos), as embarcações atravessam o temeroso Canal do Boqueirão, trecho de maresia forte e uma referência de perigo até para os navegadores mais experientes.

As três embarcações servem os moradores e visitantes brasileiros e estrangeiros que diariamente fazem a travessia para Alcântara, território étnico de alto potencial turístico pelas características quilombola e arquitetônica. As ruínas dos casarões, sobrados e palácios, remanescentes do século XVIII, proporcionam a fruição de um museu a céu aberto na área urbana do município.

Em 1983, a Aeronáutica ocupou mais da metade da área do município (52 mil hectares) para instalar o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), uma plataforma de lançamento de foguetes com o objetivo de colocar satélites na órbita da Terra.

Mesmo com todas essas características, a cidade ainda carece de embarcações mais confortáveis e eficientes. Fica aqui o alerta também para a fiscalização da lancha e dos iates, de responsabilidade da Capitania dos Portos (Marinha do Brasil).

ACIDENTES E MORTES

Em dezembro de 1998, um incêndio na lancha “Bate Vento”, que transportava 107 pessoas, resultou em três mortes e vários feridos. A tragédia só não foi maior porque a lancha ainda estava nas proximidades de Alcântara, facilitando o socorro.

em 2015, o catamarã Carcará naufragou nas proximidades do Espigão da Ponta d’Areia, em São Luís. A embarcação já havia sido denunciada aqui no Blogue do Ed Wilson, quando fez uma viagem de alto risco.

Apesar da denúncia, o Carcará continuou navegando sem manutenção, até que naufragou, em novembro de 2015, nas proximidades do Espigão, na praia Ponta d’Areia.

Por sorte dos passageiros e tripulantes, o naufrágio ocorreu perto da costa, facilitando o socorro. Não houve óbitos.

Naufrágio foi notícia nos principais meios de comunicação do Maranhão (print do G1)

Embora o naufrágio tenha ocorrido em um catamarã, fica aqui o alerta para a Capitania dos Portos e para as empresas proprietárias da lancha Bahia Star e dos iates Barraqueiros e Cidade de Alcântara no sentido de melhorar a fiscalização e a manutenção das embarcações, respectivamente.

Alcantarenses e turistas merecem transporte de qualidade.

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Alunos da Uema lançam manual sobre descarte correto de medicamentos

Alunos da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) lançaram o Manual sobre Descarte de Medicamentos Vencidos ou em Desuso, voltado a orientar a população sobre os riscos ambientais e à saúde pública provocados pelo descarte inadequado desses resíduos.

O material é resultado do projeto de extensão “Atividades Educativas sobre Descarte Correto de Medicamentos e seus Impactos Ambientais”, desenvolvido por estudantes com apoio do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (Pibex), vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proexae). As ações ocorrem desde novembro de 2023 e seguem até agosto de 2025, sob coordenação da professora Nádja Furtado Bessa dos Santos.

O manual foi pensado para ser uma ferramenta prática e acessível, com orientações claras sobre como fazer o descarte consciente de medicamentos vencidos ou em desuso. A publicação reforça a importância da responsabilidade coletiva na preservação do meio ambiente e está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como saúde, educação de qualidade e consumo responsável.

O conteúdo está disponível gratuitamente no site da Editora da Uema. Clique aqui para ter acesso (https://www.editorauema.uema.br/index.php/omp/catalog/book/376)

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A solidão no poder: Lula contra todos os partidos

Paulo Baía

O Brasil político de agora é uma máquina de fingimentos. Lula, no centro da engrenagem, governa com ministros que representam partidos que, na prática, não o apoiam. Ocupam espaços no Executivo, circulam com a liturgia do poder, mas no Congresso Nacional agem como sabotadores discretos. A base que o sustenta é a mesma que o solapa. A coalizão formal não passa de um corpo sem nervos, sem alma, sem fidelidade. É uma dança sem música entre o presidente e forças que não querem dançar, só arrancar concessões.

Essa encenação diz muito mais do que parece. Trata-se de uma forma de dominação que opera por dentro da institucionalidade, esvaziando-a de sentido. O presidencialismo de coalizão, antes pragmático, tornou-se um jogo de sequestro e resgate. O governante se vê obrigado a pagar resgates diários para manter o governo refém de pé. Ministérios são entregues como moeda de troca, mas não há entrega política em contrapartida. Há apenas o parasitismo elegante de quem finge governabilidade para manter as aparências enquanto o poder real escorre por entre os dedos.

Lula, nesse cenário, emerge como uma figura trágica: o político mais experimentado do país, com um vínculo afetivo profundo com os setores mais pobres da população, mas isolado no comando de um governo que é dele e não é. Um presidente que fala para o povo, mas é silenciado por um Parlamento que fala apenas para si. Ele carrega um mandato que lhe foi dado pelo voto, mas está cercado por forças que desconfiam do voto como expressão legítima da soberania popular. O Congresso atual é um espelho invertido da vontade coletiva: projeta um país que não existe e combate o país que existe.

Essa forma de operar o poder é mais do que cálculo. É uma cultura, uma prática social arraigada, uma antropologia do cinismo. Os partidos se tornaram agremiações negociantes, onde o conteúdo ideológico foi dissolvido na ambição por espaços. Não há aliança possível com projetos que desejam o colapso silencioso do próprio governo que integram. A política virou um mercado onde se vende estabilidade a preços exorbitantes e se entrega sabotagem com recibo institucional. A traição é sistemática, mas cuidadosamente protocolada.

O que torna essa situação ainda mais brutal é o fato de que não há exceções. Nenhum partido com representação no Congresso Nacional atua hoje com coerência em defesa do governo que ajudou a compor. Os que indicaram ministros estão mais interessados em benefícios orçamentários do que em apoiar efetivamente um programa de governo. Os que se dizem de centro apenas calculam seus ganhos em silêncio. E os que integram o Executivo se tornaram operadores do seu próprio projeto, divorciado da Presidência. Nenhum partido, de fato, se compromete com a travessia política de Lula. Todos, de maneira direta ou omissa, colaboram para a erosão de sua autoridade.

A resposta possível a esse estado de coisas seria a ruptura com o pacto podre. Não no sentido antidemocrático da ruptura institucional, mas na dimensão simbólica de abandonar a hipocrisia. Convocar o povo, não para protestos desesperados, mas para a construção de uma nova linguagem política. Uma linguagem que não aceite mais a conciliação como destino, mas que reivindique o conflito como terreno legítimo da transformação. Isso exigiria um gesto raro: renunciar à zona de conforto do governismo e encarar de frente a realidade brutal do país que se nega a mudar.

Há um poder novo que só emerge quando tudo parece perdido: o poder de quem não deve nada ao cinismo. Um presidente cercado por inimigos elegantes, que vestem a institucionalidade como disfarce, pode descobrir nesse cerco uma liberdade radical. A liberdade de nomear as coisas como são. A coragem de dizer ao povo que o governo está cercado por aqueles que se beneficiam do fracasso do país. Não se trata de heroísmo, mas de lucidez. A lucidez de quem compreende que a governabilidade que hoje se oferece ao Brasil é um pacto de mediocridade.

A corrosão da democracia brasileira não se dá apenas pelo autoritarismo explícito, mas pela captura do processo democrático por interesses privados. O Congresso se converteu numa federação de negócios, impermeável à dor social, alheio ao povo e devotado apenas à manutenção de seus próprios privilégios. Suas decisões raramente ecoam as urgências do país. É um poder que fala uma língua que ninguém mais entende, porque já não fala com ninguém.

Romper esse ciclo exige mais que força. Exige beleza, forma, narrativa. É preciso reencantar a política com um discurso que não tema a frontalidade. O Brasil precisa ouvir, com clareza, que está sendo governado contra si. E que há, sim, uma saída: não pelos atalhos do autoritarismo, mas pela reinvenção do poder como espaço de verdade. A verdade, nesse caso, é cruel, mas libertadora: o presidente está só. E justamente por isso pode ser mais livre do que nunca. Porque nada mais o prende aos ritos de uma aliança que nunca existiu.

O país está diante de um espelho. De um lado, a imagem oficial da institucionalidade, feita de siglas ocas e discursos calculados. Do outro, o reflexo cruel de um governo que tenta sobreviver num ambiente que o quer sangrar até o fim. Lula ainda é o único elo entre o povo real e a política possível. Mas esse elo está sendo testado, esticado até o limite. A história não perdoa aqueles que fingem que tudo está bem quando o mundo desmorona. Talvez tenha chegado a hora de não fingir mais. A solidão do poder pode ser, também, o início de sua purificação. E essa solidão, hoje, é absoluta: Lula está só diante de todos os partidos. E diante da história.

* Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ

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Trump, o valentão medíocre

Texto de César Benjamim, Editor da Contraponto, publicado em 22 de junho de 2025

Às vezes o presidente dos Estados Unidos parece um cowboy em um saloon, lançando imprecações, de armas na mão, num ambiente enfumaçado. Às vezes parece um bêbado valentão que gosta de provocar brigas na rua. Às vezes parece um sinhozinho dando ordens à criadagem.

Sua linguagem é sempre chula, repleta de ameaças, bravatas e vulgaridades.

Ali Khamenei, líder do Irã, é o oposto disso. É frágil, tem 86 anos. Move-se devagar. Não grita. Fala pausadamente, sem fazer caras e bocas. Usa linguagem culta. Invoca princípios. Lembra com amor e orgulho a história do seu povo, especialmente as suas conquistas culturais.

Masoud Pezeshkian, presidente, foi eleito pelo voto direto, concorrendo com outros seis candidatos. É um cirurgião cardíaco de grande prestígio, com posição de destaque na comunidade científica do país. É racional e moderado. Nunca foi político. Não precisou fazer negociações partidárias para se candidatar.

Já se disse que o estilo é o homem. Agora, porém, é mais do que isso. O estilo é a sociedade que elege esses homens. Os Estados Unidos e seus aliados não apresentam mais nenhum projeto civilizatório para a humanidade. Agora, é tiro, porrada e bomba.

Só o racismo entranhado nas elites ocidentais, com seu passado colonial, explica a ideia idiota de que, sendo atacado, o povo persa se juntaria aos atacantes e se levantaria contra o seu governo. Só uma imprensa controlada e cínica finge que leva a sério esse tipo de expectativa.

Nós, ocidentais, perdemos completamente o senso de dignidade. Queremos ganhos materiais imediatos. Estamos escravizados pelas coisas.