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Gonçalves Dias: Canção do Tamoio

I

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II

Um dia vivemos!
E o homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III

O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV

Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI

Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D’imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d’ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII

E a mãe nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX

E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X

As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.

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Gonçalves Dias: Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá

Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida mais amores

Em cismar, sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá

Minha terra tem primores
Que tais não encontro eu cá
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá
Sem que ainda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiáMinha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá

Minha terra tem primores
Que tais não encontro eu cá
Em cismar sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá
Sem que ainda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá

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Mostra Novo Cinema Maranhense divulga filmes selecionados para 5ª edição

Com recorde de inscrições, a 5ª Mostra Novo Cinema Maranhense divulgou através das redes sociais os filmes selecionados. O projeto que tem o apoio do sétimo edital de Projetos Audiovisuais do Maranhão da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), com incentivo da Ancine/FSA – tem direção criativa e curadoria dos cineastas Lucas Sá, Marcos Ponts e Raffaele Petrini. É realizada pelas produtoras Jirau Filmes e Ipecine.

Neste ano, foram 2 longas-metragem, 6 curtas-metragem e 12 videoclipes produzidos no Maranhão selecionados para compor a programação. A mostra acontecerá nos dias 04 a 05 de agosto no Teatro da Cidade de São Luís (Antigo Cine Roxy). Toda a programação será gratuita.  

Confira a lista de selecionados:

LONGA-METRAGEM

1 – DE REPENTE DRAG (Dir. Rafaela Gonçalves)

2 – OS FÃS MAIS REBELDES QUE A BANDA (Dir. Chris Araújo, João Luciano e Tamires Cecim)

CURTA-METRAGEM

1 – BASTIDORES DO MISTÉRIO (Dir. Jesús Pérez Aparicio)

2 – BATALHAS DA ILHA (Dir. Lucas Silva)

3 – CASA DE BONECAS (Dir. George Pedrosa)

4 – DESEJO (Dir. Tássia Dhur)

5 – O PROMESSEIRO (Dir. Ana Carolina Sousa)

6 – TERRA 333 (Dir. Keyci Martins)

VIDEOCLIPES

1 – AQNO – TÔ EM OUTRA  (Dir. Sunday James)

2 – AMON, KAINÊ, DILLA – BAILA (Dir. Amon de Oliveira)

3 – DEEP HATRED – MINOTAURO (Dir. Rogério Sousa e Lourena Myrla)

4 – ENME FEAT. BIXARTE – MAGIA NEGRA (Dir. Enme Paixão)

5 – FORRÓ DO MEL – XOTE À BEIRA MAR (Dir. Jonas Sakamoto)

6 – FRIMES – COSMETICS (Dir. Frimes)

7 – GUGS FEAT. ELOI E ALEH – DESDOBROSA (Dir. Gugs)

8 – JAÍSA CALDAS – TIMON, PAPEL E LETRA (Dir. Renata Fortes)

9 – MARCO GABRIEL – PELO MENOS EU TENHO VOZ (Dir. Renata Fortes e Weslley Oliveira)

10 – ROSA REIS E CACURIÁ DE DONA TETÉ – CAIXEIRA (Dir. Thais Lima)

11 – PAULÃO – CORPO ABERTO (Dir. Ingrid Barros)

12 – PAOLO RAVLEY – SELVAGEM (Dir. Paolo Ravley e Sunday James)

Além das exibições de filmes, a Mostra promoverá debates com os realizadores das obras e o público. Acompanhe a programação completa através das redes sociais @novocinemaranhense e site www.novocinemaranhense.com.br.

Imagem destacada / Cena do filme “De repente drag”

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Sessões solenes celebram 200 anos de Gonçalves Dias

O maranhense Gonçalves Dias completa seu bicentenário de nascimento no dia 10 de agosto. Considerado o mais importante poeta do Romantismo brasileiro, autor do poema Canção do Exílio, foi também etnógrafo, dramaturgo, historiador e professor.

Foi membro criador da Escola Indianista ou Panteísta. Por sua imensa contribuição literária, é patrono nas Academias Brasileira de Letras, Brasileira de Filologia, Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Na mesma data será comemorado o aniversário de 115 anos de atividades da Academia Maranhense de Letras.

O Bicentenário de Nascimento do poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias tem sido celebrado ao longo do ano por meio de uma série de eventos organizados pelo Comitê Especial Gonçalves Dias 200 Anos, da Academia Maranhense de Letras. Na primeira semana de agosto começa o ciclo de palestras ministradas pelo professor, membro da Academia Brasileira de Letras e diretor da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi; pelo escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, Antônio Carlos Secchin; e pela escritora Ana Miranda.

A programação contempla ainda o lançamento do selo oficial Gonçalves Dias 200 Anos, a sessão solene comemorativa ao Bicentenário de Nascimento do Poeta Gonçalves Dias e aos 115 anos de fundação da Academia Maranhense de Letras, com cerimônia de entrega da Medalha 200 Anos de Gonçalves Dias.

As homenagens se estendem para fora do Maranhão e repercutem, em Brasília, onde os deputados federais participam de uma sessão solene proposta pelo deputado federal Márcio Jerry (PCdoB-MA), em homenagem ao Bicentenário de Gonçalves Dias, no dia 14 de agosto, no Congresso Nacional.

PROGRAMAÇÃO

Dia 7 de agosto, 18h, na Academia Maranhense de Letras – Palestra Gonçalves Dias, uma ideia de Brasil, com o professor Marco Lucchesi, da Academia Brasileira de Letras e diretor da Biblioteca Nacional

Dia 8 de agosto, 18h, na Academia Maranhense de Letras – palestra A canção de todos os exílios, com a escritora Ana Miranda

Dia 9 de agosto, 17h30, na Academia Maranhense de Letras – Lançamento do selo oficial Gonçalves Dias 200 anos

Dia 9 de agosto, 18h, na Academia Maranhense de Letras – Palestra Gonçalves Dias: o outro, a outra, com o professor e escritor Antônio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras

Dia 10 de agosto, 19h, na Academia Maranhense de Letras – Sessão solene comemorativa ao Bicentenário de Nascimento do Poeta Gonçalves Dias e aos 115 anos de fundação da Academia Maranhense de Letras, com cerimônia de entrega da Medalha 200 Anos de Gonçalves Dias

Dia 14 de agosto – Sessão solene em homenagem ao bicentenário do nascimento do poeta maranhense Gonçalves Dias, no Congresso Nacional, em Brasília

Marco Lucchesi

Membro da Academia Brasileira de Letras. É o sétimo ocupante da cadeira nº 15, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila, foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha. Foi eleito Presidente da ABL para o exercício de 2018, 2019, 2020 e 2021. É professor titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de presidente da Fundação Biblioteca Nacional.

Marco Americo Lucchesi nasceu em 9 de dezembro de 1963, no Rio de Janeiro.

Poeta, romancista, memorialista, ensaísta, tradutor e editor, em sua ampla produção, contemplada por diversos prêmios, destacam-se: Sphera, Meridiano Celeste e Bestiário e Clio (poesia); O Dom do Crime, O Bibliotecário do Imperador  e Adeus, Pirandello (romances); Saudades do Paraíso e Os Olhos do Deserto (memória); A Memória de Ulisses e O Carteiro Imaterial (ensaios).

Traduziu diversos autores, dentre os quais, publicados em livro, dois romances de Umberto Eco, a Ciência Nova, de Vico, os poemas do romance Doutor Jivago, obras de Guillevic, Primo Levi, Rumi, Hölderlin, Khliebnikov, Trakl, Juan de la Cruz, Francisco Quevedo, Angelus Silesius.

Antônio Carlos Secchin

É membro da Academia Brasileira de Letras. É o sétimo ocupante da Cadeira nº 19, eleito em 3 de junho de 2004, na sucessão de Marcos Almir Madeira e recebido em 6 de agosto de 2004 pelo acadêmico Ivan Junqueira.

Antonio Carlos Secchin nasceu no Rio de Janeiro em 10 de junho de 1952.

É Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982). Professor de Literatura Brasileira das Universidades de Bordeaux, (1975-1979), Roma (1985), Rennes (1991), Mérida (1999) Paris III-Sorbonne Nouvelle (2009) e da Faculdade de Letras da UFRJ, onde foi aprovado (1993), por unanimidade, com nota máxima, em concurso público para professor titular. Ministrou 50 cursos de pós-graduação, no país e no exterior. Em 2013, tornou-se professor emérito da UFRJ.

Ana Miranda

Nasceu em Fortaleza, em 1951. Morou em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Hoje vive no Ceará. Estreou como romancista em 1989, com Boca do Inferno (prêmio Jabuti de revelação). De lá para cá escreveu diversos romances, entre eles Desmundo (1996), Amrik (1997) e Dias & Dias (2002, prêmio Jabuti de romance e prêmio da Academia Brasileira de Letras). Foi escritora visitante em universidades como Stanford e Yale, nos Estados Unidos, e representou o Brasil perante a União Latina, em Roma.

Ana Miranda é autora do livro Dias & Dias Dias & Dias, publicado originalmente em 2002, no Brasil. Trata-se da biografia romanceada do poeta romântico Gonçalves Dias, sob a óptica feminina da autora.

SERVIÇO

O que: Comemoração ao bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias

Onde: Academia Maranhense de Letras (Rua da Paz, 84, Centro)

Quando: 7, 8, 9 , 10 e 14 de agosto

Contato: Maristela Sena (98) 98260 9969

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Festival Amazônia Encena Na Rua chega ao Maranhão em agosto

A programação inicia com um esquenta em escolas públicas de São Luís, com sessões especiais entre 2 e 7 de agosto.

O Festival Amazônia Encena na Rua chega a sua 14ª edição e em um feito inédito: será realizado em dois estados, Rondônia e Maranhão. De acordo com a produção do evento, 145 espetáculos de teatro, circo e dança foram inscritos – dentre os inscritos, uma curadoria especializada selecionou 13 espetáculos para a programação.

O Coordenador do Festival, Chicão Santos comemora: “O Amazônia Encena na Rua é a grande festa das artes cênicas de rua, é o lugar onde o teatro, a dança e o circo se encontram para encantar toda a gente que vai até o festival. Nós estamos muito felizes com a quantidade de obras inscritas, é bom ver que os artistas estão voltando a produzir depois da pandemia”.

O Amazônia Encena na Rua nasceu para preencher uma lacuna no cenário cultural da Amazônia Legal, que ainda não possui outro evento com essa dimensão voltado para a difusão das artes cênicas de rua produzidas no eixo.

Além de ser uma celebração artística, o festival também se configura como uma importante ferramenta de política pública para a fruição, fomento, difusão e circulação da produção artística amazônica, além de contribuir para a formação de plateia e artistas locais.

A sua programação abrangente, descentralizada, gratuita e inclusiva visa estimular o interesse da comunidade pelas atividades artísticas e promover a troca e o intercâmbio entre diferentes linguagens, estéticas e grupos da Amazônia e do Brasil.

O Amazônia Encena na Rua se potencializa pela formação de novas plateias, valorização e oportunização de visibilidade aos artistas, grupos, conteúdos e espetáculos produzidos na Amazônia, além de gerar conexões e fortalecimento da Rede de Teatro da Floresta, Rede Brasileira de Teatro de Rua, entre outras redes.

A programação do festival se inicia com um esquenta em escolas públicas de São Luís que acontecerá entre os dias 02 e 07 de agosto. Já a Programação Oficial ocorrerá entre os dias 08 e 13 de agosto na Praça Nauro Machado, no Centro Histórico de São Luís e contará com 09 (nove) apresentações de grupos do Maranhão, Pará, Amapá, Tocantins, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Todas as ações do evento são gratuitas e realizadas em locais públicos, garantindo que haja democratização do acesso à arte pela comunidade. O festival oferecerá também atividades formativas – as inscrições já estão abertas e podem ser feitas nos seguintes links:

ATIVIDADES FORMATIVAS

OFICINA 1:  Treinamento do Ator de Rua;
10 de Agosto, 15h, Praça Nauro Machado (Reviver);
INSCRIÇÃO: https://forms.gle/8XseqN3AKrxsqNPh9.

OFICINA 2: A Dramaturgia da Rua;
11 de Agosto, 15h, Praça Nauro Machado (Reviver);
INSCRIÇÃO: https://forms.gle/ZN41bmaKQoHCNNB89.

O festival é realizado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, idealização do O Imaginário, possui patrocínio master da Energisa e Instituto Cultural Vale e realização do Ministério da Cultura e Governo Federal.

Imagem destacada / Foto – Inovar Produtora / Divulgação

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O mercado e a mídia não gostaram de Marcio Pochmann no IBGE

Não é de se estranhar a reação da mídia de mercado diante do anúncio de que o economista Marcio Pochmann vai assumir a presidência do IBGE.

Pochmann foi atacado porque é um intelectual e militante do campo democrático-popular.

Longe de ser um lulista apaixonado, daquele tipo de só enxerga virtudes no chefe, o agora presidente do IBGE sempre teve uma postura crítica sobre as políticas neoliberais.

É por isso que está na mira da velha corporação da mídia.

Quando o agiota Paulo Guedes foi nomeado ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro a reação da mídia foi de euforia.

Já Pochmann, nome de fora do mercado, é mal visto pelo rentismo.

Foto destacada: Marcio Pochmann / Agência Brasil

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Supremo Flavio Dino

Em pouco tempo o ex-governador do Maranhão e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino (PSB), conseguiu um feito difícil: entrar na fila dos eventuais sucessores de Lula.

A ascensão do jovem político foi tão rápida que assusta os concorrentes no campo democrático e, óbvio, provoca ódio nos adversários.

A ideia de Flávio Dino presidente não é bem acolhida no PT. Os velhos cardeais petistas conhecem a voracidade do mais visível ministro de Lula.

PTistas calejados sabem que se Dino ganhar mais protagonismo no governo pode engolir a velha guarda lulista.

Por isso, entre muitos PTistas, faz sentido a ideia de colocá-lo no STF. Ele mesmo não deve querer, porque só pensa naquilo – o Planalto.

Uma eventual ida para o Supremo seria apenas para “passar uma chuva”, enquanto aguarda a fila presidencial andar.

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Polícia não é milícia

Policiais são trabalhadores e merecem o devido tratamento republicano. Eles são disciplinados por regimento próprio e pelas constituições estaduais e a federal.

Violência contra policiais é grave, assim como a violência policial que incide principalmente contra os setores mais vulneráveis.

Assassinatos de policiais devem ser investigados rigorosamente até o fim e a punição dos responsáveis.

Não cabe à polícia a função de vingança ou “justiça com as próprias mãos”.

Policiais não são milicianos, uma gente criminosa que age à margem da lei.

Estamos retomando a democracia e o processo civilizatório no Brasil. Matanças por vingança só vão gerar mais violência.

O Brasil não pode virar uma lavoura arcaica geral.

 Foto destacada: Fernando Frazão/Agência Brasil

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Iemanjá! Racismo religioso provoca grande reação em São Luís

Agência Tambor – Se o poder no Maranhão fosse menos conservador, já teríamos no estado mandato de parlamentares cassados por crime de racismo religioso.

Em relação ao monumento da Orixá Iemanjá, localizado na Praia do Olho D’Água, na cidade de São Luís, o crime ocorreu pela terceira vez. 

A imagem foi atacada novamente, nas primeiras horas de 23 de julho. O mês marcado como Julho das Pretas. Coincidência? É óbvio que não.

A capital maranhense tem sido marcada por crimes de racismo religioso. Nos últimos anos, diante do desbunde da extrema direita, terreiros foram atacados. A situação é inaceitável. E a sociedade não aceita.

Leia também: Mulheres negras reagem aos ataques a Iemanjá

A Lei para criminosos

Desde o crime, povos e comunidades de terreiro, além de lideranças religiosas de matriz africana e outras organizações sociais, uniram forças em torno de uma agenda, cobrando do poder público uma resposta imediata.

Na segunda-feira, 24 de julho, organizações como a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde-Renafro; Federação de Umbanda e Culto Afro do Maranhão; Fórum Estadual de Mulheres de Axé; Coletivo Dan Eji; Terreiro Nossa Senhora da Vitória; Ilê Axé Alagbede Olodumare; Tenda São Jorge Jardim de Oeira da Nação Fanti-Ashanti; Ilê Sogbosi Inã; Ilê Axé Akoro D´Ogum; Ile Ashe Yemowa Abê; e outras entidades protocolaram junto à delegacia de combate aos crimes raciais, agrários e de intolerância do Maranhão uma notícia crime.

A expectativa é que o caso seja elucidado e que se aponte os culpados pelo racismo religioso. 

O documento também expõe imagens de usuários nas redes sociais, que fizeram postagens com discursos de ódio em relação à quebra do monumento. As organizações solicitam que essas pessoas respondam pelos crimes que praticaram na Internet.

O delegado Agnaldo Timotéo informou que foi dada a abertura oficial da investigação. O principal movimento será a busca por câmeras e testemunhas que possam ter visto o crime, de 23 de julho. 

Foto: Divulgação
Indignação

Em nota, a comunidade religiosa do Terreiro Nossa Senhora da Vitória também manifestou sua indignação.

“A Praça de Iemanjá é fruto de uma luta do Terreiro Nossa Senhora da Vitória, que junto com as organizações dos povos de terreiro do Maranhão reivindicou ao governo do Estado a restauração da antiga imagem, que estava abandonada há décadas e a construção de uma praça que pudesse reunir os povos e comunidades tradicionais de matriz africana do Maranhão”, diz um trecho da nota assinada por Mãe Nonata de Oxum, Fundadora e Matriarca do Terreiro Nossa Senhora da Vitória.

A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), Núcleo Maranhão, manifestou seu veemente repúdio em relação ao ataque racista praticado contra a imagem de Iemanjá.

“É um ataque a um dos únicos espaços construídos pelo poder público para dar visibilidade às religiões de matriz africana, demonstrando a continuidade dos ataques aos povos de terreiro que assolam o Maranhão nos últimos anos”, diz a nota da Renafro.

A Casa Fanti-Ashanti também lançou uma nota dizendo que “que atos como esse não são isolados e fazem parte de um contexto de manifestações de ódio e de racismo contras as religiões de matriz africana e seus adeptos”.

Foto: Divulgação

O texto diz ainda que a Casa “espera que as autoridades possam agir de forma célere para apurar o fato e responsabilizar os causadores do dano, além de reconstruir imediatamente a imagem”.

A Iyalorixa Jô Brandão, coordenadora do Coletivo DAN EJI, enfatizou que “a depredação da imagem de Iemanjá é um ataque às religiões de matriz africana. Iemanjá é uma referência de um orixá.” 

Ela completou que “não se trata apenas da depredação do patrimônio público. Não é apenas um ato de vandalismo. Além do que, estamos falando de uma imagem feminina. É comum nas violações de direitos, o rosto feminino é a primeira parte física agredida e violentada”.

Manifestações

Na terça-feira (25), os povos e comunidades de terreiro, além das lideranças religiosas de matriz africana, reuniram-se na Praça onde fica a estátua de Iemanjá. 

Repudiaram a ação racista ao monumento, enfatizando a importância e necessidade emergencial de políticas educacionais para combater e enfrentar os diversos tipos de racismo.

Na sexta-feira (28), as comunidades de terreiro fizeram mais um ato na Praça de Iemanjá, na Praia do Olho D’Água.

A manifestação foi para reforçar que as investigações sejam feitas urgentemente. Tanto da depredação, quanto dos discursos de ódio, que têm sido veiculados nas redes sociais contra religiões de matriz africana.

Foto: Divulgação
Resposta do Poder Público

O governo do Maranhão formou uma comissão com a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), a Secretaria de Estado de Governo do Maranhão, a Secretaria de Estado da Infraestrutura Maranhão, a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) e a Secretaria de Estado de Igualdade Racial (SEIR) para tratar sobre este caso de racismo religioso.

Os representantes do governo reuniram-se, na quarta-feira (26), com representantes de povos de religiões de matriz africana para dialogar soluções para o caso.

Socorro Guterres, secretária adjunta da Igualdade Racial disse que a Secretaria de Igualdade Racial “repudia veementemente esse ato, que foi criminoso e de manifestação violenta de racismo”. Ela também destacou que estes tipos de casos vêm acontecendo em vários lugares do Brasil. 

Em 2022, houve outros crimes de depredação no Maranhão. Foram ataques a terreiros, que demonstram o racismo a religiões de matriz africana em São Luís.

Durante a reunião foi encaminhado, pelos representantes do governo estadual, a recuperação da imagem, assim como a realização de ações para aumentar a segurança no local, como a instalação de sistema de videomonitoramento na Praça de Iemanjá, no Olho D’água.

Casos de racismo religiosos são cada dia mais comuns e é inaceitável que o Estado não responda com urgência e responsabilidade que o caso merece.

O Maranhão é um dos estados com a maior população negra do Brasil e segundo estado com maior número de povos quilombolas. A sociedade registrou que não aceitará que crimes de racismo saiam impunes.

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O lixo espalhado na ilha

A cada dia causa mais espanto a quantidade enorme de lixo espalhada em São Luís e nas estradas que interligam os outros três municípios da ilha – São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Lixões pequenos, médios e grandes são formados às margens das rodovias ou dos poucos rios ainda vivos na zona rural, provocando risco à saúde das pessoas e dos animais, perigo de contaminação dos lençóis freáticos e um visual grotesco para quem passa ou mora perto das montoeiras de dejetos.

O problema é muito complexo. Passa, principalmente, pelo planejamento das cidades.

As prefeituras e câmaras municipais no geral estão interessadas apenas em funcionar como lobistas das empreiteiras para viabilizar empreendimentos industriais e imobiliários sem os devidos critérios de sustentabilidade.

Além dos aspectos estruturais e de gestão, falta uma grande força tarefa EDUCATIVA junto às pessoas, entes públicos e privados para orientar a coletividade sobre os resíduos sólidos.