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Sindicalista e professora expõem violência de Abigail Cunha

Fonte: Agência Tambor

A deputada estadual Abigail Cunha (PL), agora secretária da Mulher do Estado do Maranhão, foi alvo de críticas e denúncias após compartilhar imagem nas redes sociais expondo empregadas domésticas (mulheres negras) que trabalham em sua casa.

Na foto, as mulheres estão descalças e com toucas de cabelo. Na legenda da publicação, Abigail escreveu: “Para quem anda dizendo que não gosto das mulheres negras. Puro preconceito, as donas da minha casa são negras e são mulheres de batalha e verdadeiras”. A foto foi excluída horas depois da postagem.

Internautas disseram que a postura da deputada foi racista e classicista. Mais de 50 entidades, que representam mulheres no Maranhão, assinaram um documento pedindo a revogação da nomeação de Abigail Cunha para a Secretaria da Mulher.

Para falar sobre o assunto, o Jornal Tambor desta segunda-feira (06/03) entrevistou Maria Isabel Castro Costa e Tatiana Reis.

Maria Isabel é diretora do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Maranhão (Sindoméstico) e diretora da Federação Nacional das Trabalhadoras Doméstica.

Tatiana Reis é Historiadora, professora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e doutora em Estudos Étnicos e Africanos.

Confira a entrevista completa de Maria Isabel Castro Costa e Tatiana Reis

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil é o país com mais empregadas domésticas no mundo, sendo que apenas 28% têm carteira assinada e direitos efetivos. Para a sindicalista, a postura de Abigail foi “inadequada” e “desnecessária”, e que esse caso explicita o racismo arraigado em nossa sociedade.

“Precisamos saber as condições de trabalho dessas trabalhadoras. Isso é um comportamento típico de pessoas racistas. As mulheres foram colocadas em uma situação de constrangimento”, afirmou Maria Isabel Castro.

Tatiana explicou que as trabalhadoras foram expostas de maneira “indevida” no ambiente de trabalho e que a questão racial é estruturante no trabalho doméstico. De acordo com dados de 2018 do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas), das cerca de 6,2 milhões de trabalhadoras do setor, 5,7 são mulheres negras.

“Nós sabemos que o trabalho doméstico é uma herança do período escravista, racista, que ainda hoje relega um lugar de inferiorização às mulheres negras. Essa atividade em nosso país ainda é desvalorizada. É reservada às trabalhadoras domésticas o lugar de subordinação, de servilismo, de baixa remuneração e desprestígio em nosso país”, complementou a professora.

Ao final da entrevista Isabel e Tatiana reforçaram que é necessário a implementação de políticas públicas que garantam os direitos trabalhistas das empregadas domésticas. As duas lembraram ainda, que a valorização e reconhecimento de mulheres negras começa quando “incluímos elas nos espaços de poder”, e que a Secretaria da Mulher precisa de pessoas comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres e não o contrário.

A Agência Tambor procurou a deputada e Governo do Maranhão para falar sobre o caso, mas ainda não teve respostas.

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