Em carta, entidades científicas repudiam os retrocessos do bolsonarismo e indicam voto em Lula. Texto está publicado no site da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC–Brasil)
Em poucos dias, o Brasil irá escolher seu próximo presidente. A vitória de Jair Bolsonaro traria ainda mais riscos à ciência, educação, liberdade de expressão e de cátedra e à democracia.
Um segundo mandato do candidato à reeleição pode significar um novo patamar no desmonte da já frágil democracia brasileira, na destruição do Estado e das políticas sociais, no ataque às liberdades, no aumento das desigualdades e na ampliação da violência política contra segmentos minorizados e democratas.
Para além de colocar o país em uma crise econômica e social, ao longo de seu mandato, o atual presidente constantemente atacou a educação e, em especial, as atividades realizadas pelas universidades.
Entre 2019 e 2022, o Governo Federal cortou drasticamente o orçamento da educação no país. Nas últimas semanas, seu governo chegou a bloquear de tal maneira o orçamento do setor que inviabilizaria o funcionamento de universidades e de institutos federais, medida alterada após intensa revolta e mobilização da comunidade acadêmica.
Como ressalta a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Bolsonaro fez da ciência e da pesquisa suas inimigas. Reduziu o orçamento da área, levando o MCTI ao menor orçamento em 2021 das últimas duas décadas.
A SBPC também mostrou a necessidade de a comunidade científica reagir a ações do atual governo que têm colocado a liberdade de cátedra em xeque em função de constrangimentos atravessados por professores nas salas de aula e em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão
Durante a pandemia associada ao coronavírus, tentou a todo custo desacreditar cientistas brasileiros e estrangeiros sobre os métodos de combate à covid-19.
A postura negacionista, o atraso na compra das vacinas, a ridicularização da morte e o sofrimento de familiares das vítimas são algumas das marcas deixadas pelo atual governo na condução da crise sanitária no país.
Bolsonaro fez a liberdade de expressão de alvo, tentando subvertê-la para a autorização de mentir ao elevar a desinformação do submundo das redes sociais à estratégia de comunicação de governo, difundindo informações manipuladas e falsas em seus canais institucionais e aparelhando a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Igualmente, o atual presidente fez campanha sistemática contra o jornalismo e seus profissionais, especialmente, as jornalistas mulheres.
A organização internacional Repórteres sem Fronteiras colocou o presidente na sua lista de “predadores da liberdade de imprensa”.
Em síntese, Bolsonaro ameaça o sistema democrático brasileiro. O atual mandatário, reiteradas vezes, defendeu a ruptura institucional, conclamando uma intervenção militar e mobilizando seus apoiadores contra a Justiça Eleitoral, contra o sistema de votação, contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra qualquer tipo de opositor.
Com uma retórica do ódio, o presidente estimula sua base a atos de violência política contra indivíduos e coletivos que pensam diferente.
O governo Bolsonaro significou a piora das condições de vida da população. A fome voltou a aumentar, assim como o desemprego, enquanto a renda do trabalho cai continuamente.
Diante desses fatos, não é possível ignorar os riscos à sociedade brasileira de um segundo mandato do presidente.
Por isso e diante de suas responsabilidades institucionais, as entidades científicas e acadêmicas e as(os) pesquisadoras(es) abaixo relacionadas(os), recomendam que as(os) eleitores(as) brasileiras(os) votem Luiz Inácio Lula da Silva à presidência no Segundo Turno das Eleições Presidenciais que acontece em 30 de outubro de 2022.
Atenciosamente,
União Latina de Economia Política da Informação, Comunicação e da Cultura (Ulepicc Brasil)
Conselho Deliberativo da Federação Brasileira de Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação (Sociocom)
Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (Abej)
Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar)
Associação Brasileira de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda (ABP2)
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós)
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (Ancib)
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped)
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (Anpepp)
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll)
Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri)
Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec)
Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT)
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE)
Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBENBIO)
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS)
Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso)
Associação Brasileira de Psicologia Política (ABPP)
Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN)
Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
Associação Brasileira de Professores de Língua Inglesa da Rede Federal de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Abralitec)
Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD)
Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom-UnB)
Centro de Pesquisas e Produção em Comunicação e Emergência (Emerge)
Observatório da Ética Jornalística (objETHOS)
Observatório Cultural da Amazônia e Caribe (Amazoom)
Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda)
Laboratório de Pesquisas em Economia, Tecnologia e Políticas de Comunicação (Telas)
Laboratório de Pesquisas em Economia Política da Comunicação e Crise do Capitalismo (Cubo)