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Em funeral, família de Dom Phillips reforça pedido por justiça

Fonte: Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo)

O corpo do jornalista britânico Dom Phillips foi cremado neste domingo (26.jun.2022) no Cemitério Parque da Colina, em Niterói (RJ). Antes da cerimônia íntima, a família fez pronunciamentos agradecendo aos povos indígenas, à imprensa, aos amigos e a todos que participaram das buscas do correspondente estrangeiro e do indigenista Bruno Pereira, enterrado na última sexta-feira (24.jun.2022). 
 
A mulher de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, pediu mais segurança para os defensores do meio ambiente para evitar novas tragédias: “Dom era uma pessoa muito especial, não apenas por defender aquilo que acreditava como profissional, mas por ter um coração enorme. Seguiremos atentos a todos os desdobramentos das investigações, exigindo Justiça no significado mais abrangente do termo. Renovamos nossa luta para que nossa dor e a da família de Bruno Pereira não se repita, como também a de outras famílias de jornalistas e defensores do meio ambiente que seguem em risco. Seguem em risco. Descansem em paz, Bruno e Dom”.

A irmã do correspondente, Sian Phillips, ressaltou a paixão de Dom pelo jornalismo e a Amazônia: “Era um brilhante jornalista, comprometido em dividir histórias sobre a diversidade brasileira, habitantes de favelas e indígenas da Amazônia. Ele foi morto por tentar contar ao mundo o que está acontecendo na floresta tropical com seus habitantes, sobre o impacto das atividades ilegais nessa floresta. Ele foi morto tentando ajudar os indígenas. Ele e Bruno entendiam o risco de fazer isso nesse mundo. Sua família, amigos, nós estamos comprometidos em continuar esse trabalho”.

No funeral, movimentos sociais cobraram a continuidade das investigações. Uma faixa estendida perguntava: “Quem mandou matar Dom e Bruno?”

O assassinato

Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram brutalmente assassinados no dia 05.jun.2022, no Vale do Javari, no Amazonas, fronteira com o Peru. Rumavam à Atalaia do Norte (AM) para entrevistar indígenas próximos ao Lago do Jaburu, em visita à equipe de Vigilância Indígena que fica no local. A viagem deveria durar aproximadamente duas horas, mas os dois não chegaram ao destino final. 

Segundo informações divulgadas pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), eles receberam ameaças antes do desaparecimento. Bruno Pereira, mais especificamente, vinha sendo alvo de ameaças de garimpeiros, madeireiros e pescadores que atuam na ilegalidade. 

Três homens já foram presos. A Polícia Federal (PF) afirma que outros cinco ajudaram a enterrar os corpos e já estão sendo investigados. A PF apura se a execução tem relação com a pesca ilegal, a ação de garimpeiros e o tráfico internacional de drogas.

Funeral de Bruno Pereira

Na manhã de sexta-feira, 24.jun.2022, Bruno Pereira foi enterrado no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana do Recife. O velório comoveu famílias e amigos. Indígenas fizeram rituais para celebrar a vida e honrar a morte do pernambucano.

Na cerimônia, as pessoas pediram justiça, celeridade nas investigações e criticaram o presidente Jair Bolsonaro (PL), que durante as quase duas semanas de desaparecimento classificou a viagem do jornalista e do servidor da Funai de “aventura”.  Além disso, promoveu uma motociata eleitoral em Manaus, dias depois do encontro dos corpos pela polícia.

Além das notas públicas enviadas ao governo, a Abraji e outras organizações da sociedade civil do Brasil mobilizaram entidades internacionais para pressionar o governo brasileiro a tomar medidas que garantam o livre exercício da profissão e uma investigação independente sobre as mortes.

Foto da capa: reprodução da internet a partir das redes sociais

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