As notícias sobre o início da vacinação contra a covid19 em todo o mundo configuram o triunfo do conhecimento sobre a barbárie. Apesar de todos os ataques morais e econômicos contra as instituições de pesquisa, a Ciência está atravessando a onda negacionista.
No Brasil, o governo Jair Bolsonaro fez um relativo recuo na marcha obscurantista. A contragosto, o presidente e seus asseclas estão “engolindo” a vacina porque a depreciação da Ciência chegou ao limite.
É fato que o negacionismo seguirá produzindo desinformação. Esse subproduto vai circular intensamente nas redes sociais e chegará nos celulares das pessoas, com montagens grosseiras e mentira deslavada.
Mas, é impossível o Jornal da Record mentir descaradamente nas suas manchetes no horário nobre. A Rede Record, controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus, não tem condições morais e éticas de usar o seu espaço privilegiado na televisão para enganar o púbico, explicitamente.
O Jornal da Record não pode veicular desinformação escancarada no horário nobre porque o Jornalismo, ao longo da sua constituição, apesar dos dissabores, instituiu um conjunto de regras e procedimentos que estabelecem um contrato mínimo de decência com a audiência.
A Igreja Universal do Reino de Deus, campo do negacionismo infértil, seguirá produzindo desinformação, mas essa prática não tem como galopar até o palco principal do noticiário da Rede Record.
Na guerra contra o obscurantismo, por mais que o bolsonarismo esteja aliançado às igrejas neopentecostais, não há condições objetivas para a mentira transbordar grotescamente para os telejornais.
O jornalista que entrevista o cientista é uma cena para ser vista como um alimento simbólico da civilização e um antídoto diante da barbárie.
Os critérios de verdade operados pelo pesquisador alcançam visibilidade no ordenamento lógico da reportagem elaborada no âmbito da produção jornalística.
Ciência e Jornalismo são dois campos de produção de conhecimento sobre a realidade fundamentais para manter acesa a chama civilizatória e enfrentar a guerra contra o obscurantismo.
Uma batalha está em curso e a vacina vai triunfar. O bolsonarismo, nesse momento, recua. Engole a vacina, o protagonismo do SUS e o papel do Estado no auxílio emergencial.
A guerra será longa e nesse contexto a racionalidade técnica do cientista e do jornalista organizam o discurso essencial no enfrentamento da necropolítica.
2 respostas em “A força do Jornalismo e da Ciência na guerra contra o negacionismo”
Muito bem, mais uma vez, meu caro Ed Wilson. Enquanto prevalecer a objetividade – mesmo não sendo 100% possivel – a ciência e o bom senso prevalecerão. O outro cenário é a escuridão de quem explora a boa fé das pessoas e dissemina mentiras para ganhar dunheiro em nome de Deus e, contaditoriamente, agradar a ídolos obscurantistas.
E nós professores universitários de Comunicação temos um papel fundamental na resistência, meu caro Carlos Agostinho.