Em tempos de pandemia, existem dois tipos de seguidores de Bolsonaro: os fanáticos e os preocupados.
Os fanáticos irão com o “mito” até o cemitério ou crematório.
Os preocupados pensam nas suas famílias, nas crianças e nos idosos principalmente. Esse grupo, embora continue torcendo pelo sucesso do presidente, não vai embarcar nas irresponsabilidades do seu líder.
Hoje, nem os mais abnegados teriam coragem de mandar seus filhos para a escola.
Político inexpressivo e militar de carreira medíocre, Bolsonaro não tem sequer o senso mínimo de preservação do seu exército em campo de batalha.
Sem qualquer noção de estratégia, faz movimentos que colocam em risco os seus soldados e, simultaneamente, diverge dos próprios generais, entre eles o da linha de frente Henrique Mandetta (Saúde).
Nesse nível de irresponsabilidade, o presidente declarou guerra à Ciência, ao Jornalismo e à Política.
Ele não só contraria a própria equipe de governo como atira nas suas bases da direita e ultradireita.
Até mesmo os governadores da região mais conservadora do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) estão seguindo as recomendações científicas.
O médico Ronaldo Caiado, bolsonarista de primeira linha e governador de Goiás, fez declaração pública de rompimento com o presidente.
Caiado não faria isso sem o aval do setor ruralista, sinal de que o segmento forte do agronegócio, onde Bolsonaro tem apoio, está insatisfeito.
A cobertura técnica da pandemia covid19, os sucessivos editoriais dos jornalões e o posicionamento das Organizações Globo, alinhados às recomendações das autoridades científicas, deixam o bolsonarismo raivoso ainda mais isolado.
Entre a indústria de fakenews e as recomendações médicas, a mãe bolsonarista da categoria dos preocupados prefere manter os seus filhos e os idosos vivos.
Basta observar que a “carreata da morte”, convocada para esta segunda-feira (30 de março), foi um retumbante fracasso.
Abrindo guerra contra os governadores, inclusive os seus aliados, o presidente só preserva um tipo de isolamento – o político.
Somados todos esses fatores às sequelas da pandemia na economia, Bolsonaro espera atravessar a crise radicalizando suas posições insanas. É um jogo arriscado.
Fato concreto é o seguinte: após a tempestade ele terá a seu favor os fanáticos raivosos capazes de um suicídio político coletivo.
Isso se ele atravessar a tempestade, pois as suas posições insanas criam um ambiente hostil dentro e fora do governo. As oposições já falam em apeá-lo da Presidência da República.
Mas, Bolsonaro caindo, não significa grandes abalos no conservadorismo. Quando a pandemia passar, os fanáticos e os ex-preocupados voltarão a se reagrupar, com ou sem o “mito” no comando. Vão apenas trocar o nome, mantendo o perfil de uma candidatura à direita ou ultradireita.
Pelo menos por enquanto, o bolsonarismo respira com a ajuda de aparelhos.
Imagem destacada capturada neste site