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Memórias: Bandeira de Aço e Boi de Axixá na minha rua Sousândrade, no Apeadouro

Tive a alegria de viver uma boa parte da vida no bairro Apeadouro, em São Luís, e ainda frequento muita coisa boa ali. Lembro, especialmente, de um casal que mudou para bem perto da casa dos meus pais, na rua Sousândade.

Tenho guardado bem na memória as manhãs chuvosas de sábado, naquele tempo de inverno rigoroso como esse de 2019, quando a gente amanhecia ouvindo as músicas do disco Bandeira de Aço. Eu ainda era adolescente quando gostei daquele som, as letras, os ritmos, a forma de tocar… e aquela provocação “mamãe eu tô com uma vontade louca de ver o dia nascer pela boca.”

A casa onde tocava o Bandeira de Aço, muitos anos antes …  eu ainda criança … marcou o meu interesse por bumba-meu-boi. Ali morava Dona Basica e nos arredores vários parentes dela oriundos da região do Munim, principalmente de Icatu e Axixá.

Quando eu era criança, acordava nas noites de São João com os acordes do Boi de Axixá, que sempre se apresentava na casa de Dona Basica para agradecer a ela pelas honrarias à brincadeira, porque ela era uma das mulheres que costurava o couro do boi.

Na minha infância sem muitas expectativas, o disco Bandeira de Aço era uma alegria e despertou em mim uma curiosidade imensa, só satisfeita quando eu me inteirei sobre o Bandeira de Aço e a sua importância para a música brasileira.

Era muito emocionante despertar com os acordes dos metais da orquestra principal do vale do rio Munim. Eu cresci vendo um bumba meu boi se apresentar quase na porta da minha casa, de forma muito natural, num outro tempo dos festejos juninos, quando não tinha quase nenhum arraial.

Aquele ritual de agradecimento acabou engendrando o famoso Arraial do Apeadouro, um dos mais famosos terreiros de festejos juninos em São Luís, durante muitos anos.

Depois de muito tempo fui saber que a minha rua tinha o nome de um importante escritor  – Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, autor do “Guesa Errante” e “O inferno de Wall Street”, entre outras obras.

Um dia pretendo escrever uma crônica sobre a minha rua com nome de escritor.

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