Fonte: Blog Buliçoso
Em um momento de profundas estocadas na democracia brasileira, nunca foi tão fundamental o debate sobre um campo de atividades que carrega em sua essência semântica a possibilidade de “tornar comum, de partilhar ou compartilhar”. À comunicação estão reservadas tarefas de profundo impacto na sociedade, em especial no que se refere à controversa formação de opinião. Mais do que debater, fazer tem sido o desafio dos que se recusam a dublar as narrativas de certos grupos que engrossam as espumas do discurso de ódio e seus desdobramento, entre eles, a intolerância, o racismo, o feminicídio, a LGBTfobia e toda forma de opressão, violência e injustiça social.
Há um ano foi criado no Brasil um movimento inédito que reúne diferentes experiências de comunicação na contramão da grande mídia: a Teia de Comunicação Popular do Brasil, uma iniciativa do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), maior referência em comunicação popular e sindical no país. Aos desavisados, o termo comunicação popular é autoexplicativo: é produzida pelo povo e para o povo, “com objetivo de alterar a realidade social de determinada comunidade ou grupo social”, conforme definição do fundador do NPC, Vito Gianotti.
De norte a sul do Brasil, existe muita gente, muitos coletivos produzindo comunicação a serviço da cidadania, dos interesses populares. A Teia registra: “são jornais impressos, blogs, sites, coletivos de fotografia, programas de rádio e de TV que se dedicam a divulgar informações a partir da perspectiva dos trabalhadores, quilombolas, povos originários, sindicalistas, sem-terra, sem-teto e artistas populares. Pelas lentes dessas iniciativas, é possível conhecer o Brasil que sofre com a opressão, mas que também se organiza na resistência e na luta por direitos”.
A Teia – A Teia da Comunicação Popular do Brasil (http://teiapopular.org) foi lançada no dia 15 de março de 2018, no Fórum Social Mundial 2018, em Salvador. A palavra teia remete a um emaranhado de fios. Com a organização da Teia de Comunicação Popular do Brasil, o NPC “identifica fios que irão se entrelaçar, tecendo, juntando e compondo uma rede de solidariedade entre belíssimas e diferentes experiências de comunicação contra-hegemônica”, espalhadas pelo Brasil. A ideia é “compor e compartilhar as histórias de trabalhadoras e trabalhadores do país, tramar uma estratégia para fazer com que tudo isso chegue da forma mais organizada possível a opinião pública e a todas e todos que querem um mundo melhor, justo e igualitário”.
No Maranhão, compõe um destes fios a agência Tambor (agenciatambor.net.br), que veicula de segunda a sexta o radiojornal Tambor, com duração de 1 hora, notícias e entrevistas diárias. O projeto de comunicação foi lançado no dia 22 de março. O blog vai fazer um registro do significado deste projeto, de comunicação que há um ano resiste, em meio às TVs e rádios arrendadas por políticos que tanto criticaram o grupo Sarney por seu coronelismo eletrônico, durante décadas de poder no estado.