ANIVERSÁRIO
Nenhuma alegria resta
ou sequer nenhuma queixa:
estou sozinho na festa
onde ninguém mais festeja.
Nada espero de ninguém,
pois nada me faltará:
já abri a porta e disse amém
para a infância que é o meu lar.
Do silêncio como um rato
roedor dos próprios restos,
nenhuma vida mais resta
no vazio desses quartos.
Sequer a luz pelas frestas
das suas cegas vidraças
acende as velas sem festa
na trança escura das traças.