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Canta Maranhão: a vida precisa de mais festivais

Talvez as novas gerações não conheçam a emblemática frase do cantor Geraldo Vandré, proferida em 1968, durante o Festival Internacional da Canção (FIC), no Maracanãnzinho (Rio de Janeiro).

A plateia “enlouquecida” dava como certa a vitória da música “Para não dizer que não falei das flores”, interpretada por Vandré, adotada depois do festival como hino da resistência à ditadura militar que, naquele ano, entrava no momento mais cruel com a edição do Ato Institucional nº 5.

Embora os versos daquela canção inebriassem a platéia, a vencedora foi “Sabiá”, composição do Chico Buarque e Tom Jobim, interpretada por Cynara e Cybele.

Enfurecido, o público vaiou a decisão do júri, mas Vandré respeitou o resultado e soltou um discurso que marcou a história da Música Popular Brasileira (MPB):

“Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda merecem o nosso respeito. A nossa função é fazer canções. A função de julgar, neste instante, é do júri que ali está. Pra vocês que continuam pensando que me apoiam vaiando… tem uma coisa só mais. A vida não se resume em festivais.” 

Em setembro de 2024 completam 56 anos do FIC de 68, no contexto de uma década marcada por festivais veiculados nas grandes redes de televisão do Brasil: Excelsior, Record e Globo.

Fiz essa introdução para dizer que o espírito dos festivais está vivo e bulindo. Neste sábado, 27 de julho, foi realizada em São Luís a grande final do 1º Festival Canta Maranhão, no Ceprama, reunindo compositores(as), cantores(as) e músicos que participaram das etapas regionais nas cidades de Imperatriz, Grajaú, Nina Rodrigues e Santa Inês.

O Festival de Música Canta Maranhão é uma idealização do músico, ativista da cultura maranhense, professor de música e produtor cultural Armando Nobre e direção do professor de música e trompetista Thales do Vale.

“Quando eu era adolescente, no bairro onde morei, Coheb do Sacavém, havia uns saraus musicais e desde aquele momento eu me apaixonei pela sonoridade dos cantores e das cantoras maranhenses. Esse festival é uma forma de valorizar a memória dos antigos festivais e revelar novos talentos”, conta Nobre.

O sucesso da primeira edição motiva os planos para os próximos festivais. “A nossa perspectiva é ampliar o número das prévias para proporcionar uma participação bem mais expressiva de compositores, músicos e cantores”, explica Armando Nobre.

Ao final da premiação, os jurados do festival – Josias Sobrinho, Joãozinho Ribeiro, Erasmo Dibel e Ronald Pinheiro – encerraram a festa com o Show da Maranhensidade 

A premiação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) foi distribuída aos vencedores e às vencedoras.

“Precisamos de mais festivais e aguardamos desde já o 2º Festival Canta Maranhão. Que venham novos talentos da música produzida no Maranhão, gerando oportunidades para a criatividade e o encanto dessa arte tão relevante”, comemorou o músico Thales do Vale.

Veja a lista completa das músicas e dos artistas contemplados:

MELHOR ARRANJO

Washington Brasil – Imperatriz

Música: Mãe Natureza “Um rosto que nunca se esquece”

Composição: Washington Brasil 

MELHOR MÚSICA

Emerson Romão da Costa (Nego Fity) – Imperatriz

Música: Sou da terra da juçara

Composição: Julio Braga e Nego Fity

1º LUGAR INTÉRPRETE

Samara Thajla – Nina Rodrigues

Música: Certeza do dia que vem

Composição: Samara Thajla

2º LUGAR INTÉRPRETE

Day Teixeira – Santa Inês

Música: Tá difícil te deixar

Composição: Wesley Vaz

3º LUGAR INTÉRPRETE

Dandara Allen – Grajaú

Música: Meu Maranhão

Composição: Bodinho

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