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Reestruturação da Caixa pode gerar exclusão social

Agência Tambor – A Caixa Econômica Federal está promovendo uma reestruturação que vem provocando fortes críticas de entidades sindicais, que apontam o risco de exclusão social e precarização do trabalho. Além disso, os sindicatos também alegam uma mudança na missão da instituição, destinada, historicamente, a atender o interesse social. O caso mais recente envolve uma agência localizada na Avenida dos Holandeses, no bairro Calhau, em São Luís (MA), que deixará de oferecer atendimento à toda população e se destinará exclusivamente a clientes com renda superior a R$ 15 mil reais.

De acordo com o Sindicato dos Bancários, a agência Holandeses atende um número estimado entre 50 e 100 mil pessoas, residentes dos bairros Alto do Calhau, Vinhais, Cohafuma, Vila Conceição, Curva do 90, Renascença e até municípios vizinhos, como é o caso de Raposa.

Segundo decisão da Caixa, confirmada pela Superintendência, toda estrutura e funcionários serão transferidos e incorporados ao prédio da agência Conceição dos Mulatos, no piso 2, bairro Renascença. No lugar da Agência Holandeses, será implementado um P.A singular, de uso exclusivo de clientes de alta renda. A mudança estava prevista para ocorrer até o dia 31 de maio, mas o cronograma não se cumpriu.

Segundo o sindicato dos Bancários, a medida integra um movimento de reestruturação mais amplo que afeta todos os bancos seguindo tendências do mercado mundial, “esse processo não é pontual, perpassa vários governos. Não é um projeto de um partido político, mas um lobby do mercado financeiro, para que a Caixa ceda espaço aos bancos privados”, afirma Francisco representante do SEEB Maranhão.

O alerta evidencia não apenas o fechamento de uma agência, mas os potenciais impactos da medida na reconfiguração urbana da cidade, a transferência dos custos sociais e logísticos para a população mais vulnerável, a sobrecarga dos trabalhadores, a limitação do acesso a serviços essenciais e, por fim, a precarização do trabalho. “Quando se fala em atendimento bancário, são milhões de pessoas com renda reduzida, que terão que se deslocar para outras regiões. Em alguns casos, como no Bradesco, pessoas precisam viajar quase 200 km para acessar uma agência. Aqui, em São Luís, não será diferente. ”

Reestruturação nacional e déficit de funcionários

Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) demonstram que, nos últimos 11 anos, entre 2013 e 2024, a Caixa Econômica Federal enxugou em mais de 15% o quadro de funcionários, reduzindo de 98 mil para 83 mil empregados. O que é mais alarmante é que, nNesse mesmo período, o número de clientes atendidos cresceu, especialmente devido ao papel da Caixa na intermediação de benefícios sociais. Enquanto em 2013 cada empregado atendia, em média, 730 clientes, atualmente são quase 1.850 por trabalhador.

Para o sindicalista o déficit tem produzido adoecimento entre os bancários, “hoje precisaríamos de aproximadamente 127 mil funcionários para dar conta da demanda, mas temos menos de 84 mil. A Caixa troca seis por meia dúzia, não repõe o quadro e os empregados continuam adoecendo, com excesso de trabalho e filas intermináveis”, afirma Francisco Sousa.

As reivindicações não se opõem ao processo de modernização do banco, mas trazem outras perspectivas prioritárias, defendendo uma participação mais ativa da sociedade. Segundo o representante, o foco deve ser na ampliação da rede, na reestruturação do quadro de funcionários e nas melhorias na ambiência das agências; e não no fechamento de unidades já consolidadas. “Não é só o cliente de alta renda que merece um atendimento adequado. O povão também precisa sentar numa cadeira boa, ser atendido com dignidade”, conclui o sindicalista.

O outro lado

A Agência Tambor entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para esclarecimentos sobre o assunto. Até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno.

Assim que a empresa se pronunciar sobre o tema, a matéria será atualizada.

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