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Filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho” tem sessão especial seguida de debate

Transcriação do clássico da literatura brasileira “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, o filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, com direção de Bia Lessa, estrelado por Caio Blat (Riobaldo) e Luiza Lemmertz (Diadorim), chega em São Luís nesta terça-feira, 15 de outubro, às 19h, no Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) – rua Henrique Leal, 149, Centro Histórico.

Após a exibição haverá debate aberto com Bia Lessa, Clara Lessa, Isis Rost, Jurandir Eduardo, Luiza Lemmertz e Michele Cabral.

Com distribuição da Filmes do Estação, dentro do projeto Mãos à Obra, o filme já foi exibido em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, entre outras cidades.

O título do longa-metragem é retirado do livro, assim como as falas do filme, que narra a trajetória do jagunço Riobaldo, enfrentando demônios pessoais entre guerras pelo Sertão. O lançamento do filme se multiplica através do projeto Mãos à Obra, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, São Luís, Fortaleza, Salvador e Porto Alegre, onde estão sendo promovidos encontros com a diretora e o elenco, e desenvolvidas diversas atividades em torno do universo de criação do filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”.

Fazem parte deste projeto a apresentação do making off da peça dirigida por Bia Lessa em 2017, além do documentário “Onde Nascem as Ideias”, de Carolina Sá, e do filme “A terceira Margem do Rio” (1994), de Nelson Pereira dos Santos.

No dia 15 de outubro, às 19h, assista ao filme, seguido por um diálogo com a diretora Bia Lessa e parte do elenco, incluindo Caio Blat, Luiza Lemmertz, Luiza Arraes e Leonardo Miggiorin.

Além dos filmes, será oferecida a oficina Processo Criativo, onde Bia Lessa abordará todas as faces da criação, desde a elaboração até a realização, passando pelo percurso que transforma uma ideia em obra. Clara Lessa e Luiza Lemmertz, do elenco do filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, também participarão da oficina.

Todas as instruções sobre inscrições na oficina, assim como a programação completa estão no link da página do filme no Instagram:

https://www.instagram.com/odiabonaruanomeiodoredemunho

“O Diabo na Rua no Meio do Redemunho” é o resultado de um longo trabalho de Lessa com a literatura de Guimarães Rosa. Bia Lessa diz: “Este filme vem do desejo de dialogar com a linguagem cinematográfica da mesma forma que Guimarães estabeleceu um diálogo com a língua portuguesa escrita e oral.” Ela fez uma exposição em 2006 no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com textos de Guimarães Rosa.

Depois, transformou o livro em peça de teatro, com a parceria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em montagem de enorme sucesso de público e de crítica, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio, no SESC, em São Paulo e em várias capitais brasileiras. E, durante a pandemia, entre 2020 e 2022, retrabalhou as histórias de Riobaldo, desta vez para o cinema, com os mesmos atores da peça.

O elenco reúne Caio Blat, Luiza Lemmertz, Luisa Arraes, Leonardo Miggiorin, Clara Lessa, José Maria Rodrigues, Lucas Oranmian, Daniel Passi, Elias de Castro e Balbino de Paula.

Sinopse:

Riobaldo, um jagunço (cangaceiro ou pistoleiro) revive sua vida turbulenta no sertão. Ele relata suas experiências como membro de dois bandos inimigos entre si, um bando liderado por Joca Ramiro e o outro, por Zé Bebelo. Posteriormente, assume a liderança do bando após a morte de Ramiro. O enredo é marcado pela presença de um personagem enigmático chamado Diadorim, que se torna o grande amor de Riobaldo e despertando neste inúmeras questões: “Aonde está o Demo? Está fora ou dentro do homem? Como um homem pode amar outro homem? Coração da gente – o escuro, escuros…” Diadorim é um mistério constante para Riobaldo e a verdadeira identidade de Diadorim é revelada apenas no clímax da história.

A narrativa é não linear, com reflexões filosóficas entrelaçadas com cenas detalhadas da vida e das batalhas sangrentas no sertão, incluindo crenças populares, lendas e tradições. No cerne estão as questões de dualidade, ambiguidade e conflito interior. Riobaldo constantemente lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. A relação entre Riobaldo e Diadorim simboliza muitos desses temas, explorando a complexidade da identidade, gênero e afetos profundos.

Sobre Bia Lessa

Bia Lessa, artista multimídia brasileira, autodidata, realizou trabalhos nas áreas de cinema, teatro, música, ópera, instalações, exposições, museus e arquitetura. Em cinema, realizou três longas-metragens: “Crede-mi”, a partir da obra “O Eleito”, de Thomas Mann, “Então Morri”, prêmio de melhor longa-metragem na categoria Novos Rumos do Festival do Rio, e o filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, a partir da obra de João Guimarães Rosa, com o qual participou do Festival do Rio 2023.

Realizou a minissérie “Cartas ao Mundo”, a partir da obra de Glauber Rocha, um documentário intitulado “Scar”, sobre a violência contra a mulher, para o Southbank Centre em Londres, e “Casa de Bonecas”, de Ibsen. Seus espetáculos e filmes foram apresentados no Centre Georges Pompidou em Paris, no Festival de Outono de Madri, no Festival Theater der Welt na Alemanha, no Festival de Cinema Berlinale em Berlin, no SommerTheater Festival, em Hamburgo, no Sigma Festival, em Bordéus, no ZurcherTheaterSpektakel, em Zurique, no Festival Internacional de Teatro de Caracas, no Festival desAmeriques, em Montreal, no Festival Dumaurier, em Toronto, no Festival de Cadiz e no Festival de Cinema de São Francisco, Biarritz, Shangai, Jerusalém, Calcutá, Praga, Brisbane, Munique, Colônia, Dusseldorf, Nova York etc.

Seus primeiros trabalhos em teatro não tinham nomes, e sim números: “Ensaio Número 1”, “Ensaio Número 2” e assim sucessivamente, reforçando a ideia de um pensamento que se desenvolve a partir do raciocínio anterior. Sua trajetória cênica foi calcada por espetáculos experimentais, desenvolvendo um trabalho de pesquisa rigoroso que privilegiou levar à cena obras literárias. Montou, ao longo de sua trajetória, grandes obras literárias, como “Os Possessos”, de Dostoiévski, “O Homem Sem Qualidades”, de Robert Musil, “Orlando”, de Virginia Woolf, “A Terra dos Meninos Pelados”, de Graciliano Ramos, “A Tragédia Brasileira”, de Sergio Sant’Anna, “Viagem ao Centro da Terra”, de Júlio Verne, “A Cena da Origem”, transcrição de Haroldo de Campos de trechos da Bíblia Sagrada (Eclesiastes e Gênesis). Recentemente, montou “Macunaíma”, de Mario de Andrade, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “Pi – Panorâmica Insana”, a partir das obras de autores contemporâneos.

Realizou importantes exposições, entre elas “Grande Sertão: Veredas” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição “Claro e Explícito” e “Itaú Contemporâneo”, no Instituto Cultural Itaú e a exposição “Barroco Brasileiro”, na Bienal do Redescobrimento. Realizou no Salão Nobre da ONU a performance “The SecondUnveiling”, a partir do painel “Guerra e Paz”, de Candido Portinari. Fez a exposição-manifesto “Cartas ao Mundo”, um tríptico dividido em três capítulos – “Asfixia”, “Mercadoria” e “O Comum” –, a partir da obra de Glauber Rocha.

Criou o “Pavilhão do Brasil” na Expo 2000 em Hannover, Alemanha e o “Pavilhão Humanidade 2012”, com Carla Juaçaba, durante a Rio +20, no Rio de Janeiro. Participou da criação dos museus Paço do Frevo, em Recife, e do Museu Casa de Cultura de Paraty. Inaugurou o Museu da Língua Portuguesa, com a exposição “Grande Sertão: Veredas”. Montou as óperas – “Il Trovatori”, “Aida”, “Don Giovanni”, “CavalleriaRusticana”, “Pagliacci” e “Suor Angelica” nos Teatros Municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O projeto MÃOS À OBRA

O projeto Mãos à Obra acontece nas cidades com intervenções artísticas, palestras, oficinas, vídeos e filmes a partir da obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, com concepção de Bia Lessa. As palestras e debates abordarão diferentes aspectos da obra, como sua linguagem, temáticas, além de explorar o processo criativo de Bia Lessa. As oficinas, por sua vez, oferecerão oportunidades de aprendizado e experimentação para os participantes.

Os filmes exibidos que compõem a Mostra Mãos à Obra serão “Onde Nascem as Ideias”, de Carolina Sá, produzido pela Samba Filmes, viabilizado pelo Curta! com financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), “Mutum”, de Sandra Kogut, as obras de Suzana Macedo “Poema desentranhado de uma nota de rodapé” e “Seres, Coisas, Lugares”, “A Terceira Margem do Rio”, de Nelson Pereira dos Santos, e “Outras Estórias”, de Pedro Bial. As palestras, os debates, as oficinas e exibições de longas, curtas, documentários e making of serão gratuitas.

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