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Margem Equatorial: o Maranhão agora vai!

Puxando as margens da esquerda e da direita em direção ao centro, uma nova promessa de prosperidade é anunciada no Maranhão: a exploração de petróleo na Margem Equatorial.

Já tivemos outros momentos eufóricos aqui, na surrada narrativa da modernização conservadora.

Nos anos 1980, o Projeto Carajás (Vale) e a Alumar. Em 2010 foi a vez do estelionato eleitoral chamado Refinaria Premium, que seria instalada em Bacabeira, para gerar “milhares de empregos”.

O embuste só serviu mesmo de propaganda para reeleger a governadora Roseana Sarney.

Vez por outra o ex-governador José Reinaldo Tavares anuncia projetos mirabolantes para o Maranhão. Recentemente, bodejou horrores sobre uma ferrovia de Açailândia até Alcântara…

É a velha lenga lenga de sempre: gerar empregos, desenvolver, crescer, distribuir renda…

A pergunta persiste: essa riqueza toda para quem?

E a resposta é óbvia: para os milionários e bilionários.

Entre embustes e coisas realizáveis, a exploração de petróleo na Margem Equatorial deve enfrentar críticas e resistências, mas ela virá por uma imposição do capital internacional.

O petróleo ainda é um dos principais ativos da agiotagem praticada no mercado global de energia.

Basta observar os golpes contra a democracia no Brasil e na Venezuela, ambos focados respectivamente nas petroleiras Petrobras e PDVSA.

A indústria do petróleo é uma das maiores concentradoras de renda do planeta.

Seria até ingenuidade tentar conter algo tão grande, empurrado pela ciranda financeira para acumular mais riqueza entre os bilionários.

No caso do Maranhão, a extração de petróleo pode ter impacto em um precioso bioma – o manguezal – fonte de produção e reprodução de alimentos para uma cadeia produtiva de peixes e mariscos.

Uma grande devastação na área de mangue vai ter impacto na sobrevivência de milhares de pescadores e extrativistas ao longo de uma larga faixa do litoral.

Se for implantada de forma violenta, sem diálogo, a retirada de petróleo na Margem Equatorial vai eliminar as fontes de alimento e renda de um variado contingente de trabalhadores e trabalhadoras da vida marinha.

Sem alimentos e fonte de renda, o que essas pessoas vão fazer?

Não se trata de previsão catastrófica para o litoral. É apenas uma reflexão sobre a realidade do Maranhão, já vive um tipo de guerra no campo, onde os “grandes projetos” do agronegócio dizimam as formas de vida dos povos e comunidades tradicionais e da agricultura familiar.

É uma realidade cruel a contaminação da água, do ar e do solo pelo veneno do agronegócio, provocando a expulsão de camponeses dos seus territórios.

Corremos o risco, num futuro bem próximo, de termos uma nova grande leva de migração do campo (e do litoral!) para as zonas urbanas dos municípios maranhenses e para São Luís.

Pessoas que perderem as suas fontes de sobrevivência virão para a capital tentar a vida, ou a sorte, se não caírem nas mãos de facções criminosas, pastores inescrupulosos ou coachs de empreendedorismo.

Como será uma imposição do mercado internacional, mais importante que tentar negar ou impedir a nova promessa de bonança, crescimento e riqueza para este Maranhão miserável, deve-se reivindicar um amplo processo de diálogo e respeito à legislação ambiental para algo tão impactante.

E, nesse diálogo, garantir compensações para garantir a sobrevivência das populações afetadas. É o mínimo que se pode ter, no sentido de mitigar os impactos e amenizar os agravantes de algo tão grandioso sobre os pobres pescadores, extrativistas e marisqueiros(as).

No meio de tantos falares exóticos, há quem diga até que São Luís vai virar Dubai.

Quando os bilionários do mundo inteiro vierem visitar essa Dubai para esbanjar as suas fortunas, vão ter de passar por Bacabeirinha e tomar banho em uma praia no Calhau, onde até a areia está contaminada por bactérias.

As praias poluídas e as obras mal feitas são duas amostras do atraso neste fim de mundo das sucessivas promessas de mudanças, prosperidade, desenvolvimento e outras euforias da grife made in Maranhão.

De tudo, só temos uma quase certeza. Com a destruição do cerrado pelo agronegócio, o Maranhão já vive o luminoso projeto de uma grande fogueira que vai transformar tudo em um amontoado de cinzas.

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