Fonte: Agenda Maranhão
“Dois amiguinhos de ATHENAS, Aroldo e Walter, filhos do sr. João Costa, finccionario da ULEN”.
O texto entre aspas acima é a legenda desta fotografia quando a imagem foi publicada, na edição de julho de 1940, da Athenas Brasileira, revista que circulou, no Maranhão, em meados do século XX, no tempo da administração do interventor (governador indicado pelo presidente da República) Paulo Ramos.
Lembrando que a imagem foi captada de uma página de papel de uma revista de mais de 80 anos.
Autoria da foto ainda é desconhecida.
Ulen & Company
Há poucas pesquisas sobre a presença da ULEN no Maranhão, que aconteceu até a década de 1950.
A Ulen & Company foi uma empresa, com sede em New York, EUA, contratada pelo Governo do Maranhão, na década de 1920, para efetuar a “construção das redes de abastecimento de água e de esgoto, fornecimento de energia elétrica para luz, tração e força, inclusive a instalação de maquinismo para prensagem de algodão” (Contrato ULEN, de 26 de março de 1923).
A empresa Ulen, possivelmente, iniciou, a partir deste contrato no Brasil, uma experiência internacional que se estendeu ao Irã, Polônia e Grécia e a outros países da América do Sul, como Colômbia, Bolívia, Chile e Uruguai.
Em São Luís, ofereceu serviços públicos urbanos em áreas como energia e transporte (bonde elétrico). Isso porque, até a década de 1920, a cidade ainda tinha iluminação pública de suas ruas e praças feita com base no azeite em lampiões instalados nos postes.
Fato de grande notoriedade para a época foi, justamente, a chegada da empresa norte-americana Ulen Company, com promessas para atender aos anseios da população, por meio de acordo com o Governo do Maranhão para a oferta de distribuição de energia e outros serviços.
Os serviços oferecidos pela Ulen na cidade foram objetos de elogios, mas, também de críticas. Jornais e periódicos da época não pouparam opiniões negativas sobre a gestão da empresa internacional.
Apontavam o que consideraram “o descomedido empréstimo realizado pelo Governo do Maranhão para honrar o contrato com a Ulen”.
“Repitamos ao exmo. Sr. Dr. Godofredo Mendes Vianna, Presidente do Estado do Maranhão, a publicar as cláusulas do empréstimo externo celebrando com a casa Ulen & Company” (Jornal Combate em 1925).
A Ulen primava pela prerrogativa de ter seu capital negociado no mercado internacional, gerando vantagens financeiras para acionistas nas bolsas de valores de Londres, Nova York, Toronto ou Paria.
Alguns pesquisadores avaliam que “o projeto Ulen configurou-se num verdadeiro oligopólio, concentrando uma miríade de nichos de serviços, denotando uma gestão administrativa bastante duvidosa, desconhecimento da realidade maranhense, contrato com vantagens nababescas e sérios prejuízos para a população beneficiária dos serviços”.
Crime da Ulen
Um pouco mais investigado por pesquisadores, mas, ainda com muita especulação e pouco empirismo, é o chamado “Crime da Ulen”, episódio ocorrido em 30 de setembro de 1933, na rua da Estrela, em São Luís, quando um bilheteiro de bondes da multinacional, José de Ribamar Mendonça, “matou, com dois tiros, um tal de John Harold Kennedy, suposto tio de John F. Kennedy, ex-presidente dos EUA, por motivo de honra pessoal e ódio de classe”, segundo algumas versões.