O grupo que domina a Prefeitura de São Luís há 30 anos tem uma espécie de formula mágica para ganhar as eleições.
A cada quatro anos a cidade é “invadida” por operações de asfaltamento e tapa buracos, proporcionando um verdadeiro milagre no visual das ruas.
É o que está acontecendo agora com a empreitada “São Luís em obras”, o novo mote publicitário desencadeado já quase no fim do segundo mandato do prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT).
Claro que sozinho o asfaltamento não ganha eleição. Existem outros ingredientes muito mais quentes no jogo da campanha do 12.
Mas, do ponto de vista da cosmética, asfalto rende voto e demonstra o nível do atraso de São Luís na infraestrutura, uma capital que não tem pavimentação adequada sequer nas vias principais.
Quem trafega do Canto da Fabril até a praça Deodoro, no coração da cidade, pode perceber o quanto estamos defasados no item pavimentação, vivendo uma São Luís do tempo das estradas carroçais do século XIX.
Transitar pelo antigo Caminho Grande é uma experiência do passado, atravessando lombadas, costelas de vaca, depressões, falhas de todos os tipos.
Mas, todos os anos esses defeitos são reparados e o eleitor vota novamente na gestão do asfalto.
Dois outros aspectos merecem destaque nessa análise: 1) as obras são sempre mal feitas porque ensejam outros contratos com as empreiteiras; 2) não há transparência quanto ao uso do dinheiro público nas operações de asfaltamento e tapa buracos.
No pragmatismo eleitoral é tudo muito bem organizado, de tal forma que se despejam vultosas somas de dinheiro em obras mal feitas e outras montanhas de reais em propaganda para divulgar as operações.
Talvez tenha até mais propaganda que obra real; portanto, mais dinheiro nos anúncios que no chão.
Além do asfalto, outros ingredientes da cosmética contam no visual. Sempre nas vésperas do período eleitoral a Prefeitura manda capinar os matagais na cidade e também pintar de cal os canteiros, muitos deles quebrados.
Tudo isso junto – asfalto, capina e cal – sempre funciona e ajuda a manter o mesmo grupo no comando da administração de São Luís há três décadas.
Nesse final de ano de 2019 a Prefeitura antecipou a invasão das máquinas de asfaltamento e tapa buracos. Geralmente essas ações ocorrem logo depois das chuvas, bem perto da eleição.
A antecipação pode ter ocorrido porque um dos candidatos a prefeito, Eduardo Braide (Podemos), parece ameaçar o mandonismo do grupo que há 30 anos controla a cidade.
A liderança de Braide chega a preocupar, nesse momento, mas não será fácil tomar a Prefeitura do PDT. E mesmo se tomar, pouca coisa muda, ou quase nada, considerando que Edivaldo Holanda Junior e Eduardo Braide são frutos jovens da velha árvore política do Maranhão.
Imagem destacada / divulgação: prefeito Edivaldo Junior, de camisa rosa, supervisiona tapagem de buracos ao lado do então vice-prefeito e hoje senador Roberto Rocha