A recomendação da Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) no Maranhão sobre a participação de religiosos nas atividades de cunho eleitoral está correta quando vigia a drenagem de recursos dos templos para financiar eleições.
Com grande capacidade de arrecadação, as igrejas, principalmente evangélicas, podem tornar a disputa eleitoral desigual se financiarem determinadas candidaturas.
Neste aspecto – a fiscalização sobre o despejo de dinheiro dos templos em campanhas – a PRE está coberta de razão.
Mas, a PRE comete um deslize ao censurar membros e lideranças de entidades religiosas em eventos de campanha.
Pais, filhos e mães de santo, padres, pastores, capelães e fieis de qualquer religião são livres para optar por candidaturas e participar de atos políticos até mesmo nos templos.
Não existe pregação religiosa neutra. A bíblia e a vida de Jesus são obra e testemunho político-ideológico.
O Estado é laico, mas os religiosos devem ser livres para escolher as candidaturas que lhes convier.
Cercear a participação de religiosos em atos de campanha provoca desigualdade e até discriminação no conjunto de organizações que atuam direta ou indiretamente nas eleições.
Afinal, sindicatos, associações, organizações filantrópicas, esportivas, culturais e entidades dos mais diversos naipes têm ampla liberdade para participar dos processos eleitorais.
Por que as igrejas não podem?
Quanto ao emprego de recursos das igrejas nas eleições, que pode caracterizar financiamento de campanha, a PRE acerta se vigiar com rigor as organizações religiosas que drenarem o dízimo dos fiéis aos candidatos.
Aí sim, é uma boa ação da PRE.