Depois de muitas especulações e insegurança, Roseana Sarney (MDB) finalmente se manifestou sobre a candidatura ao governo do Maranhão em 2018.
No seu discurso de 19 minutos em que anunciou a decisão de ser candidata, uma frase desenha o principal “vamos enfrentar muitos obstáculos”.
Está nesse trecho a senha para entender o quanto será difícil fazer uma campanha sem a máquina do governo e o chicote na mão para açoitar os prefeitos.
A filha de José Sarney sempre fez campanha com muitas armas e exércitos ao seu dispor: 1) controle dos cargos federais no Maranhão; 2) a máquina do governo estadual; 3) maioria folgada nas bancadas federal e estadual; 4) controle absoluto sobre os meios de comunicação, principalmente os sistemas Mirante e Difusora; apoio das multinacionais Vale do Rio Doce e Alumar; 5) domínio sobre os currais eleitorais dos prefeitos; 6) poder de mando nos maiores partidos e coligações com a maioria esmagadora das legendas de aluguel;
Tudo isso convergia para que ela fizesse campanha nos cenários mais favoráveis, apenas para cumprir os rituais da eleição, mesmo assim utilizando métodos heterodoxos como a famosa farsa do morto-vivo Reis Pacheco.
Leva-se ainda em consideração, nas eleições passadas, a força política de José Sarney no cenário nacional, sempre ocupando postos elevados no staff da República, atraindo o poder de Brasília para manter a hegemonia no Maranhão.
Em 2018, resta para Roseana Sarney pouca munição e um exército cambaleante. Ela não está acostumada a fazer campanha sem a chave do Palácio dos Leões.
O poder de do pai em Brasília não é mais o mesmo.
Até mesmo seus correligionários fiéis nos bons tempos da fartura do dinheiro público abandonaram o barco. Figuras como Gastão Vieira e Pedro Fernandes já estão militando na base de Flávio Dino.
O dinheiro das doações será mais vigiado e a fragilidade do grupo que sempre lhe deu sustentação vai ter influência negativa na drenagem do financiamento de campanha.
Tudo isso e muito mais será computado no dia a dia da campanha. Em 2018, diferente de todas as facilidades que teve na vida, Roseana está fora do poder oficial.
Esse fantasma de não mandar no dinheiro público vai atormentá-la a campanha inteira.
Apesar da bravata de hoje, Roseana é oposição. E isso faz toda a diferença.
Foto: reprodução / O Imparcial