Neto da Arena, filho do PDS com o PFL, o Democratas é a legenda mais disputada no mercado eleitoral no Maranhão.
Principal resíduo da ditadura militar e esteio da direita brasileira, protagonista do impeachment da presidente Dilma Roussef (PT), eis que o Democratas é a noiva virgem à espera de um bom casamento.
A corte ao partido ficou mais intensa após a movimentação do deputado federal José Reinaldo Tavares para fazer o terceiro palanque da eleição para governador.
Tavares, dissidente do governo Flávio Dino (PCdoB), tenta capturar o Democratas para impulsionar o projeto de candidatura do deputado estadual Eduardo Braide (PMN) ao Palácio dos Leões (releia aqui).
Simultaneamente, o governo articula o apoio do Democratas na chapa comunista, com o objetivo de aniquilar os planos de José Reinaldo.
A favor do deputado dissidente conta o lançamento da candidatura presidencial de Rodrigo Maia. Se vingar o palanque nacional do Democratas, as chances de uma composição demo-comunista no Maranhão diminuem.
No plano nacional, o governador Flávio Dino tende a cerrar fileiras com o PT, PDT, PSB e o seu próprio partido, PCdoB, que já lançou a pré-candidatura da deputada estadual Manuela D’Ávila à Presidência da República.
Contra José Reinaldo há um fato recente que fragiliza suas pretensões de controlar a legenda. Na convenção nacional do Democratas, quinta-feira (8), em Brasília, o partido foi inflado com a filiação de várias lideranças em um grande ato político onde, estranhamente, o próprio Tavares não compareceu.
Há quem veja na inflação do Democratas as digitais do Palácio dos Leões, visando impedir o domínio do partido por José Reinaldo Tavares.
Faz sentido. Entre os novos democratas estão figuras de proa do governo Flávio Dino, como o secretário de Educação Felipe Camarão e o deputado estadual Rogério Cafeteira, líder governista na Assembleia Legislativa.
Esse é o retrato de hoje, mas pode haver mudanças.
A candidatura presidencial do Democratas deve estimular palanques estaduais convergentes. É um cenário que favorece o nome de José Reinaldo Tavares ao Senado e Eduardo Braide governador, alinhados a Rodrigo Maia.
Flávio Dino tem a seu favor a força gravitacional do Palácio dos Leões, sempre capaz de costurar alianças improváveis, em nome do pragmatismo eleitoral de todos os governos.
Sendo assim, pode haver casamento entre o PCdoB e o Democratas, isolando José Reinaldo Tavares no projeto da candidatura de Eduardo Braide.
Vingando esse cenário, o deputado dissidente volta para a sombra de Flávio Dino e se acomoda com outro mandato de deputado federal.
E tudo fica em paz.