Uma reportagem sobre aborto seguro e legal, produzida pela revista AzMina, provocou uma onda de represália às autoras nas redes sociais. Ativistas da extrema direita acusaram a publicação e as jornalistas de cometerem crime ao produzir o texto com esclarecimentos e orientações sobre os casos em que o aborto é permitido.
A matéria, baseada nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a realização de aborto seguro e legal no Brasil e em outros países, chegou ao conhecimento da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que reagiu anunciando uma denúncia contra a revista.
.A ministra será recepcionada de duas formas nesta quarta-feira (24), no Maranhão: com homenagem e protesto.
Na Assembleia Legislativa Damares Alves receberá a Medalha Manuel Beckman, honraria mais importante da Casa, proposta pela deputada evangélica Mical Damasceno (PTB), filha do pastor Pedro Aldi Damasceno, uma das principais lideranças da igreja Assembleia de Deus.
Em contraponto à homenagem, ativistas dos movimentos sociais, partidos de esquerda, organizações de defesa das mulheres, feministas e estudantes vão realizar um protesto para denunciar a homenagem e a postura da ministra sobre vários temas relacionados aos direitos humanos, liberdade religiosa, tolerância e pluralidade.
Segundo a organização do protesto, a postura da ministra Damares Alves “representa o ódio, a intolerância, a mentira, o preconceito, as milícias, a LGBTIfobia, o racismo, o machismo, o fascismo, a corrupção, o fundamentalismo religioso e o farisaísmo. Junte-se a nós na luta por amor, liberdade e justiça social!”
Nas redes sociais a convocação do protesto, denominado Dia da Vergonha, tem a hastag #ElaNão
Sobre AzMina
AzMina é uma instituição sem fins lucrativos e tem o objetivo de combater os diversos tipos de violência contra as mulheres brasileiras, utilizando, entre outros meios, reportagens jornalísticas divulgadas na revista AzMina, uma publicação online e gratuita para mulheres.
Sobre a polêmica e a reação da ministra Damares Alves, AzMina reitera que seguiu as regras do bom jornalismo, baseado em fontes seguras. “Na reportagem, nossa diretora de redação Helena Bertho conta como o aborto é feito de forma segura nos países em que ele é permitido. Tratamos a interrupção de uma gestação no campo a que ela pertence e como é encarada nos países desenvolvidos: como um assunto de saúde pública”, explicou a publicação.