Categorias
notícia

Travessia para Alcântara: Capitania dos Portos fará vistoria na lancha Bahia Star, após panes no motor

São cada vez mais constantes os relatos e as denúncias sobre a má qualidade do transporte marítimo que faz a travessia para Alcântara, cidade histórica localizada no litoral do Maranhão.

O episódio de perigo mais recente ocorreu sexta-feira, 11 de julho, pela manhã, quando a lancha Bahia Star teve pane mecânica no trecho da baía de São Marcos.

Depois de várias manobras e tentativas de conserto, a lancha conseguiu chegar até a Ilha do Livramento, nas proximidades de Alcântara, onde o motor pifou novamente e a embarcação não pode atracar no porto da cidade.

Após as panes do dia 11 de julho na Bahia Star, o desembarque em Alcântara ocorreu em pequenas embarções artesanais

O desembarque ocorreu de forma “remota”, ou seja, com o auxílio de pequenas embarcações artesanais (canoas e bianas) que se deslocaram até a lancha e transportaram os passageiros para o cais de Alcântara.

FISCALIZAÇÃO

A reportagem ouviu a Capitania dos Portos sobre o episódio. Segundo o 1º Tenente da Marinha do Brasil, De Lavor, Chefe do Departamento de Segurança do Tráfego Aquaviário, a embarcação Bahia Star será periciada nesta quarta-feira (16 de julho) por uma equipe de inspetores navais. Serão verificadas a documentação, os livros de registro das viagens, a praça das máquinas, os motores principal e auxiliares, além da estrutura elétrica e hidráulica. “Será uma inspeção minuciosa. A partir dessa vistoria, se constatadas irregularidades graves, a embarcação poderá ser suspensa de navegação e terá um prazo para corrigir eventuais avarias”, acentuou De Lavor.

Além da Bahia Star, mais duas embarcações prestam o serviço: os iates Barraqueiro e Cidade de Alcântara. A travessia pode ser feita ainda em catamarãs.

Embora o tempo de navegação entre a capital do Maranhão (São Luís) e Alcântara seja relativamente pequeno (1 hora e 20 minutos), as embarcações atravessam o temeroso Canal do Boqueirão, trecho de maresia forte e uma referência de perigo até para os navegadores mais experientes.

As três embarcações servem os moradores e visitantes brasileiros e estrangeiros que diariamente fazem a travessia para Alcântara, território étnico de alto potencial turístico pelas características quilombola e arquitetônica. As ruínas dos casarões, sobrados e palácios, remanescentes do século XVIII, proporcionam a fruição de um museu a céu aberto na área urbana do município.

Em 1983, a Aeronáutica ocupou mais da metade da área do município (52 mil hectares) para instalar o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), uma plataforma de lançamento de foguetes com o objetivo de colocar satélites na órbita da Terra.

Mesmo com todas essas características, a cidade ainda carece de embarcações mais confortáveis e eficientes. Fica aqui o alerta também para a fiscalização da lancha e dos iates, de responsabilidade da Capitania dos Portos (Marinha do Brasil).

ACIDENTES E MORTES

Em dezembro de 1998, um incêndio na lancha “Bate Vento”, que transportava 107 pessoas, resultou em três mortes e vários feridos. A tragédia só não foi maior porque a lancha ainda estava nas proximidades de Alcântara, facilitando o socorro.

em 2015, o catamarã Carcará naufragou nas proximidades do Espigão da Ponta d’Areia, em São Luís. A embarcação já havia sido denunciada aqui no Blogue do Ed Wilson, quando fez uma viagem de alto risco.

Apesar da denúncia, o Carcará continuou navegando sem manutenção, até que naufragou, em novembro de 2015, nas proximidades do Espigão, na praia Ponta d’Areia.

Por sorte dos passageiros e tripulantes, o naufrágio ocorreu perto da costa, facilitando o socorro. Não houve óbitos.

Naufrágio foi notícia nos principais meios de comunicação do Maranhão (print do G1)

Embora o naufrágio tenha ocorrido em um catamarã, fica aqui o alerta para a Capitania dos Portos e para as empresas proprietárias da lancha Bahia Star e dos iates Barraqueiros e Cidade de Alcântara no sentido de melhorar a fiscalização e a manutenção das embarcações, respectivamente.

Alcantarenses e turistas merecem transporte de qualidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *