No mesmo lugar, em momentos distintos, encontrei duas pessoas apaixonadas por suas respectivas candidaturas: Flávio Dino (PCdoB) e Roseana Sarney (PMDB).
Cada uma elogiava efusivamente a sua escolha e defendia o voto na volta da “guerreira” ou na continuidade da mudança.
Eleição é isso, momento de exacerbação das paixões e enaltecimento dos afetos.
Após ouvir meus interlocutores, elaborei esse texto para indagar os leitores sobre o real interesse de uma eleição fundamental para o Maranhão.
Fundamental por dois motivos: 1) pode impor uma derrota quase sem volta à pessoa José Sarney (devido ao tempo), mas não ao sarneísmo; 2) no caso da reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), implica em especular sobre o futuro do Maranhão pós-segundo mandato dinista.
Vendo os links de blogs em grupos de whats app, quase todas das candidaturas disponibilizam notícias sobre eventos dos mais variados tipos.
O candidato “x” fez isso e aquilo, o “y” recebeu apoio deste ou daquele prefeito, o “z” celebra a adesão de deputados e lideranças… e por aí vai.
Outra parte do noticiário dedica-se aos ataques pessoais, algumas vezes emoldurados em “fake news”, com o objetivo de atingir a honra das pessoas.
O Maranhão de 2018 ainda guarda resquícios do passado, da política anacrônica, dos maus hábitos que só prejudicam o interesse público.
O que tem a dizer Roseana Sarney, depois de quase 50 anos em que sua família dominou o Maranhão?
Roberto Rocha cresceu em mordomias. Filho de governador, tem convicção de que o Palácio dos Leões tem de ser a sua morada, novamente, por obrigação do povo.
A eleição polarizada entre Flávio Dino e Roseana Sarney oculta outras candidaturas relevantes, como as do PSOL e PSTU, por exemplo. Eles têm o que dizer e propor e precisam ser ouvidos e noticiados, a bem do interesse público e da democracia.
O PCdoB do governador Flávio Dino reeditou os “Diálogos pelo Maranhão” de 2014 e fez as “Escutas Territoriais”. Espera-se que destes eventos saia um programa de governo consistente e amplamente divulgado.
Mas, até agora, ganharam visibilidade a política de alianças, o jogo da demonstração de forças das coligações que reúnem o maior número de partidos, os insultos e as agressões, fake news e todas as outras armas de antigamente.
Ter muitos partidos aliados nem sempre é o caminho da vitória com sucesso. Veja-se o exemplo de Lula/PT com o PMDB, ainda por cima achando que as Organizações Globo eram amigas do PT…
Josimar Maranhãozinho está engajado em qual mudança?!
Enfim, o que menos se debate é programa de governo, as diretrizes, caminhos e metas para o Maranhão se desenvolver.
Priorizam-se as fórmulas mágicas dos programas de TV, as famosas maquetes e promessas de sempre, desprezando o debate essencial para o interesse público.
Penso que nesta eleição devemos exigir o bom debate, pautado em programas de governo, como deve ser uma eleição.
Deixar que a terra arrasada domine o pleito só serve para despolitizar a política.
Voltando aos meus interlocutores apaixonados do início do texto, disse a eles que não sou obrigado a escolher entre os candidatos ao Senado Edison Lobão/Sarney Filho x Roberto Rocha Eliziane Gama, sob o argumento de que precisamos derrotar o coronel de qualquer jeito.
Esse pragmatismo e as paixões exacerbadas resultaram no golpe e em outros despautérios.
É óbvio que entre Flávio Dino e a volta de Roseana Sarney existem diferenças abissais e não há qualquer chance de votar no passado. Aposto na reeleição do governador.
Mas, não basta um ajuste ao pragmatismo eleitoral. Queremos de fato e concretamente, no programa de governo e na condução da gestão, um contraponto real a José Sarney e à sua herança maldita – o sarneísmo.