Os fatos recentes sobre o despejo da comunidade Cajueiro para a construção de um porto privado em São Luís, com capital chinês, extrapolaram o bom senso.
Usando um aparato policial exagerado e muita violência, o Governo do Estado não só acionou a Polícia Militar para garantir o despejo na zona rural como também para expulsar os manifestantes que estavam acampados no Palácio dos Leões.
A Polícia Militar agiu de forma desproporcional contra os acampados, lançando bombas de efeito moral e outros equipamentos repressivos com tal agressividade que causa espanto, indignação e revolta.
Quando tomou posse, o governador Flávio Dino afirmou em alto e bom som que os leões do palácio (sede do governo) nunca mais iam rugir contra o povo do Maranhão.
O que se viu ao longo desse dia 12 de agosto de 2019 foram mais que rugidos. Os leões usaram as suas garras para derrubar as casas de dia e desmobilizar o acampamento pacífico das pessoas pró-Cajueiro, à noite.
Esses fatos, de tão espantosos e aviltantes, deixaram perplexas até mesmo aquelas pessoas que pouco se manifestam sobre política no Maranhão.
Diante de tanta violência, só resta a indignação e a denúncia. Repetem-se, neste governo, as velhas práticas da oligarquia: o massacre contra os pobres.
A violência em Cajueiro é consentida porque lá estão lavradores, pescadores e extrativistas.
São tantas as injustiças no Maranhão… mas não se vê a mesma contundência da Justiça e da Polícia Militar para combater a grilagem e a violência no campo.
Pouco se nota a ação do sistema de Justiça e do governo para impedir a grilagem urbana ou o esquema de agiotagem nas prefeituras.
Bem ali, perto do Palácio dos Leões, a Prefeitura de São Luís conspira para mudar o Plano Diretor e reduzir a área rural da cidade em 40% visando atender aos interesses da especulação do grande capital.
Cajueiro é mais um passo na escalada do processo de modernização conservadora iniciada pela Vale e Alumar nos anos 1980 que não resultaram em melhoria da qualidade de vida da população, não reduziram as desigualdades e também não geraram empregos necessários.
Temos mais ônus que bônus com esses grandiosos empreendimentos que não se traduzem em desenvolvimento no sentido pleno.
Ainda sobre o despejo e a violência na porta do Palácio dos Leões, resta sempre insistir no diálogo como o melhor caminho para resolver o conflito.
Infelizmente, o governo preferiu as bombas de efeito moral, os tratores, as balas de borracha, as sirenes das viaturas e o choque.
Arrogância sem limites.