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A PM está perdendo o controle?

No conjunto dos trabalhadores da Segurança está fincada uma das principais bases do bolsonarismo. Essa ampla camada de brasileiros sente-se contemplada pelo espírito bélico e autoritário do presidente, alcançando desde guarda municipal até general.

O episódio do perdão ao ex-ministro e general Eduardo Pazuello é uma espécie de humilhação ao Exército.

Embora o conjunto das Forças Armadas não se coloque aos pés de Jair Bolsonaro, as instâncias média e baixa da área de Segurança estão “fechados” com a reeleição do presidente em 2022.

Alguns sinais precisam ser observados: 1 – A rebelião da PM no Ceará, naquele episódio em que o senador Cid Gomes (PDT) foi baleado; 2 – A repressão de um grupo de policiais, sem comando, contra manifestantes em Recife, durante o ato “fora Bolsonaro”; 3 – A detenção (pela PM de Goiânia) de um dirigente do PT, motivada por uma faixa estendida no capô do carro com a frase “fora Bolsonaro genocida”; 4 – A violência de um guarda municipal em Balneário Camboriú contra os organizadores de uma festa de rap.

O caso mais grave foi registrado em Recife, onde nem mesmo o governador de Pernambuco sabe de onde partiu a ordem para o ataque da PM contra os manifestantes, que resultou em um homem cego após ser atingido por um tiro de bala de borracha.

Os atos antidemocráticos e todo o conjunto de manifestações pró-ditadura sincronizam o bolsonarismo armamentista, militarista e fanático.

Não há motivos para generalização, mas as quatro situações mencionadas dizem respeito a algumas práticas não pertinentes às regras da área de Segurança, como quebra de hierarquia e ação sem comando.

Tudo isso serve para refletir sobre um possível cenário da eleição de 2022. Algumas avaliações projetam um alinhamento de Jair Bolsonaro com as ações de Donald Trump após a derrota na eleição presidencial dos EUA, quando ele se recusou a reconhecer o resultado e convocou seus adeptos fanáticos para uma tresloucada invasão do Capitólio.

Bolsonaro vem repetindo seguidamente que a urna eletrônica adotada pela Justiça Eleitoral do Brasil não é confiável. Ele prega a o retorno do voto impresso como forma de emoldurar o jogo da dúvida sobre a máquina de votar. Esses movimentos não estão ocorrendo por acaso.

Bolsonaro prepara terreno para um cenário tenebroso no próximo ano.

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