O nazismo e fascismo, com as suas variantes na Espanha (franquismo) e em Portugal (salazarismo), têm algumas características comuns e algumas delas renascem nos cenários contemporâneos nos Estados Unidos (Donald Trump) e no Brasil (Jair Bolsonaro).
As narrativas desses regimes totalitários estão assentadas em alguns “padrões”, tais como: o fanatismo pelo líder; a propaganda de massa combinada a desinformação (fake news); a restauração da ordem; a maldição de um inimigo e a obsessão por eliminá-lo; a volta a um certo tempo glorioso vinculada ao bordão de que a nação “será grande outra vez”; e o ideal de superioridade.
No geral, observando algumas variações, esse é o caldeirão político e cultural que levou o nazista Adolf Hitler ao poder na Alemanha, o fascista Benito Mussolini na Itália, o general Francisco Franco (franquismo) na Espanha e o Antônio de Oliveira Salazar (salazarismo) em Portugal.
A ascensão de Jair Bolsonaro no Brasil ocorre no processo de crescimento do tradicionalismo e da onda conservadora que alcançou outros países, a exemplo dos Estados Unidos (Donald Trump).
Embora não tenha um contorno definido de um regime totalitário, o Brasil atual reúne vários marcadores do nazismo e do fascismo. Vejamos:
1 – O fanatismo pelo líder: baseia-se na crença absoluta dos seguidores de Jair Bolsonaro, em qualquer circunstância;
2 – A propaganda de massa e a desinformação (fake news): uso dos meios de comunicação para persuadir os seguidores com a propagação e a publicidade da narrativa conservadora e obscurantista, lançando mão de mentiras e teorias conspiratórias;
3 – O projeto de “restauração da ordem”, sob a insígnia de amor à pátria, à família e aos valores tradicionais;
4 – A maldição de um inimigo e a obsessão por eliminá-lo. Durante a campanha de 2018 houve uma intensa campanha depreciativa contra “a esquerda” e o PT. No momento atual da pandemia ocorre a construção de um novo inimigo – os governadores – que estariam boicotando o presidente;
5 – O retorno a um certo tempo glorioso e ao ideal de superioridade. Donald Trump: “A América voltará a ser grande outra vez”; Adolf Hitler: “A Alemanha acima de todos”; Bolsonaro: “O Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”
Em linhas gerais, essas marcas simbólicas estão disseminadas nos atos e nos gestos que compõem a estrutura retórica do bolsonarismo.
Imagem destacada / Donald Trump e Jair Bolsonaro, sentados em poltronas, dão aperto de mão durante evento do G20, no Japão, em junho de 2019. Foto / Alan Santos / PR / Agência Brasil