O ex-presidente José Sarney, em artigo intitulado “Hiroshima e o Capitólio”, afirma que a invasão do parlamento dos Estados Unidos pelos partidários do presidente Donald Trump acabou com um símbolo sagrado – o sonho americano, embalado nos princípios da democracia e da liberdade.
Trump é comparado a Bin Laden e, segundo José Sarney, deve ser banido da política.
No entanto, o texto não menciona que os Estados Unidos (EUA) são um país imperialista responsável por golpes e diversas atrocidades mundo afora, inclusive durante o período da ditadura militar no Brasil.
Sarney chega a dizer que o triunfo dos EUA “não advém do poder econômico e sim dos ideais de dignidade e direitos humanos”.
Este país exemplar, segundo o texto, está agora abalado pelos atos tresloucados da horda trumpista que invadiu o Capitólio.
Depois da louvação ao sonho americano, o autor diz que a partir de agora os Estados Unidos estão sem autoridade para pedir respeito aos direitos e à igualdade.
Como assim?! Por acaso os EUA respeitaram os países onde perpetraram golpes?
Os presidentes democratas e republicanos de todos os tempos atropelaram a soberania dos países latino-americanos.
Durante a preparação do golpe civil-militar de 1964 no Brasil, o embaixador Lincoln Gordon atuou nos bastidores para violar a democracia no Brasil.
Gordon foi o embaixador dos EUA no Brasil durante o famigerado programa denominado “Aliança para o progresso”, uma das ações direcionadas para promover a instabilidade política que culminou no golpe contra o presidente João Goulart.
Detalhe: Lincoln Gordon ocupou o cargo de luxo na embaixada (1961 e 1966) durante os governos de John Kennedy e Lyndon Johnson.
Quem ler o artigo de José Sarney precisa assistir ao documentário “O dia que durou 21 anos” e comparar as narrativas.
A “mancha indelével na História” não é só de Trump. É dos EUA imperialista, belicoso e violador da democracia nos quatro cantos do mundo.