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Artigo de Emílio Azevedo avalia o cenário eleitoral de 2020

Nós nas eleições de 2020

Emilio Azevedo*

Estou absolutamente convencido – ao ver a presença da extrema-direita no Brasil – que qualquer aprimoramento democrático passa por eleições.

Essas mesmas eleições devem fazer parte de um processo maior, onde um campo democrático precisa ampliar as organizações de base, intensificando o investimento em formação política e em mobilização popular.

As eleições devem ser um momento a mais de mobilização social, voltada para o interesse da maioria. Estamos longe disso… Mas temos que tentar, avançar, rever utopias, plantar novas sementes, regar as que já existem e, também, participar das disputas eleitorais.

Disputei o mandato de vereador de São Luís, neste ano de 2020. Nossa candidatura mostrou muita força política e insuficiente poder eleitoral. Fizemos apenas dois meses de campanha. Foi muito pouco. Isso refletiu nas urnas.

Tivemos o apoio incondicional de figuras notáveis, incluindo pessoas que tem seus nomes gravados na história de nossa cidade, com atuação nas áreas da educação, arte, cultura, saúde e sindical. Essa lista de apoios é bem razoável e não vou cair na tentação de listar os nomes, pra não correr o risco de omitir alguém. Todas e todos foram fundamentais. Mas se fosse enumerá-las, começaria por Irmã Anne, minha amiga, companheira e uma das apoiadoras desse projeto eleitoral. Do alto dos seus 96 anos, ela me ligou pra dar valorosos conselhos. Confesso que emociona ter o respeito, o apoio público e a confiança de várias pessoas pelas quais temos a mais profunda admiração. Anne é só um exemplo.

Tivemos também o apoio de amigos e amigas de longa data, de professoras e professores, assistentes sociais, de gente ligada a jornal e rádio, estudantes, pessoas simples, de jovens, trabalhadoras e trabalhadores que tem esperanças na política. Agradeço aqui a todas elas! São pessoas pelas quais tenho muito carinho, respeito.

Agradeço a todas que abriram suas casas e tentaram mobilizar suas comunidades a partir da Morada do Sol, Anjo da Guarda, Sá Viana, Vila Embratel, Madre Deus, Centro, Vila Passos, Caminho da Boiada, Liberdade, Bairro de Fátima, Coroadinho, Redenção, Sacavém, Vila Palmeira, Angelim, Apeadouro, João Paulo, Cohab, Cohatrac, São Bernardo, São Cristovão, Residencial Apaco, Cidade Operária, São Francisco, Renascença, Quintas do Calhau, chegando ao Maiobão.

Nossa ação na campanha

Denunciamos com o jornal Bandeira de Aço (uma homenagem a música de Cesar Teixeira, censurada pela ditadura), a grave questão envolvendo hoje o Plano Diretor de São Luís. É um assunto que muita gente ainda não entende, mas que precisa ser tratado. É uma das leis mais importantes de uma cidade, que precisa ser renovada de dez em dez anos, está vencida em São Luís desde 2016 e brevemente será encaminhada pela prefeitura, para ser avaliada pela Câmara Municipal.

Se o próximo prefeito repetir o comportamento ruim de Edivaldo Holanda, em relação ao Plano Diretor, nós teremos que reforçar bastante a resistência social, para evitar mais problemas relacionados a abastecimento de água, poluição, aumento do calor, despejo forçado de comunidades, entre outras mazelas. A indústria pesada e poderosas empresas da construção civil querem se apoderar do Plano Diretor de São Luís, que é a Lei que planeja nossa cidade. Isso é uma ameaça.

Com nossa candidatura a vereador, também atuamos em escancarada oposição a extrema-direita e, em particular, a liderança que hoje é exercida por Jair Bolsonaro, no Brasil.

Denunciamos também na campanha o gravíssimo problema da compra de votos, que segue interferindo estupidamente na eleição da Câmara Municipal de nossa cidade, degenerando consideravelmente nossas possibilidades democráticas. Vejo o Coletivo Nós (PT) como a exceção mais evidente a essa regra, entre os eleitos neste pleito de 2020, para o parlamento de São Luis. Ligados a Pastoral da Juventude da Igreja Católica, esse coletivo nos fez lembrar os melhores momentos do Partido dos Trabalhadores.

Estou no PSB. E fizemos campanha com Bira e Letícia. Lamento muito o fato de não ter havido uma coligação articulando PSB, PT e PCdoB em torno do nome de Bira. Isso certamente levaria o deputado federal do PSB para o segundo turno e daria uma chance a São Luís de ter como prefeito um político que está acima da média da classe política local (falo dos que estão na disputa real pelo poder institucional).

Nossa aliança com Bira foi pensada de forma estratégica, para além dessa campanha, levando em conta o necessário enfrentamento ao bolsonarismo e ao fato dele comandar o melhor mandato, entre os 21 parlamentares maranhenses que hoje atuam em Brasília (basta ver a lista dos nossos “representantes”).

Encerramos esse pequeno artigo deixando claro o seguinte:

1 – A partir da semana que vem, no dia 23 de novembro, seguirei na militância política diária junto a comunicação alternativa, onde estou há mais de dez anos, organizado atualmente na Rádio Tambor, localizada no Centro Histórico de São Luís. E seguirei com a responsabilidade e a autonomia política de sempre.

2 – Vamos nos posicionar sobre este segundo turno da eleição municipal da nossa cidade, numa decisão onde tentaremos ouvir apoiadores da campanha e também o PSB.

3 – Trabalharemos para fazer do PSB uma alternativa real para o campo democrático e popular do Maranhão. Trata-se de um partido importante da esquerda brasileira, articulado em 1945, que no Maranhão tem ligações históricas com as pastorais sociais e o movimento sindical rural, que teve no Brasil figuras como Francisco Julião (das Ligas Camponesas), Patrícia Galvão (a Pagu), Ariano Suassuna, Miguel Arraes, João Mangabeira.

4 – A partir do jornalismo, da comunicação popular, nosso lugar continuará sendo a política. Continuará sendo na militância diária, ao lado das organizações sociais, dos educadores populares, periferias, dos movimentos, dos indígenas, quilombolas, lgbts, mulheres, artistas, sindicalistas, ambientalistas, estudantes, professoras, professores, pesquisadoras e pesquisadores. Seguindo nesse processo, nossa intenção é continuar interferindo e participando diretamente nos futuros processos eleitorais.

É isso! Deixo aqui um grande abraço a todas e todos. E é evidente que a luta continuará!

*Emilio Azevedo é jornalista

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