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O NPC na utopia democrática

Já faz muito tempo….eu ainda era recém-formado em Jornalismo quando tive a chance de conhecer o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) e fazer um curso de redação jornalística.

À época eu trabalhava em assessoria sindical e os jargões da linguagem militante transbordavam para as páginas dos nossos jornais, carros de som e panfletos.

Escrevíamos e falávamos muito, mas comunicávamos pouco. Nossos leitores, em sua maioria, não digeriam com facilidade expressões do tipo “contra as reformas neoliberais de FHC”.

Mudei minha forma de escrever depois das lições de Vito Giannotti. “Puta que pariu”, bradava ele no meio da aula, ensinando que o jornal do sindicato deve ser simples, direto, objetivo e claro.

Desde então meus textos para jornal e internet têm no máximo quatro linhas no parágrafo.

Levo adiante a lição de Giannotti para todos os meus alunos, emendando o velho bordão: “difícil é escrever fácil”.

A verve deste militante socialista, que nos deixou em 2015, está vivinha da silva: “a luta continua, porra!”

Vito Giannotti vive e Claudia Santiago pulsa, levando em frente o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), uma entidade fundamental para a formação de gerações de jornalistas, estudantes, ativistas e dirigentes sindicais em uma área estratégica – a comunicação.

Nenhuma outra organização no Brasil tem sido tão perseverante e focada na formulação essencial da luta de classes: é preciso qualificar sempre a comunicação dos sindicatos e das organizações populares e comunitárias.

Qualificar sempre significa formação permanente, definição de estratégia, planejamento e uso da técnica, ferramentas e instrumentos de comunicação para informar, instruir, educar, esclarecer e mobilizar visando à disputa de hegemonia.

Durante o ano inteiro o NPC realiza cursos, oficinas, eventos em geral de formação e assessoramento para entidades sindicais e populares. Depois de percorrer o Brasil de janeiro a novembro, chega o momento de encontrar todo mundo.

Neste novembro de 2018 está sendo realizada a 24ª edição o Curso Anual do NPC, um verdadeiro mutirão de palestras, oficinas, eventos culturais, lançamento de livros e da carinhosa agenda temática.

O Curso Anual do NPC leva ao pé da letra a proposta de uma organização transformadora séria – estudar muito, sempre com palestrantes qualificados e temas de relevante interesse para a organização e a luta dos trabalhadores.

Todos os anos, em novembro ou dezembro, comunicadores deste imenso Brasil encontram-se no Rio de Janeiro para o Curso Anual do NPC. É um espaço para celebrar o aprendizado, as lutas, as conquistas, os desafios e as perspectivas. O evento serve também para chorar o leite derramado, disparar críticas até aos nossos potenciais aliados e dizer que, no poder, eles erraram feio na comunicação e caíram no golpe.

Nos eventos do NPC tem celebração, alegria das conquistas, resistência, garra, renovação de esperanças, choro, abraço, arte, lamento e as lembranças dos palavrões de Vito.

Muito mais poderia ser escrito sobre essa importante organização da dignidade brasileira que inspira, colabora e ajuda tanta gente boa neste país a fazer chegar aos trabalhadores a palavra certa na hora exata, seja no pequeno panfleto de papel ou no anúncio de TV.

De alguma forma as ideias do NPC ajudaram a germinar no Maranhão, através da Agência Tambor, uma experiência de comunicação popular, alternativa, independente e livre que já celebra oito meses com um uma produção jornalística diária – o Jornal Tambor.

Somos produto e produção das utopias de jornalistas, ativistas, sindicalistas, pesquisadores, movimentos sociais, mulheres e homens do campo e da cidade que sonham com uma sociedade democrática.

Que outros tambores rufem anunciando utopias pelo Brasil.

Viva o NPC!

Imagem: Vito e Claudia. Crédito: Jornal Brasil de Fato

2 respostas em “O NPC na utopia democrática”

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