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“Dinheiro não vale mais que as nossas vidas!” Antônia Cariongo fala do caos social e ambiental no Maranhão

Agência Tambor – A Lei da Grilagem de Terras (hedionda, racista e inconstitucional), a crescente violência contra comunidades rurais, os impactos negativos provocados pela duplicação da BR 135, as mortes provocadas pela criação de camarão em cativeiro e outros gravíssimos problemas vividos hoje no Maranhão foram assuntos abordados por Antônia Cariongo, em entrevista concedida para o Jornal Tambor.

Antônia Cariongo é uma das mais importantes lideranças quilombolas do Maranhão.

Ela tem uma atuação estadual e vivendo em seu quilombo, no município de Santa Rita, testemunha e resiste às violências que resultam da união entre os poderes público e privado, cometidas contra povos e comunidades tradicionais.

(Veja, no final deste texto, a entrevista de Cariongo, concedida ao Jornal Tambor no dia 2 de fevereiro)

Ao falar dos diferentes problemas decorrentes da mineração, avanço do agronegócio, além de obras de infraestrutura, Cariongo se emocionou ao lembrar dos assassinato de lideranças quilombolas. E a certa altura, disse que “o capital não vale mais que as nossas vidas!”

Entre os problemas vivenciados por esses territórios está a duplicação da BR-135. A obra para prosseguir depende de uma consulta prévia e deve ser feita ouvindo várias comunidades quilombolas que vivem ancestralmente nos territórios rasgados pela estrada.

“Faz sete anos que nós, os movimentos sociais, as comunidades quilombolas de Santa Rita e Itapecuru-Mirim entramos com ações na justiça contra esse empreendimento”, diz Cariongo.

“Não somos contra a duplicação da BR-135, desde que não prejudique a vida dessas populações”, completa.

Ao lembrar de ações que ameaçam a vida e os modos de sobrevivência dos quilombolas, quebradeiras de coco e outras populações, Cariongo criticou o decreto do governo estadual que cria os Polos Potenciais de Desenvolvimento da Carcinicultura do Maranhão (Podescar I).

“Esse projeto é de morte”, ressaltou a líder quilombola, justificando que a presença do camarão em cativeiro liquida a possibilidade de pesca na sua região. “Mais de 60% da população de Santa Rita pesca durante o verão”, computa.

Antonia Cariongo também criticou bastante a Lei da Grilagem de Terras, falando das graves consequências socioambientais. E destacou a importância da união das organizações sociais no Maranhão. “Não devemos desistir nunca”, completou.

(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa de Antônia Cariongo)

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