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Rótulo de “golpista” e disputa entre evangélicos prejudicam a candidatura de Eliziane Gama ao Senado

O governador Flávio Dino (PCdoB) soma pelo menos três critérios para escolher a deputada federal Eliziane Gama (PPS), vinculada à Assembleia de Deus (AD), como a segunda candidata ao Senado: partido, gênero e religiosidade.

Pela ordem dos critérios, temos o seguinte: o PPS soma na contagem geral dos partidos da base governista; a presença feminina equilibra e valoriza a chapa; o segmento evangélico sente-se representado na majoritária.

Ocorre que, além do racha nas igrejas (veja detalhes abaixo), a deputada tem rejeição no PT, legenda importante no tempo de propaganda na coligação de Flávio Dino.

Os petistas não cansam de recordar que Eliziane Gama votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff e, antes disso, tentou convocar o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva para depor na CPI da Petrobras.

Para o PT, a parlamentar evangélica cometeu dois pecados imperdoáveis.

Eliziane fez coro com a direita no impeachment. Foto: reprodução

Estes atos são intolerados na base petista, que não admite a escolha da deputada para compor a chapa majoritária liderada pelo PCdoB, partido-irmão do PT e de Lula desde 1989.

Filiado a uma legenda com denominação “comunista”, Flávio Dino (PCdoB) já sente o açoite do conservadorismo, somado à esperteza da oposição sarneísta, que enxerga até nos bons atos do governo alguma perversidade inspirada na foice e no martelo.

Assim, a presença evangélica na chapa acalma parte do eleitorado conservador. Mas, embora o governador tenha anunciado a composição majoritária, os 14 partidos da coligação palaciana ainda vão realizar encontros estaduais para fechar os acordos.

Portanto, não é definitiva a participação de Eliziane Gama como candidata ao Senado.

Questões morais também podem influenciar negativamente a base evangélica.

Este blog não costuma tratar de assuntos da vida privada de nenhum político, a não ser que fatos reservados passem a ter interesse público. É o caso de Eliziane Gama, divorciada e casada novamente, atitude não recomendável na Assembleia de Deus (AD), cuja moral religiosa preconiza a indissolubilidade da família original.

Contradições

A presença feminina da AD na chapa majoritária acolhe uma fatia do eleitorado que tende a rejeitar o governador comunista.

No entanto, nem tudo converge para Eliziane Gama. No campo político-religioso, os assembleianos e as outras denominações não mais constituem o rebanho fiel a uma só candidatura.

Como diz o povo sábio do Maranhão, “em tempo de murici, cada um cuida de si”. O ditado traduz os interesses fragmentados de todos os tipos de denominações e pastores, inclusive aqueles da teologia da prosperidade.

Senador Lobão e o segundo suplente pastor Bel. Foto: reprodução

No geral, as lideranças políticas das igrejas evangélicas são atraídas pela força gravitacional do Palácio dos Leões em todos os governos, agraciados com vantagens e favores, a exemplo dos postos de capelães.

Rebanho dividido

Muitas decisões na AD são tomadas em cúpula, sem ouvir a base, reproduzindo a lógica pragmática da maioria dos partidos políticos.

No emaranhado de interesses e denominações, as igrejas alinham e divergem de acordo com os projetos eleitorais majoritários e proporcionais, sob a liderança dos pastores e das cúpulas que controlam as convenções.

Pastor Pedro Aldi, o homem da Ceadema. Foto: reprodução

O presidente da Ceadema (Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão), pastor Pedro Aldi Damasceno, terá uma representante familiar nas eleições 2018. Sua filha, Mical Damasceno, será candidata a deputada estadual em 2018.

Entretanto, no meio ao rebanho há sempre ovelhas desgarradas.

Eliziane Gama não é consenso na AD, onde também milita na política Herber Waldo Silva Costa, o famoso “pastor Bel”, segundo suplente do senador Edison Lobão (PMDB) e alinhado a uma eventual candidatura de Roseana Sarney (PMDB).

Por outro lado, soma na base comunista o pastor Luiz Carlos Porto (PDT), ex-vice-governador de Jackson Lago.

Já a pré-candidatura de Maura Jorge (PSL) ao governo, o palanque do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Maranhão, estaria apalavrada com o deputado pastor Marco Feliciano (Podemos), manda-chuva na AD Catedral do Avivamento.

Estes são alguns detalhes dos grandes conflitos na AD, uma organização onde perpassam disputas em torno de interesses financeiros, políticos e religiosos, conforme o(a) leitor(a) pode ver abaixo.

Os 3 rachas na Assembleia de Deus

Durante 25 anos, de 1990 a 2015, a CGADB (Convenção Geral da Assembleia de Deus no Brasil) esteve sob a mão de ferro do pastor José Wellington Bezerra e do seu filho José Wellington Costa Junior.

Várias dissidências na CGADB fizeram emergir outros líderes. Em 2010 o pastor Silas Malafaia ascendeu à direção da AD Vitória em Cristo, inconformado com a dominação dos Wellington (pai e filho) sobre o rebanho.

Pastores Samuel Câmara e José Wellington disputam fiéis. Foto: reprodução

Após a morte e Paulo Leivas Macalão, um ícone da AD mãe, localizada em Belém (PA), o bispo Manoel Ferreira assumiu a liderança e começaram as dissidências, surgindo uma nova organização, em 1989 – a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil — Ministério de Madureira (Conamad).

Essa foi a primeira grande divisão da AD em toda a sua existência. Na Conamad destacou-se o pastor Samuel Ferreira, um dos filhos do bispo Manoel Ferreira, elevado ao cargo de bispo primaz vitalício.

A Conamad flexibilizou as regras rígidas presentes na CGADB, permitindo as mulheres usarem joias e maquiagem, por exemplo.

As eleições para o comando das convenções são altamente disputadas, inclusive com suspeitas de fraude, gerando disputas judiciais intensas.

Após tentar o controle da CGADB, sem sucesso, o pastor Samuel Câmara criou sua própria tendência – a CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil), que já  teria alcançado 10 mil pastores filiados, ameaçando o poder da CGADB.

Um dos principais atrativos da CADB é a ordenação de mulheres em todas as funções, provocando uma revolução no rebanho, visto que as servas de Deus podem assumir postos de comando na denominação.

Os sucessivos rachas na esfera nacional das convenções, bem como as mudanças morais e organizativas, têm forte repercussão eleitoral, considerando que a AD é a maior denominação pentecostal do Brasil.

Portanto, não há como diminuir a força dos evangélicos na política. Convidado a pregar na Cruzada Interdenominacional, realizada na praça Maria Aragão, em outubro de 2017, o pastor Geziel Gomes pede a Deus que mova o coração do governador Flávio Dino.

Ouça AQUI

As palavras do pastor fecharam a oração do prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT), pedindo bênçãos a São Luís. A cidade está mesmo precisando.

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Sindicalista maranhense participa do acampamento pró-Lula em Curitiba

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep) e pré-candidato a deputado federal pelo PT, Raimundo Pereira de Souza, participou no início da semana das mobilizações no acampamento em defesa de Lula (PT), em Curitiba, onde o ex-presidente está preso na Polícia Federal.

Ouça aqui o áudio

Embora seja um fato relevante, pela quantidade e qualidade dos protagonistas, o acampamento é “silenciado” nas grandes redes de comunicação.

De acordo com Raimundo Pereira de Souza, o acampamento vem recebendo adesão acima da expectativa e o desafio da organização é acolher as pessoas que chegam a cada dia para prestar solidariedade a Lula.

A professora Ednalva Lima também visitou o acampamento, juntamente com outros militantes de todas as regiões do país.

Raimundo Sousa relatou que as centrais sindicais estão organizando um grande ato público no Dia do Trabalhador, 1º de maio, reforçando a defesa de Lula e da candidatura presencial do petista em 2018.

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Deputado Zé Carlos esclarece sobre assinatura em PEC: “fui induzido a erro”

Em nota, parlamentar do PT explica as circunstâncias da sua assinatura em uma proposta enviada à Câmara. O petista também reafirma a defesa de Lula e da democracia.

Companheiras e companheiros,

Em razão de matéria veiculada em blogs desse Estado, sob o título “Oito Deputados Federais do Maranhão assinaram uma PEC garantindo a prisão de Lula, incluindo um do PT”, venho expor o que segue.

Embora o conteúdo da referida matéria seja verdadeiro, o título da mesma é totalmente direcionado para que o leitor seja induzido a acreditar em algo que nada tem a ver com a realidade, conforme esclareço:

1. Tanto na Câmara quanto no Senado, algumas proposições legislativas, para que venham a tramitar, precisam das assinaturas de certo número de parlamentares. Na maioria dos casos, essas assinaturas são colhidas, nos corredores das duas Casas ou nos gabinetes dos parlamentares, por rapazes e moças contratados pelos autores das proposições;

2. Em regra, as assinaturas então necessárias são colhidas em papel pautado que contém, no cabeçalho, o nome do autor da proposição e, logo abaixo, uma frase/resumo da proposta que está sendo apresentada.

3. No caso da PEC a que têm se referido os blogs maranhenses, a frase/resumo da proposta apresentada tinha o seguinte teor:

“Altera o inciso LVII do artigo 5° da Constituição Federal para prever que ninguém será considerado culpado até a confirmação de sentença penal condenatória em grau de recurso”.

4. Ora, da forma em que foi resumido o objeto da proposta, fica clara a intenção dos autores da proposição em induzir a erro os parlamentares que, tanto quanto eu, não concordam com a real intenção da PEC e defendem que o réu somente seja preso, caso seja condenado, após esgotados todos os recursos a que tem direito.

5. Vários foram os parlamentares (inclusive do PT) que, ao lerem o texto/resumo que lhes foi apresentado, entenderam que o objeto da proposta era o de garantir que o réu só poderia ser considerado culpado após a confirmação da sentença final de todas as instâncias. Cheguei mesmo a comentar com a moça que pediu minha assinatura, dizendo-lhe que “isso já estava claro na Constituição, mais precisamente nos incisos LVIV e LVII do artigo 5°, mas que era uma boa oportunidade para se esclarecer este debate na Câmara, a fim de não restar dúvidas quanto à interpretação da Constituição por membros do STF”.

6. Foi dessa forma, portanto, que assinei pela tramitação da tal PEC, por um lado induzido a erro pelo resumo da proposta que me foi apresentado e, por outro, no intuito de contribuir para unificar, por meio da atuação do Legislativo (Poder ao qual cabe a elaboração de leis), o entendimento do Judiciário – em especial do STF – quanto a essa matéria.

7. Minha motivação na assinatura para tramitação da PEC em questão foi, portanto, diversa (e até mesmo contrária) daquilo a que, em razão do título da matéria nos blogs, o leitor é levado a acreditar. Tanto é que, ao tomarmos conhecimento do equívoco cometido, não só eu, mas outros Deputados do PT que assinaram, solicitamos a retirada de nossas assinaturas, o que não foi considerado pelo Presidente da Câmara em função de um dispositivo regimental que proíbe a retirada de assinaturas após a proposta ter sido publicada.

8. Não fosse o equívoco a que fui levado a cometer, eu jamais poderia assinar uma PEC cujo objetivo fosse o de revogar o Princípio Constitucional da Presunção da Inocência (Princípio estabelecido no artigo 5º, inciso LVII), uma vez que o referido dispositivo constitucional é considerado “cláusula pétrea”, que não pode ser alterado, portanto, por meio de emenda constitucional. Além disso, tal apoiamento seria uma contradição da minha parte, uma vez que defendo a presunção da inocência, tendo, inclusive, poucos dias antes de assinar a PEC (mais precisamente no dia 20/04), feito na tribuna da Câmara um forte discurso em defesa do Respeito à Constituição, especificamente quanto aos incisos LVIV e LVII do artigo 5°. Esse meu pronunciamento encontra-se disponibilizado na página da Câmara, no seguinte endereço: https://bit.ly/2v8UGmU.

9. Cito, a seguir, trecho do referido pronunciamento, em que fui claro ao defender a prisão de um condenado somente após esgotadas todas as possibilidades de recurso: “O STF não tem direito de mudar a Constituição. Só quem pode fazer isso somos nós, os parlamentares. Eles têm que largar a toga, candidatar-se, ser votados, sentar numa cadeira aqui e propor uma alteração na Constituição. Mas a Constituição é clara: ninguém pode ser privado da sua liberdade sem que seu processo tenha transitado em julgado”.

10. Entendo, apesar de tudo, que não há mal que não venha para o bem. No caso sobre a discussão dessa PEC, mesmo que não seja nesse contexto, é uma oportunidade para que se esclareçam, pelo Congresso Nacional, as interpretações contraditórias e divididas por parte dos Ministros do STF. Contudo, eu não tenho dúvida nenhuma de que a Câmara não aprovará essa PEC, não somente porque a mesma é inconstitucional mas também porque, aqui na Câmara, tem muita gente – a maioria da Casa, na verdade – que sofreria as consequências e os efeitos dessa aprovação.

11. Finalizo, companheiros e companheiras, dizendo que me senti na obrigação de registrar esses esclarecimentos não porque pensei que algum de vocês pudesse acreditar que eu tenha assinado a PEC com a intenção apontada pela matéria divulgada pelos blogs, qual seja, a de prejudicar nossa maior liderança e o melhor presidente que esse país já teve. Prestei esses esclarecimentos apenas para que vocês possam conhecer a situação e o motivo que me levaram a assinar a PEC aqui mencionada. Ressalto que não responderei a esses blogs porque entendo que os responsáveis pelos mesmos deveriam, a exemplo do Yuri (do blog Atual 7) que, sendo eu do PT e notando a contradição no assunto em questão, questionou-me pessoalmente e, de forma profissional, acatou as minhas justificativas.

Imagem capturada neste site