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Memória do mestre “Coxinho” registrada em galeria de Barreirinhas

O fundador do Boi de Pindaré, de sotaque da Baixada, Bartolomeu dos Santos, o Mestre ‘Coxinho’, está agpra estampado na entrada da Galeria Arte da Terra, à rua Conrado Athaíde, ao lado do Restaurante Mangue, no Centro de Barreirinhas – cidade turística dos Lençóis Maranhenses.

Este foi o oitavo mural produzido, neste ano de 2021, pelo projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão”, em homenagem a personalidades que ajudaram a construir a história do Bumba meu Boi do Maranhão. Faltam apenas dois murais para serem confeccionados nesta etapa do projeto. E nosso destino, agora, são as cidades de Guimarães e Cururupu.

O primeiro mural foi feito no mês de abril, e os últimos dois que estão faltando, para completar 10, serão feitos ainda neste mês de setembro. Um documentário sobre os murais e as personalidades homenageadas também está sendo produzido, e será disponibilizado nas plataformas digitais até o final deste ano.

Já foram homenageados os mestres Leonardo, do Boi da Liberdade; Francisco Naiva, do Boi de Axixá; Mundoca, do Boi da Floresta; João Câncio, do Boi Pindaré (de São Luís); Calça Curta, do Boi da Maioba; João Chiador, do Boi de Ribamar; Diomar Leite, do Boi Nossa União de São Cristóvão (de Viana); e, agora, por último, Coxinho.

O mestre Bartolomeu dos Santos, ‘Coxinho”, fundador e amo do Boi de Pindaré, de sotaque da Baixada, nasceu em 24 de agosto de 1910, em Lapela, povoado de Vitória do Mearim, e morreu em São Luís, em 03 de abril de 1991, pouco antes de completar 81 anos.

‘Coxinho’ é considerado um dos maiores cantadores de toadas de Bumba Boi da sua geraçao. A toada ‘Urrou do Boi’, de sua autoria, criada em 1972, ficou reconhecida a partir de 1991, meses após sua morte, como o Hino Cultural e Folclórico do Maranhão. O “Amo, Poeta e Cantador”  é uma realização do Boi da Floresta de Apolônio Melônio em parceria o o artista Gil Leros. E conta também com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Benfeitoria, e o Sitawi Finanças do Bem.

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A buzina de cada um

Em São Luís os pais vão à escola buscar os filhos e buzinam violentamente. Nos outros carros buzina-se mais alto para revidar. O carro é a máquina de guerra. Buzina é munição. A porta da escola é o teatro das operações. Tudo isso faz parte da família.

O mais estranho de tudo isso é que o buzinaço ocorre nas portas das escolas, onde deveria haver um processo de convencimento entre pais e filhos, mediados pelas instituições de ensino, com o objetivo de educar todos sobre os bons hábitos coletivos.

Poluição não é só jogar lixo na rua e contaminar os rios, o ar e o solo. Educação ambiental passa necessariamente por bons hábitos coletivos e lixo sonoro como essas buzinas agressivas violam a paz do ambiente.

As portas das escolas são palco do retrocesso ao estado de natureza de Thomas Hobbes: a guerra de todos contra todos; ou seja, a barbárie.

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Vergonha internacional

O Brasil, que nos grandes eventos diplomáticos internacionais já foi representado pela exitosa retórica de Rui Barbosa, o “Águia de Haia”, está rebaixado ao “rato de Nova Iorque”.

Nunca antes na História de nosso país tivemos um representante tão decrépito na Organização das Nações Unidas (ONU) como o presidente Jair Bolsonaro.

Imagem destacada / reprodução Instagram

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Cooperativas de coco babaçu de Matinha comercializam suas produções por meio do Procaf

Mulheres quebradeiras de coco babaçu das comunidades Bom Jesus e São Caetano, do território quilombola Sesmaria, localizada no município de Matinha, realizaram a segunda entrega dos produtos do babaçu, no âmbito do Procaf Babaçu- Programa de Compras da Agricultura Familiar. 

Os biscoitos e azeite de coco entregues pela Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB) foram doados para o CRAS do município e serão distribuídos para famílias que mais precisam.

Para a presidente da cooperativa (CIMQCB), Maria do Rosário, o Procaf é uma oportunidade e incentivo na produção e comercialização dos produtos extraídos do babaçu. “Esse momento aqui para nós, que somos quilombolas e quebradeiras de coco babaçu, representa vida e muita felicidade. É vida porque todos esses produtos são saudáveis e nutritivos. Além disso, o Procaf é um programa que tem nos ajudado financeiramente porque é um canal garantido de venda”, pontuou Maria do Rosário.

A secretária adjunta de Biodiversidade, Povos e Comunidades Tradicionais da SAF, Luciene Dias Figueiredo, explicou que em 2021, embora com todas as dificuldades econômicas e sanitárias, a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) investiu cerca de R$ 6 milhões na execução do Procaf. 

“Estamos executando cinco Procafs, um deles é o do babaçu, com quase R$ 300 mil reais, para beneficiar 19 associações em todo o estado. Com a execução de programas como este, que apoia a comercialização, o Governo do Maranhão está reconhecendo o trabalho dessas mulheres tão guerreiras que tiram do babaçu o sustento. Além disso, a atividade do babaçu tem contribuído com a economia do estado”.

Cooperativas de Coco Babaçu de Matinha comercializam suas produções. (Foto: Divulgação)

A prefeita do município de Matinha, Linielda de Eldo, agradeceu a ação do Governo do Estado pela iniciativa. “A gente só tem a agradecer o apoio do Governo do Maranhão em ajudar esse grupo de mulheres que trabalham incessantemente para fortalecer a economia do estado, e consequentemente, a economia do município de Matinha. É um programa muito importante que faz a economia girar e ao mesmo tempo que nutre as pessoas”, declarou a prefeita.

O gestor regional da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (Agerp) de Viana, Carlos Roberto informou que o nível de organização das quebradeiras conta também com o trabalho de assistência técnica desenvolvido pela Agerp. A atividade desenvolvida com as quebradeiras de coco babaçu inclui desde a organização produtiva até a catalogação de documentos para aprovação das propostas de comercialização.

Participaram da ação a superintende de Comercialização da SAF, Viviane Anchieta, assistente social da Agerp, Maikelle Rodrigues, a coordenadora do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), Maria Regina, secretários municipais e as cooperadas.

Imagem destacada / Entregas do Procaf Babaçu em Matinha (Foto: Divulgação)

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Construção de pontes promove novas opções de mobilidade em várias regiões do Maranhão

O Estado do Maranhão possui 217 municípios e com uma área de quase 330 mil km², é um dos 10 mais extensos do Brasil. Diante dos desafios do vasto território, o Governo do Estado conseguiu, neste ano, interligar todos esses municípios por via terrestre através da construção de pontes e novas estradas. 

O Governo levou a sério o ditado que diz “não construa muros, construa pontes”. Desde 2015, já foram 30 estradas inauguradas e 7 pontes entre reconstrução, melhoramento e recuperação. Com as atuais construções das Ponte sobre o Rio Balsas, Rio Pericumã, Rio Santarém e o Rio Preguiças, o Maranhão chega a marca de interligação municipal por via terrestre. 

Para o secretário Clayton Noleto, essa é uma conquista histórica. “Há sete anos estou à frente da infraestrutura maranhense. Foi um desafio muito grande quando chegamos em 2015, havia muitas estradas com um nível ruim no nosso estado e pouco a pouco fomos mudando essa realidade. Hoje, chegar a marca de ter todo o Estado interligado por rodovia, por conta do trabalho que fizemos nas estradas e das pontes que construímos, é algo que merece muita celebração! Conquista para o povo”, disse o secretário. 

O que temos em andamento?

Atualmente o Governo do Maranhão mantém equipes trabalhando em 04 obras: Ponte Central-Bequimão, Ponte sobre o Rio Santarém,  sobre o Rio Balsas e sobre o Rio Preguiças, em Barreirinhas. 

Localizada no município de São Félix de Balsas, a ponte sobre o Rio Balsas que possui 195 metros de extensão é um marco para os moradores que só conseguiam chegar à cidade através de embarcações. Com a construção, o município sai do isolamento e tem uma rota terrestre para saída. 

Assim também será para moradores e turistas em Barreirinhas. Hoje para ter acesso ao Parque Nacional dos Lençóis, é necessário atravessar o rio de balsa, mas em breve, a espera de 50 anos vai acabar. A ponte sobre o Rio Preguiças além da mobilidade vai influenciar também no turismo. 

Uma das obras mais expressivas atualmente do Governo é a Ponte Central-Bequimão. Com 589 metros, a ponte vai interligar 13 municípios da baixada maranhense. As equipes agora se concentram no içamento de vigas metálicas sobre os blocos em água. Um trabalho complexo e minucioso que tem exigido atenção da equipe de engenharia.

Com essas intervenções, através da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra), o Governo marca a interligação de todos os municípios maranhenses por terra. 

Quem prova, vê que a construção de pontes não é apenas algo filosófico, mas que interfere no dia a dia do povo. Mais mobilidade, mais segurança e conforto a quem precisa. 

Dona de um restaurante desde 2003, Ana Karina, de Santo Amaro, consegue sentir literalmente na pele a diferença que a ponte sobre o Rio Alegre trouxe a diversos moradores. “Há uns anos atrás, eu vendia bolo e precisava atravessar o rio, mas não tinha ponte, a gente atravessava por água. Tinha que separar uma muda de roupa e torcer para conseguir atravessar sem perder nada. Foram anos dessa batalha. Agora tem a ponte, né? Acabou com o sofrimento de muita gente”, contou satisfeita.

A Ponte Verde, em São Luís, foi uma das maiores obras nesse setor em todo Maranhão (Foto: Divulgação)

Relembre as obras entregues

Falando em Rio Alegre, essa foi a última inauguração de ponte do Governo do Maranhão pela Sinfra. A ponte com 120 metros tem ajudado a população local a trabalhar melhor e chamado atenção dos turistas para o crescimento do setor na cidade. 

Uma das maiores obras já entregues é a Ponte Verde, na capital maranhense. São 220 metros de extensão que hoje já interferem diretamente no dia a dia dos milhares de trabalhadores que usam o corredor para sair de São José de Ribamar a São Luís. A Ponte Verde, entregue em setembro de 2020, foi um projeto delicado e que exigiu bastante esforço e cuidado da equipe de engenharia por conta do solo em que foi construída. 

Outras pontes que fazem parte desse rol de 7 obras são as sobre o Riacho Mangu em Santana e sobre o Rio Flores em Lajeado Novo. Apesar de não serem obras de  grande porte, impactam diretamente a vida dos moradores que antes precisavam fazer um percurso bem maior para chegar ao destino.  

Com todas essas obras, o Governo fez um investimento aproximado de 150 milhões de reais e proporcionou o encurtamento de distâncias entre cidades antes esquecidas.

Imagem destacada / Finalização do içamento das vigas metálicas nos blocos em água na obra da Ponte Central Bequimão (Foto: divulgação)

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Bertolt Brecht e o rádio

Entre tantas histórias fantásticas sobre o rádio, uma envolve o amor de um poeta pela “pequena caixa”.

Fugindo da perseguição nazista, o escritor e dramaturgo Bertolt Brecht buscou refúgio em vários países. Durante as suas fugas, o rádio era fundamental para que ele tivesse notícias sobre seu país e o mundo.

Na canção “A um pequeno rádio” ele trata o aparelho/meio de comunicação como um amigo precioso para confortar a sua angústia do refugiado.

A composição, feita em parceria com o músico Hanns Eisler, foi transformada na canção homônima:

Tu, pequena caixa que transportei na fuga

Para que as tuas lâmpadas não me delatassem,

Na esperança — de casa para o barco e do barco para o trem —

De que os meus inimigos continuassem a falar comigo

No meu acampamento e para o meu sofrimento

No fim da noite, no início da madrugada,

Das tuas vitórias e das minhas ações

Promete-me que não deixarás de falar!

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Abraço Maranhão e Estácio iniciam o 10º Curso de Capacitação para Radialistas Comunitários

Fonte: Site da Abraço Maranhão

Em sua décima edição, o Curso de Capacitação para Radialistas Comunitários inicia as atividades nesse sábado (18). As aulas voltam a ser ministradas na modalidade presencial, em sábados alternados, na sede do Centro Universitário Estácio São Luís, localizado na avenida Oswaldo Cruz, nº1455-Centro.

O projeto de capacitação é oferecido pelo Centro Universitário Estácio São Luís em parceria com a Abraço Maranhão, responsável pela triagem dos radialistas participantes, já que os inscritos devem comprovar vínculo com emissoras comunitárias ou serem indicados pela própria entidade.

A parceria entre as duas instituições já formou mais de 100 radialistas comunitários de diferentes cidades do Maranhão. Todo o conteúdo é ministrado pelo professor Paulo Pelegrini. 

Nessa décima turma o quantitativo de vagas foi reduzido, tendo como justificativa as limitações impostas devido à pandemia do novo coronavírus, que ainda não acabou, ou seja, sendo necessário respeitar todas as recomendações sanitárias.

São ofertadas apenas 12 vagas, sendo 25% destas (03 vagas) reservadas a alunos da própria Estácio.

A carga horária do projeto para os radialistas selecionados equivale a 20 horas-aula, divididas em 12 horas-aula de encontros e 8 horas-aula de atividades extra-classe, como visitações a duas emissoras comunitárias da Grande Ilha de São Luís.

Os certificados serão entregues ao final do curso e o recebimento está condicionado à presença mínima de 75% dos encontros e realização mínima de 75% das atividades.

As aulas presenciais acontecem nos dias 18 e 26 de setembro; 2, 16, 23 e 30 de outubro; 6 e 20 de novembro.

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Mestre Marcelino Azevedo, fundador do boi de zabumba de Guimarães, ganha ‘Mural da Memória’

O projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão” está na cidade de Guimarães, a cerca de 200 quilômetros (por mar e terra) de São Luís, capital do Maranhão, para homenagear o mestre Marcelino Azevedo, amo e fundador do Bumba meu Boi de Zabumba de sotaque Guimarães.

Este é o 9° mural da memória confecionado pelo projeto para homenagear grandes mestres, que muito lutaram para que fossem mantidas vivas as tradições religiosas e culturais do Bumba meu Boi do Maranhão.

O mestre zabumbeiro Marcelino Azevedo fez com que a brincadeira fosse conhecida não só no estado do Maranhão, mas em várias cidades brasileiras, como Teresina (PI), Recife (PE) e Brasília (DF), e também na Alemanha – um dos países mais populosos do continente europeu. Como agradecimento pelo mural, alguns brincantes se apresentaram hoje (16/09), tocando a zabumba, o pandeiro, e dançando ao som das toadas do Boi de Guimarães.

Marcelino Azevedo, falecido em 06 de março de 2016, é considerado um dos maiores mestres não só do Bumba meu Boi do Maranhão, mas da cultura popular brasileira. Ele esteve quase 45 anos à frente do Bumba Boi de Guimarães – desde maio de 1971, data de sua fundação, até o início do ano de 2016, pouco antes de sua morte. Sua filha, Cíntia Avelar, de 43 anos, é quem assumiu a presidência do Boi em 2017, quando foi eleita uma nova diretoria.

A imagem em Graffiti desse grande mestre foi finalizada na tarde desta quinta-feira, 16 de setembro, na sede do Bumba Boi de Guimarães, à Rua 14 de Outubro, na região central do município. O Boi, que é um dos grandes expoentes do sotaque de zabumba no Maranhão, é procedente do Quilombo de Damásio, localizado na zona rural da cidade, a cerca de 20 quilômetros do Centro de Guimarães.

O sotaque de Zabumba tem a singularidade de manter os saberes técnicos originais, como a comédia, os personagens, o toque, os cantos e as danças, além da tradicional indumentária, com roupas aveludadas, chapéus com fitas e saias bordadas. As roupas possuem uma riqueza de detalhes bordados em miçangas e canutilhos.

O sotaque se caracteriza, ainda, pela própria presença das zabumbas, e de outros instrumentos de percussão, como o tambor-de-fogo, tamborinho ou pandeirinho, e o tambor-onça, além dos maracás e apitos. Eles dão a sonoridade ao ritmo forte.

A equipe do Projeto “Amo, Poeta e Cantador” segue, agora, para Cururupu – cerca de uma hora de distância de Guimarães – para confeccionar o seu 10 ‘Mural da Memória’; dessa vez para homenagear uma grande personalidade do Bumba Boi Rama Santa, de sotaque Costa de Mão, o amo e cantador João Tolentino Abreu. O projeto “Amo, Poeta e Cantador” é uma realização do Boi da Floresta de Apolônio Melônio em parceria com o artista Gil Leros. Conta também com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria, e do Sitawi Finanças do Bem.

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Progressistas em busca do centro perdido

O golpe de 2016 e os seus desdobramentos atuais provocaram um estrago tão grande na democracia brasileira a ponto de mobilizar os partidos de diversos naipes da esquerda em busca do centro.

Até o PSOL, criado por divergentes do PT, acena para alianças mais pragmáticas.

As legendas progressistas fazem as contas e chegam a um consenso: é preciso construir a unidade no campo democrático-popular e estender o arco político até o PSDB, se for possível.

Em outras palavras, é a Frente Ampla.

Todo esse esforço e até mesmo o sacrifício de princípios e programas partidários de legendas como o PSOL têm uma finalidade – derrotar Jair Bolsonaro em 2022.

Para além da disputa eleitoral os protagonistas da Frente Ampla visualizam uma eventual governabilidade.

Eles sabem que a extrema direita veio para ficar, independente do resultado eleitoral de Jair Bolsonaro. Ele pode perder, mas o bolsonarismo viverá!

Ao fazer o movimento em direção ao centro, a Frente Ampla visa construir um campo político de defesa da democracia, baseado em princípios republicanos e no Estado Democrático de Direito.

É preciso salvar a política e isolar a extrema direita.

Para percorrer esse caminho, vai ser necessário passar pelo centro.

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Coalizão Direitos na Rede repudia MP que altera Marco Civil da Internet

Texto publicado originalmente em 6 de setembro de 2021 no site Direitos na Rede

A Coalizão Direitos na Rede, coletivo que reúne cerca de 50 entidades da sociedade civil e organizações acadêmicas que trabalham em defesa dos direitos digitais, vem a público alertar sobre os riscos da Medida Provisória nº 1068, de 06 de setembro de 2021, que altera o Marco Civil da Internet (MCI) e a Lei de Direitos Autorais (LDA) para disciplinar o uso de redes sociais no Brasil.

Desde maio, noticiou-se a redação dessa norma pelo Poder Executivo Federal, então sob a forma de um decreto presidencial. Naquele momento, a Coalizão muitos parceiros internacionais criticaram a norma diante da necessidade de enfrentamento das práticas de desinformação e combate ao discurso de ódio online. Impedir medidas de moderação de conteúdo pelas plataformas poderia representar um preocupante cheque em branco, com potencial para prejudicar usuários, órgãos públicos e empresas que interagem e ofertam serviços online, e causar impacto irreversível no funcionamento de plataformas de redes sociais no Brasil. 

A Medida Provisória agora publicada se mostra ainda mais preocupante pelo momento de sua edição: logo após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de suspender repasses financeiros (desmonetização) a páginas de apoiadores do presidente que propagam desinformação. Na contramão da natureza participativa da construção do MCI, o governo federal adota uma postura de deslealdade republicana, nega-se ao mínimo diálogo e insere previsões incoerentes na Lei nº 12.965/2014.

Não é novidade que o Presidente da República tem expressado receio de intervenção das plataformas de redes sociais sobre os conteúdos postados por ele e seus apoiadores. No entanto, Jair Bolsonaro frequentemente viola as políticas de conteúdo desses provedores de aplicações e conta com muita complacência das empresas, que permanecem inertes e praticamente não adotam medidas de moderação em relação aos seus conteúdos. Mesmo assim, decidiu intervir unilateralmente no funcionamento das redes sociais, atacando os princípios do Marco Civil da Internet.

Em 2014, o MCI disciplinou os direitos dos usuários e serviços na Internet no Brasil. No caso das redes sociais (plataformas como Facebook, YouTube e Twitter), o Art. 19 da lei — há sete anos em vigor — afirma que aqueles que operam com base em conteúdos produzidos por terceiros somente podem ser responsabilizados juridicamente por tais mensagens se, ao receberem uma ordem judicial de remoção, não a cumprirem. Além disso, o modelo instituído pelo MCI permite que intermediários tenham suas próprias políticas de moderação (como regras do que pode ou não ser publicado), ao mesmo tempo em que estabelece que estes devem seguir o que o Judiciário determinar posteriormente. 

A MP de Bolsonaro inverte essa lógica ao estabelecer regras sobre como essa moderação pode ou não ocorrer. Assim, estabelece que redes sociais estão obrigadas a manter no ar todo o conteúdo que o Executivo não considera passível de remoção com “justa causa” sem uma ordem judicial.

O texto transforma, portanto, as redes sociais em espaços ainda mais homogêneos, inóspitos e tóxicos. Tais empresas não poderão mais realizar controle de spam ou de vendas de armas sem atender o requerimento de justa causa e motivação. Mais ainda: não poderão aplicar medidas em contas destinadas unicamente a promover crimes, assédio ou bullying, tudo em nome da “liberdade de expressão”. Assim, o governo prejudica a possibilidade de brasileiras e brasileiros se sentirem seguros e ouvidos para se expressar, criando uma internet sem diversidade de espaços. Uma internet em que poderão imperar os mais violentos e aqueles que lotam as timelines com spam. Isso viola frontalmente a liberdade de expressão e o acesso à informação de todas e todos.

Ao estabelecer o que seria “justa causa” para a ação das redes sociais, a MP revela-se arbitrária, insuficiente e atécnica. A numerosa lista de exceções trabalha com temas vagos e deixa de fora situações cuja resposta célere das redes sociais tem se mostrado relevante, como é o caso de conteúdos que incentivam ódio ou práticas de desinformação. A minuta também limita as possibilidades de suspensão e exclusão de contas, tema fundamental que deve ser debatido e objeto de regras democráticas, sob risco de atacar a liberdade de expressão e silenciar vozes dissidentes. 

Na prática, a Medida Provisória editada altera o modelo de responsabilidade de intermediários estabelecido pelo Artigo 19 da lei, sem qualquer consulta a órgãos competentes, como o Comitê Gestor da Internet no Brasil, como determina o art. 24º,  §1º do MCI, ou à sociedade. 

Adicionalmente, a norma também altera a Lei de Direitos Autorais, estendendo as restrições a moderações de “conteúdos protegidos” por esses direitos e obrigando o restabelecimento de qualquer conteúdo suspenso ou bloqueado desde que não enquadrado nas exceções que a Medida chama de “justa causa”.

Por fim, reforçamos que a edição de Medida Provisória pelo Presidente da República precisa atender aos requisitos formais de relevância e urgência, que não ficam claros no texto em questão. Diante dos graves impactos à Internet, a Coalizão Direitos na Rede alerta para a necessidade da devolução ou revogação desta MP e chama os atores da sociedade, do Estado e do setor privado para que o debate sobre a regulação do discursos online continue sendo feito no Congresso Nacional, no âmbito do Projeto de Lei N.º 2630/20, já aprovado no Senado e em discussão neste momento na Câmara dos Deputados.

Coalizão Direitos na Rede
Brasília, 6 de setembro de 2021