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Solenidade de Corpus Christi 2022 retorna ao formato presencial em São Luís

Com o tema: “Comunhão, participação e missão” e o lema: “Que todos sejam um” (Jo 17,20), a Solenidade de Corpus Christi na Arquidiocese de São Luís do Maranhão acontecerá dia 16 de junho, após dois anos com restrições na programação devido a pandemia.

Em 2022, a solenidade volta a ser celebrada de modo presencial, com retorno da procissão pelas ruas do centro histórico de São Luís. A programação inicia às 15h, no estádio municipal Nhozinho Santos, Vila Passos, com Missa presidida por dom Gilberto Pastana e concelebrada pelos padres da arquidiocese, diáconos, com presença de todos os ministros extraordinários da sagrada comunhão.

Toda a comunidade católica, das dez foranias e suas respectivas paróquias – ao todo 57 – deverão comparecer ao momentoque em sua última edição presencial, segundo informações da polícia militar, reuniu 15.000 fiéis, em 2019.

Durante o percurso da procissão, ocorrerá a benção com o Santíssimo Sacramento em três paradas. Após saída do Nhozinho Santos, os fiéis caminharão até a Igreja de São João, onde haverá a primeira benção. Na sequência, dirigem-se para a Igreja do Carmo, praça João Lisboa, para a segunda benção, seguindo para a Igreja da Sé, onde ocorrerá a terceira e última benção com o Santíssimo Sacramento.

As emissoras da rede católica de comunicação farão a transmissão da Missa no Nhozinho Santos. O percurso da procissão poderá ser acompanhado pelas redes sociais da arquidiocese.

Sobre Solenidade de Corpus Christi

A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, também chamada de Corpus Christi – expressão latina que significa Corpo de Cristo – é celebrada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, em alusão à Quinta-feira Santa, quando Jesus se reuniu com seus apóstolos para a Última Ceia. Nesse dia, Ele partiu o pão, deu a seus discípulos e disse: “Isto é o meu Corpo. Em seguida, pegou um cálice, deu graças e passou-o a eles, dizendo: ‘Bebei dele todos, pois este é o meu sangue…’” (Mt 26,26).

Esse ato é repetido hoje pelos sacerdotes durante as Missas, no momento da consagração, em que ocorre a transubstanciação, isto é, quando as substâncias do pão e vinho (neste caso a hóstia e o vinho) se transformam no Corpo e Sangue de Cristo.

A Solenidade foi instituída pelo Papa Urbano IV, no ano de 1264, em honra ao milagre eucarístico de Bolsena, na Itália. Em 1317,a festividade foi estendida para toda a Igreja, pelo Papa João XXII. A celebração da festa consta de Missa, procissão e Adoração ao Santíssimo Sacramento. Durante a Missa são consagradas duas hóstias: uma é consumida e a outra é apresentada aos fiéis para adoração. A hóstia consagrada será adorada no ostensório ao longo da procissão.

Tradicionalmenteos fiéis produzem tapetes temáticos com representações de trechos bíblicos, símbolos de movimentos eclesiais, pastorais e imagens do próprio Corpo de Cristo, em forma de hóstia ou no ostensório.

Programação Solenidade de Corpus Christi em São Luís (MA)

15h – Acolhida e apresentações de grupos de música, dança e teatro, no Estádio Municipal Nhozinho Santos, Vila Passos.

17h – Santa Missa

Após a Missa – Procissão com o Santíssimo Sacramento, com paradas em três pontos para benção com o Santíssimo.

1º parada e benção: Igreja São João, Centro.

2ª parada e benção: Igreja do Carmo, praça João Lisboa.

3ª parada e benção: Igreja da Sé, praça dom Pedro II.

Imagem destacada / Igreja da Sé vai ser o ponto final das celebrações de Corpus Cristi / Foto: Prefeitura de São Luís

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Organizações pedem garantias à liberdade de imprensa nas eleições de 2022

Fonte: Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo)

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado nesta terça-feira (3.mai.2022), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), e mais oito organizações assinaram uma carta aberta alertando para os riscos de violações à liberdade de imprensa nas eleições de 2022. A manifestação pública convoca o Congresso Nacional e demais autoridades brasileiras, além da sociedade, para defender o trabalho jornalístico durante o período eleitoral. 

O manifesto também foi assinado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Artigo 19, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Instituto Palavra Aberta, Instituto Tornavoz, Instituto Vladimir Herzog e Intervozes.

A carta destaca a importância da imprensa para garantir o acesso a informações necessárias para uma participação cidadã no debate público. “Tentativas de enfraquecer ou restringir o trabalho de jornalistas e veículos de imprensa em um contexto eleitoral violam não apenas o direito das pessoas à informação: também enfraquecem os processos democráticos”, aponta o documento.

Confira aqui a carta na íntegra.

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No Maranhão, ninguém traiu ninguém

A tentativa de construir relatos para justificar supostas traições de personagens políticas é uma tarefa inútil.

O senador Weverton Rocha (PDT) e o atual governador, Carlos Brandão (PSB), têm origem na mesma coalizão que ganhou as eleições junto com Flávio Dino em 2014 e costurou a reeleição de 2018.

Vislumbrando a disputa de 2022, a coalização dividiu-se em duas frentes, cada qual defendendo interesses corporativos das organizações partidárias agregadas em federações ou coligações informais.

Não existe traição. Está ocorrendo apenas a reorganização das forças políticas para disputar o governo e comandar o Palácio dos Leões.

Toda a retórica para encontrar culpados, nomear heróis e traidores é vã.

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Bispo de Caxias emite nota sobre mais um assassinato de quilombola no Maranhão

Na tarde de sexta-feira, 29 de abril, mais um líder quilombola foi assassinado. Edvaldo Pereira Rocha era liderança do quilombo Jacarezinho, no município de São João do Sóter, leste do Maranhão, distante 424 quilômetros da capital São Luís. Ele foi executado com oito tiros por dois pistoleiros, na frente de seus familiares. Edvaldo Pereira é o 7º quilombola assassinado no Maranhão em menos de dois anos.

O bispo de Caxias, dom Sebastião Duarte, emitiu nota de Solidariedade. Confira:


NOTA DE SOLIDARIEDADE CRISTÃ

“Mataram mais um irmão, mas ele ressuscitará”, cantam as comunidades!

Caxias, 29 de abril de 2022

A Diocese de Caxias-MA, na pessoa do seu bispo, do padre Ribamar, das pastorais sociais da diocese e de todos os indignados pelos conflitos no campo e pelas constantes ameaças causados pelos latifundiários, vem a público repudiar o assassinato de um grande líder quilombola do Maranhão, no município de São João do Sóter.

Que o sangue de EDVALDO ROCHA fecundando o Território Quilombola Jacarezinho inspire a resistência dos que lutam, clame justiça que o Estado deve fazer através de investigação e prisão do assassino e mandante, se assim o for, que acelere a titulação, mesmo que a sua já seja titulada, e posse de fato da terra para quem nela vive e trabalha, que desperte a solidariedade e o compromisso de todos com o bem viver dos que dependem do campo.

Mais um sinal da resistência dos povos tradicionais e da prepotência dos gananciosos, latifúndio e projetos que matam por lucro, sem ver o ser humano. Externamos nossa solidariedade cristã aos familiares, esposa que o viu morrer e filhos, parentes e a inteira Comunidade de Jacarezinho. As Comunidades Tradicionais estão de luto.

Em Jesus, o Cristo Ressuscitado, fiat voluntas tua,
Dom Sebastião Lima Duate
Bispo de Caxias-MA

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O múltiplo artista Vicente Telles

Vicente Telles é ator, cantor, compositor, produtor musical e escritor. Atuou como presidente da ABRACNE (Associação Brasileira de Arte e Cultura do Nordeste).

Iniciou no meio artístico na década de 70, nos programas de auditório do Cine Art Palácio, em Santa Inês (Maranhão), apresentado pelo locutor Clélio Silveira. Vicente era convidado cativo nas programações. No início de 1975 foi para o Rio de Janeiro, em busca da realização de seus sonhos.

Em 1998 estreou na TV Globo como ator, durante o programa Domingão do Faustão, no quadro “Faça-me sorrir”, tendo enorme repercussão. A produção do Faustão levou Vicente para todos os cantos do Brasil em busca de algum “santo milagreiro” que o fizesse dar um sorriso. O ator Eri Johnson, os jogadores como Ronaldinho Fenômeno, Cafu, Zagalo, Romário, Raí, Zico, Leonardo, Edmundo, entre outros da Seleção Brasileira, também tentaram, mas ele tornou-se “O homem que não ri”.

Em 1999 Vicente Telles participou como ator em novos trabalhos, como na novela Mandacaru, contracenando com Roberta Close, e de vez em quando participava do programa Linha Direta, da Rede Globo.

Cantor e compositor com mais de 10 discos gravados, carreira que teve início em 1979, teve um dos seus trabalhos fonográficos produzido por Raimundo Fagner e outros com participações de Belchior, Cláudia Telles e Guilherme Arantes, entre outros nomes da MPB.

Seu primeiro LP, intitulado “Olhar de vagalume”, de 1984, teve Jairo Pires como diretor artístico.

Além de cantor, também compôs muitas músicas gravadas por intérpretes populares. Escritor, publicou em 2015 sua autobiografia “Na cola dos sonhos”. Recentemente, escreveu, em parceria com Isaac Soares de Souza, livros inéditos intitulados “Dinheiro bem vindo da silva” e “Novo Aeon, Apesar da Miséria…”

Em agosto de 2003 idealizou e realizou, junto com Getúlio Côrtes e direção musical de Leno Azevedo, o show “O pulo do Negro Gato”, um tributo a Getúlio Côrtes, compositor de inúmeras músicas gravadas por Roberto Carlos, com a presença de grandes estrelas como Fagner, Luiz Melodia, Jerry Adriani, Dr. Silvana & Cia, Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, entre outros artistas da Jovem Guarda.

Veja abaixo vídeos sobre Vicente Telles no programa Maranhão TV

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Hoje! Mestre Nelsinho promove lançamento presencial do álbum “Capoeira Angola Laborarte”

Após anos de pandemia, o disco encontra seu caminho para uma grande festa com público

Na próxima sexta-feira (29) acontece o lançamento presencial do álbum “Capoeira Angola Laborarte”, do Mestre Nelsinho. A festa será no Laborarte e contará com grandes nomes da música e cultura popular maranhense, como Camila Reis, Rosa Reis e Chico Nô, além de apresentações de tambor de crioula e rodas de capoeira.

O disco “Capoeira Angola Laborarte”, que foi lançado em 2020 durante a pandemia, até o momento não havia encontrado oportunidade para reunir presencialmente público e artistas.

Além da festa de lançamento, será possível também adquirir a cópia física do álbum, que conta com encarte que traz informações como a sua ficha técnica, as letras das músicas, textos sobre o Laborarte e o Mestre Nelsinho num projeto gráfico realizado por Jesus Chuseto.

É com alegria que Mestre Nelsinho compartilha esse momento de sua carreira com o público depois de anos em pandemia. Sobre o processo de gravação ele comenta: “nós iniciamos o processo de gravação em 2018, nesse primeiro momento foram gravados faixas ao vivo e esse processo de gravação foi dentro do Laborarte. Depois tivemos uma etapa de gravação no estúdio.”

Para a celebração da festa, que acontecerá no Laborarte, Mestre Nelsinho aguarda o público com entrada gratuita e uma boa mistura de ritmos e sons – com capoeira, tambor de crioula, forró pé de serra e muito mais. Uma grata surpresa é a performance de dança que será realizada pelas bailarinas Sabrina Dias, Marina Corrêa e Tatiana Soares.

SOBRE MESTRE NELSINHO:

Mestre Nelsinho é mestre de capoeira formado pelo Mestre Patinho, tem 47 anos e pratica capoeira desde os 11 anos de idade. Atualmente é coordenador da escola de capoeira Angola do Laborarte. Além de ministrar aulas no Laborarte desde 1997, já trabalhou com o ensino da capoeira em escolas, universidades e projetos sociais.

SERVIÇO:

O quê: Festa de lançamento do álbum “Capoeira Angola Laborarte” do Mestre Nelsinho

Quando: 29/04/2022 (sexta-feira), a partir das 19h

Local: Casarão Laborarte (Rua Jansen Muller, 42, Centro)

Formato: entrada gratuita

Mais informações: instagram.com/@casaraolaborarte

Assessoria de imprensa e contato para entrevistas/cobertura:

Amanda Drumont – drumontamanda@gmail.com

Contato: (98) 98131-7431

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Festival BR 135 abre temporada 2022 com o Conecta Música

Ações do Programa de Aceleração de Carreiras do principal festival de música maranhense acontecem em abril e maio; dez bandas locais foram selecionadas

A edição 2022 do Conecta Música selecionou 10 bandas/artistas maranhenses para seu programa de aceleração de carreiras, patrocinado por Natura Musical: Alkalines, BIOdz, Camila Reis, Dicy, Fuega, Yann Kaminski, Luma Pietra, Nathalia Ferro (foto destacada), Pamela Maranhão e Pantera Black. Cada selecionado receberá mentoria de carreira e gravará um single com produtores profissionais e reconhecidos nacionalmente, além de registro audiovisual e fotográfico.

Três curadores convidados escolheram as melhores propostas, dentre as mais de 80 inscritas: Marcelo Damaso (Festival Serasgum/PA), representando a Amazônia legal; Ana Morena, presidente da Associação Brasileira de Festivais Independentes e representante do Nordeste com o Festival do Sol/RN); e Marta Crioula (Festival Satélite de Brasília), especialista na curadoria de sons periféricos.

O registro audiovisual será realizado pela equipe dos cineastas Tássia Duhr, Sunday James e Lucas Sá e o ensaio fotográfico leva a assinatura de Laila Razzo. Os singles e vídeos dos artistas e bandas selecionados serão lançados divulgados pelas redes sociais do festival e nas plataformas digitais de música e audiovisual. Veja cronograma abaixo.

Esta é a segunda edição do Conecta Música nesse formato. Nos anos anteriores, o projeto contemplou, dentre outros artistas, Afrôs, Butantan, Hugo Gugs, Regiane Araujo, The Caldo de Cana e Pantera Black.

O Conecta Música é uma realização do Festival BR135, iniciativa da dupla Criolina, Alê Muniz e Luciana Simões, que integra o Fórum Amazônia Legal, voltado à valorização de artistas, produtores e eventos da região.

“O BR135 2022 terá eventos desenvolvidos de maio a dezembro e a nossa primeira ação é o Conecta Música. O DNA do projeto é colocar os artistas locais no mapa da nossa música, isso está em primeiro plano, para que o Brasil possa conhecer os artistas da cena local”, afirma Alê Muniz.

“Neste ano, a novidade é a mentoria de carreira, que orientará as bandas a lidar com o mercado fonográfico por meio de aulas online. Vamos formar uma turma com representantes desses grupos para que eles conheçam a realidade desse mercado. O foco é ajudar a acelerar carreiras”, completa Luciana Simões.

O Conecta Música 2022 foi selecionado pelo programa Natura Musical por meio do Edital 2020, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Juçara Marçal, Kunumi MC, Rico Dalasam. Ao longo de 16 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 140 Projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.

Além do pacote de aceleração de carreira aos contemplados, o Conecta Música 2022 terá lives abertas com artistas e produtores nacionais, para ampliar o debate sobre temas como gestão de carreiras, panoramas da música brasileira, conteúdos online, shows e bookers, assessoria de imprensa, políticas públicas, gênero, censura, cultura popular, negritude, feminismo, rentabilidade e monetização, distribuição e direitos autorais, futuro e tecnologia, saúde e solidariedade, música e saúde mental, dentre outros.

SERVIÇO

Conecta Música 2022

Projeto do Festival BR 135

Patrocínio – Natura Musical

Artistas/Grupos selecionados: Alkalines, BIOdz, Camila Reis, Dicy, Fuega, Yann Kaminski, Luma Pietra, Nathalia Ferro, Pamela Maranhão e Pantera Black

Cronograma das atividades:

Produção dos singles – já começaram e vão até o dia 17 de maio

Mentoria (online, às 19h30) – Abril (dias 19, 20, 26 e 27); maio (04, 11, 17 e 18)

Registro audiovisual – 01, 2 e 3 de maio

Fotos – 27, 28 e 29 de maio

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Pedestre sem direito em São Luís

As calçadas do bairro Renascença I estão ocupadas por carros e as pessoas são obrigadas a andar pelas ruas e avenidas.

O problema não é somente no Renascença I, mas em toda a cidade. A Prefeitura de São Luís, nesta e nas gestões anteriores, não toma nenhuma providência.

A cena é corriqueira. Em plena avenida Colares Moreira, a calçada do escritório da construtora Canopus fica geralmente ocupada por carros e os pedestres são obrigados a andar na pista, arriscando a vida.

O problema envolve também as calçadas na rua das Juçaras, à altura de um escritório de advocacia; na calçada ao lado do laboratório Cedro e nos arredores.

Pedestres e pessoas com deficiência
são proibidas de usar a calçada

No Centro Histórico de São Luís a situação é mais grave porque as ruas são estreitas e parte delas está tomada por eutulho, lixo e mato.

As instituições públicas e de serviços localizadas na Praia Grande não têm interesse em ficar no Centro Histórico, por vários motivos. Um deles é a falta de estacionamento amplo e de fácil acesso.

Recentemente, a Defensoria Publica, instalada na rua da Estrela, mudou para o Renascença II, próximo ao supermercado Mateus e aos colégios nobres, sem calçadas e muito distante das paradas de ônibus.

No tema mobilidade, São Luís é uma capital desumana.

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Um mundo de gente e memórias

Eloy Melonio é professor, cronista, contista e poeta

Depois de quase três anos, decidimos dar uma chegada à Rua Grande, a mais famosa rua comercial do Centro Histórico de São Luís, capital do Maranhão — a tão conhecida Atenas Brasileira. E aí você pode se indagar: por que esse interesse por uma rua tão antiga?

Precisando comprar uma peça para sua máquina de costura, minha mulher teria de ir a uma loja que ficava numa rua a uns duzentos metros da Rua Grande. Então pensamos: estar no Centro da cidade e não ir à Rua Grande é como estar em Roma e não ir à Basílica de São Pedro. E, assim, partimos em direção Rua Oswaldo Cruz, nome mais moderno do mesmo logradouro.

Em princípio, suas dimensões não justificam o nome: não é tão larga e nem tão longa. É igualzinha à Rua da Paz e à Rua de Santana, suas vizinhas laterais. “Grande” vem da ideia de “principal”, ou seja, a mais movimentada ou mais popular de uma cidade, onde se desenvolve uma atividade mercantil variada e pulsante. Algo como uma “main street” que se vê nos filmes de Hollywood.

Um pouco de história não faz mal a ninguém, não é mesmo? A Rua Grande é uma das mais tradicionais de São Luís, constando em registros oficiais desde 1698. Nos tempos áureos da cidade, era a rua para compras e passeios — um shopping à céu aberto — e por lá circulavam as moças das famílias abastadas, exibindo a mais recente moda de Paris e Lisboa.

Inicialmente, a ideia era “circular” na redondeza. Ou — como se dizia antigamente — “descer e subir” a rua, pois já não fazíamos isso há muito tempo.

Mas, ao final da primeira etapa, uma surpresa comovente. Paramos numa calçada em frente ao Éden, cinema que, por várias décadas, ostentou a fama de melhor sala de espetáculos da cidade. De lá, percebi um grupo de turistas fascinados com a fachada do prédio que, hoje, abriga uma loja de roupas femininas. Fora a cor rósea, o visual é o mesmo do tempo em que o Cine Éden atraía cinéfilos, casais de namorados e paqueradores de plantão.

Por um instante, rememorei as tardes em que assistia a grandes filmes de Hollywood. Lembrei a “Sexta de Arte”, cuja sessão era às 22h, e que, por um bom tempo, trouxe mais luz e encanto às noites da cidade.

Foi no Éden que me emocionei com a história de “Ben-Hur”, a mensagem de “Os Dez Mandamentos”, a força de “Hércules”, os tiros de “O Dólar Furado”, a ousadia dos “Sete Homens e um Destino”. E me inspirei com os meus ídolos. Entre eles, Yul Brynner, Charlton Heston, Steve McQueen, Charles Bronson. Também não posso me esquecer das estrelíssimas Elizabeth Taylor e Sophia Loren. E de quebra, o “Canal 100” ( _tan_ _tan tan tan tan_ _tan_) depois dos trailers e antes da película principal, com o resumo noticioso da semana, que, para nós, chegava com uma ou duas semanas de atraso. Mas o que me fazia suspirar e gritar eram os passes de longa distância de Gérson (Botafogo-RJ), os dribles de Rivelino (Corinthians-SP) e os gols de Pelé (Santos-SP).

Saindo dessa tela de lembranças, pisei no palco da vida real e me misturei às centenas de formiguinhas nesse cenário privilegiado do varejo da nossa cidade. Tentando capturar as muitas cenas, registrei em áudio no meu celular o que me chamava a atenção. Mas, infelizmente, não tinha como dar conta de tudo. Por isso destaco apenas alguns dos momentos em que tive de escancarar olhos e ouvidos e sentir as batidas aceleradas do coração.

A Rua Grande não é uma “feira” no sentido estrito do termo, mas, se quiséssemos, teríamos comprado camarão seco, manga, ata (fruta do conde) tangerina, jambo. E o que mais você possa imaginar.

_Pode provar!_– antecipou-se um simpático camelô, dirigindo-se à minha mulher. E ela, sem hesitar, comprou um molho com alguns cachinhos de pitomba. E saiu feliz da vida: _crack, crack_.

Mais adiante, sentado num tapete no meio da rua, um homem com uma túnica hindu vendia carregadores de celular. Nesse instante, um barulho esquisito me fez olhar para trás. Ziguezagueando no meio do povo, um rapaz transportava uma panela de alumínio no bagageiro de sua bicicleta. Lambi os beiços e pensei: “Hum! Só pode ser feijoada ou mocotó”. O ciclista adentrou uma travessa à minha direita e sumiu no meio das barracas de lona.

Enquanto minha mulher se divertia numa loja de roupas, eu observava a muvuca que subia e descia, comprava e vendia. Aproveitei para conversar com a “cumade” de uma banca bastante sortida. Bom papo, ela sabia tudo sobre quase tudo. No topo do guarda-chuva que abrigava os produtos, um cartaz anunciava: APLICA-SE PELÍCULAS DE VIDRO. De certa forma, a agressão à nossa língua me afetou. Mas, considerando a escrita (e a fala) de tanta gente das Letras e das Comunicações, não tive coragem de julgá-la pelo erro de concordância. Para ela, o importante era comunicar. E isso o seu anúncio fazia muito bem.

Logo ao lado, três “locutores” de porta de loja — como se estivessem num concurso de TV ao vivo — disputavam clientes com seus argumentos e suas potências vocais. Se tivesse de escolher o melhor, daria “dez” para cada um deles. Mas, pensando bem, melhor seria chamar o Cid Moreira para julgá-los.

Passando em frente ao Edifício Caiçara, uma brisa poética: _parada obrigatória, lembranças à flor da memória_.

O Caiçara era a principal referência no âmbito da Rua Grande (Antes ou depois do Caiçara?). Por um instante, muita coisa aflorou: a lojinha do térreo onde eu comprava de revistas a Chicletes Adams. Sem esquecer que ali também era o “camarote” dos paqueradores vespertinos. Enquanto passavam à sua frente, as moças diminuíam o passo, afiavam o olhar e caprichavam no rebolado. Entre elas, estudantes secundaristas exibindo seus uniformes e seu charme.

Finalmente, peço licença ao conterrâneo João do Vale porque também eu “tinha tanta coisa pra falar”, mas…

Eu e minha mulher já estamos com dia e hora marcados para a próxima incursão a essa selva de gente e memórias.

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São Luís, o rio Itapecuru e o Plano Diretor

Seria exagero afirmar que São Luís pode entrar em colapso de abastecimento de água potável no médio ou longo prazo?

A provocação é necessária para pensarmos a cidade do presente de olho no futuro próximo.

Tanta água caindo do céu não significa que temos abundância, porque as propostas de revisão da legislação urbanística (Plano Diretor) dos últimos 10 anos não planejam a cidade para assegurar condições reais de preservação das áreas de recarga de aqüífero.

A água da chuva precisa de cobertura vegetal para infiltrar no solo e abastecer os lençóis freáticos (os rios subterrâneos).

E onde está a cobertura vegetal? Na zona rural, que é duramente atacada como se fosse um obstáculo para o “desenvolvimento”, “a geração de empregos”, “a implantação de grandes investimentos” e outras frases de efeito.

Como se não bastasse a ofensiva contra a zona rural dentro da ilha de São Luís, a cidade pode sofrer sérias conseqüências do processo de poluição e assoreamento do rio Itapecuru, que abastece boa parte da população da capital.

Não é exagero afirmar que o rio Itapecuru está virando uma vala de agrotóxicos e esgoto, como se fosse um depósito de toda a sujeira jogada ao longo do seu percurso, até chegar nas torneiras dos ludovicenses.

Esses dois temas da mais alta relevância são pouco abordados na maioria dos meios de comunicação.

Apenas a Agência Tambor vem insistindo em pautar a situação da capital e a sua extensão continental.

Quatro entrevistas mais recentes do Jornal Tambor são fundamentais para entender a gravidade da situação da água e o contraponto ao discurso do progresso a qualquer preço.

Ouça os podcasts e saiba mais:

O advogado Guilherme Zagallo fala sobre a poluição em São Luís.

A geóloga e professora Edileia Dutra aborda a relação entre a água e o Plano Diretor.

O professor e escritor Henrique Borralho e o economista Josemar Sousa Lima discorrem sobre a situação do rio Itapecuru