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Canal Tudo em Ciência lança as primeiras produções

Na semana na qual as frentes antifascistas ganham as ruas no país, o Canal Tudo Em Ciência entrevista o professor Gianni Fresu (Itália), professor da Universidade Federal de Uberlândia (MG) e presidente da IGS-Brasil (International Gramsci Society-IGS/Brasil), na série “Penso, logo resisto”, primeira temporada do canal Tudo em Ciência, sob coordenação do professor Franklin Douglas.  Fresu explica as características do fascismo, seu contexto histórico e paralelos com a situação atual.

Nesse episódio, também o lançamento do livro coordenado pela professora Maria Mary Ferreira (UFMA) e os trabalhos do professor do Curso de Radialismo da UFMA, Ed Wilson Ferreira Araújo (UFMA); e de Priscila Costa, doutoranda (PPGPP/UFMA) – com a colaboração de Vanessa Raquel.

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Amor Maior: novo single de Rita Benneditto será lançado no Dia dos Namorados

São muitos os laços que unem a cantora Rita Benneditto ao poeta e compositor Joãozinho Ribeiro. E eles vão além do sobrenome (Rita é também Ribeiro) e do estado onde nasceram, o Maranhão. As trajetórias de ambos já se cruzaram muitas vezes, e Rita já cantou ao vivo diversas canções do autor. Um desses encontros foi num projeto que incluiu também Zeca Baleiro, que dava, juntamente com os parceiros, seus primeiros passos na música.

Ao longo desses anos, Rita sempre acalentou a vontade de gravar algo do poeta. E, dizem os entendidos, que as coisas acontecem no seu tempo. Prova disso é “Amor maior”, novo single da artista que chega às rádios e plataformas digitais no dia 12 de junho, não por acaso o Dia dos Namorados. A faixa tem produção e arranjos a cargo do maestro Zé Américo Bastos e conta com a participação do violonista Israel Dantas. A canção será apresentada ao público em uma live no próprio dia 12, no canal da artista no youtube.

Rita e Joãozinho costumam trocar mensagens pelo whatsapp e foi por meio deste aplicativo que “Amor maior” chegou à cantora. E não passou despercebida.  Em 2019, o compositor festejou seus 40 anos de carreira no palco.  Nos palcos, melhor dizendo, pois a turnê de “Milhões de uns” levou-o para além das divisas do seu estado. A apresentação no Rio teve a participação de Rita, que, afinada com o cancioneiro do poeta, interpretou diferentes temas. “Amor maior” era, claro, um eles. E ali, na cena, a artista sentiu que a canção já era dela.

A pandemia provocada pela covid19 leva-nos a repensar antigos valores e as relações (pré)estabelecidas com a sociedade e com a própria vida. Com Rita Benneditto não é diferente. A cantora viu-se tomada pela necessidade de cantar o amor. Não o amor idealizado, mas algo maior, como ela explica a seguir:  “O amor é um tema tão importante para todos nós desde sempre e agora mais do que nunca. A gente precisa dar amor e recebê-lo daqueles que amamos, além de compartilhá-lo com o planeta. O amor é antes de tudo uma energia”.

Energia que aglutina. Assim sendo, nada melhor do que a parceria daqueles que compartilham dos mesmos princípios. Eis que dois outros maranhenses entram na jogada. A cantora escolheu o maestro Zé Américo Bastos para criar os arranjos e produzir a faixa. “Sabia que o Zé Américo iria dar o tom certo a essa balada e foi o que aconteceu”, elogia Rita. O maestro escalou, por sua vez, o violonista Israel Dantas. E, nesses tempos de isolamento social, tudo foi feito em segurança, com cada um no seu canto. Zé Américo criou os arranjos da sua casa, Rita pôs voz no próprio lar e Dantas dedilhou seu instrumento no Maranhão, onde vive.

Mais sobre Joãozinho Ribeiro:

O artista é hoje um dos nomes mais relevantes entre os compositores do Maranhão. Suas primeiras incursões musicais datam de 1979, quando começou a participar de festivais universitários. Nas décadas seguintes, o autor amadurece sua vocação e começa a chamar a atenção na cena musical e boêmia. Um sinal disso dá-se em 2001, quando a cantora Célia Maria, considerada a “Voz de Ouro do Maranhão”, grava “Milhões de uns”, levando o autor a ser requisitado pelos mais variados intérpretes. Em mais de quatro décadas dedicadas à música e à poesia, Ribeiro esteve ligado às vanguardas maranhenses e flertou com estilos musicais os mais diversos, indo do choro ao blues; do samba ao cacuriá, passando ainda por ritmos como o tambor de crioula e o bumba-meu-boi. 

SERVIÇO

“Amor maior”, novo single de Rita Benneditto

Lançamento nacional: dia 12 de junho, às 19h, no canal da artista no youtube

Ficha técnica da faixa:

Autoria: Joãozinho Ribeiro

Arranjos, piano, baixo, percussão e cordas: Zé Américo Bastos

Violão: Israel Dantas

Mixado e masterizado por Zé Américo Bastos no Zap Studio

Uma realização Elza Ribeiro Produções

Mais informações:

Christovam Chevalier Comunicação

(21) 9 9177-4761 ou christovam.chevalier@gmail.com

Imagem destacada / Rita Benneditto por Elza Ribeiro

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Flávio Dino dialoga com bispos sobre ações de combate ao coronavírus

O governador Flávio Dino reuniu, na manhã desta terça-feira (2), com bispos da Igreja Católica de várias dioceses do Maranhão. O encontro, realizado de forma virtual, foi pautado pelas políticas de combate ao coronavírus no estado. Durante a reunião, o governador apresentou os dados de avanço da doença no Maranhão, bem como as ações ancoradas pelo Governo para amenizar os efeitos da doença no estado.  

Desde o início da pandemia, por exemplo, os hospitais estaduais saltaram de 232 para 1680 leitos exclusivos para o tratamento da doença, entre leitos clínicos e unidades de terapia intensiva (UTI).  A grande abertura de leitos é, inclusive, um dos motivos para o estado apresentar índices de letalidade inferior à média nacional. 

No último boletim epidemiológico divulgado (01/06), o Brasil apresentava taxa de letalidade de 5,7%, enquanto que o Maranhão apresentava a taxa de 2,72%. “Enfrentamos o coronavírus no contexto das desigualdades sociais e regionais, principalmente no que diz respeito à oferta de leitos e equipes médicas. Fizemos uma multiplicação por sete no número de leitos, um esforço muito grande e que continua”, disse o governador Flávio Dino. 

Dino elencou também dados de ações sociais, como a distribuição de mais de 130 mil cestas básicas para as populações mais vulneráveis, bem como ações específicas de combate ao coronavírus nas comunidades indígenas e no sistema carcerário, pontos de preocupação dos bispos presentes. 

Dom Sebastião Bandeira Coelho, bispo da Diocese de Coroatá e presidente da Regional Nordeste 5 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), agradeceu ao governador Flávio Dino pela oportunidade de acompanhar mais de perto a situação do Maranhão na pandemia. “Quero agradecer o espaço que o governador nos ofereceu para termos uma visão mais objetiva da realidade do Maranhão. Pautamos nossas decisões na ciência, nos decretos das autoridades, e principalmente pelos valores inegociáveis da vida. A vida vale mais que o valor econômico”, disse Dom Sebastião, durante a sua fala. 

Dom Vilsom Basso, da Diocese de Imperatriz, afirmou que “a vida está em primeiro lugar” e que é função de todos “cuidar dos mais pobres e mais sofredores”. “O combate ao coronavírus deve ser pautado pela fé, pela consciência e pela dimensão social”, pontuou. 

Participaram da reunião os secretários Marcelo Tavares, chefe da Casa Civil, e Francisco Gonçalves, da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular. Também estiveram presentes os bispos Dom Esmeraldo de Barreto (auxiliar da Arquidiocese de São Luís), Dom Rubival Cabral (Diocese de Grajaú), Dom Armando Martin (Diocese de Bacabal), Dom Elio Rama (Diocese de Pinheiro), Dom Evaldo Carvalho (Diocese de Viana),  Dom Francisco Lima (Diocese de Carolina), Dom José Belisário (Arcebispo da Arquidiocese de São Luís), Dom José Valdeci (Diocese de Brejo), Dom Sebastião Lima (Diocese de Caxias), padre Nadir Zanchetti e Martha Furtado Bispo, secretária executiva da Regional Nordeste 5.

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O bloco de Sérgio Sampaio ainda está na rua

Texto de Celso Borges, poeta e jornalista

São Paulo, primeiro semestre de 1994. Subo a Rua Abílio Soares, no bairro do Paraíso, em direção à Avenida Paulista. Passo na porta do Café Paris, ou seria o Barnaldo Lucrécia? A memória falha, mas isso não tem importância, porque lembro perfeitamente o cartaz na porta: “Sérgio Sampaio, show dia 14 de abril”. Seria dali a duas semanas. Meu coração bateu no brilho dos olhos. Finalmente poderia ver um cara que eu amava apenas no radinho de pilha. Queria chegar perto dele depois do show, talvez, e pedir um abraço. Não aconteceu. Na semana seguinte fui comprar o ingresso e o show tinha sido transferido, sem previsão de data.

A verdade do adiamento é que Sérgio Sampaio estava morrendo. Um mês depois, em 15 de maio, foi embora, vítima de cirrose hepática. Ficou um vazio duplamente presente pelas duas ausências. O show e o abraço que não tive, além do silêncio do corpo do artista para sempre.

Essa tristeza foi substituída poucos anos depois pela enorme alegria ao ouvir Zeca Baleiro cantando Tem que acontecer, uma canção belíssima que invadiu deliciosamente rádios do Brasil inteiro e trouxe de volta a alma e a voz do compositor popular.

Não fui eu nem Deus

Não foi você nem foi ninguém

Tudo o que se ganha nessa vida

É pra perder

Tem que acontecer, tem que ser assim

Nada permanece inalterado até o fim

Foi Zeca, sem dúvida, o grande responsável pela valorização de Sampaio. Pouco tempo depois, Mazolla produziria o CD Balaio do Sampaio, uma coletânea de suas músicas cantadas por vários artistas da MPB. Foi ali que ouvi pela primeira vez Meu pobre blues, composição de Sérgio em “homenagem” a seu conterrâneo de Cachoeiro do Itapemirim, Roberto Carlos. Sampaio sempre tentou, em vão, que Roberto cantasse uma música dele, mas o rei do iê-iê-iê não tinha olhos para ver e ouvir as verdades de quem teve coragem de dizer versos tão comoventes, ironicamente interpretados no disco pelo parceiro Erasmo Carlos.

Meu amigo,

Foi inútil…

Eu juro que tentei compor

Uma canção de amor

Mas tudo pareceu tão fútil

E agora que esses detalhes

Já estão pequenos demais

E até o nosso calhambeque

Não te reconhece mais

Eu trouxe um novo blues

Com um cheiro de uns dez anos atrás

E penso ouvir você cantar

Mesmo que as mesmas portas

Estejam fechadas

Eu pretendo entrar

Mesmo que minha mulher

Depois de me escutar

Ainda insista

Que você não vai gostar

Mas a homenagem mais importante viria em 2010, quando Zeca Baleiro produziu e lançou o disco Cruel, reunindo oito canções que Sampaio tinha registrado em voz e violão num estúdio em Salvador pouco tempo antes de morrer, além de outras composições resgatadas de uma velha fita cassete. Baleiro colocou uma banda acompanhando o artista, um trabalho arriscado e difícil de fazer, mas cujo resultado final valeu a pena.

Semana passada recebi a mensagem de um amigo do Rio de Janeiro, o poeta e diretor de teatro, Sidnei Cruz, sugerindo um vídeo com o último show gravado de Sérgio Sampaio, em 1993, na Universidade Federal do Espírito Santo. Não tenho palavras. Vê-lo cantar me passa uma verdade tão grande, que compreendo claramente porque Eu quero botar meu bloco na rua, sua composição mais conhecida, sempre me causou tanta emoção desde a primeira vez que a escutei num radinho de pilha no programa Quem manda é você, de Zé Branco, na Difusora AM, em 1972.

Essa canção me joga em outras imagens, que também me atravessam e me comovem. Um pequeno trecho de um show de Sérgio Sampaio, em maio de 1993, organizado pela gravadora Phonogram, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. O compositor capixaba se apresenta de cabelos compridos, veste uma espécie de tapete colorido como casaco, calça boca de sino e uma faixa amarela na cintura. Como um dândi, um arlequim, um antibobo da corte, corpo e alma sentindo a vida com a profundidade dos grandes artistas. Canta e toca sentado, passa a mão nos olhos, levanta em transe, continua cantando, dança, se contorce e bota o bloco na rua. Há algo ali maior que tudo.

Fotos/Divulgação (selecionadas no Google por Celso Borges)

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Apruma faz levantamento sobre trabalho remoto na UFMA

A Apruma (Associação dos Professores da UFMA), seção sindical do Andes, está realizando um levantamento junto aos docentes da Universidade Federal do Maranhão sobre as condições de trabalho no contexto da pandemia do Covid-19.

Responda ao levantamento clicando aqui

O objetivo do levantamento é coletar informações que possam subsidiar o debate, a posição e as proposições da Apruma quanto ao trabalho no contexto de isolamento social, bem como na expectativa de retorno gradual das atividades, pós-isolamento. 

A iniciativa da Apruma decorre da Resolução nº 1.999 publicada pela Universidade Federal do Maranhão, ad referendum, em 18 de maio/2020, que dispõe sobre o calendário acadêmico especial (2020.3), por meio de atividades remotas.

Segundo a direção da UFMA, a Resolução nº 1.999 foi baseada em um diagnóstico realizado junto a(os) alunos(as), professores(as) e técnicos administrativos acerca das condições para o desenvolvimento de atividades de ensino de forma remota, por meio de um questionário disponibilizado através da plataforma eletrônica Sigaa.

De acordo com a Apruma, muitos estudantes e professores, em reuniões e debates, questionam o formato do diagnóstico da UFMA, que não considerou aspectos mais amplos para tal atividade e a ausência de um debate abrangente com a comunidade acadêmica.

Assim, atendendo a sugestões dos docentes em reunião realizada no dia 19 de maio de 2020, a Apruma está realizando o levantamento próprio com o objetivo de mapear as condições de trabalho docente na forma remota, em suas múltiplas dimensões, visando coletar informações que possam subsidiar a entidade representativa dos professores no contexto atual.

Clique no link para responder às perguntas da Apruma

Imagem destacada capturada neste site

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Manifesto em defesa da democracia cita Diretas Já e reúne FHC, Haddad, Huck e Flávio Dino

“Somos a maioria e exigimos que nossos representantes e lideranças políticas exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o país”, diz o texto.

Sputnik – Criado pelo Movimento Estamos Juntos, o manifesto suprapartidário foi publicado em forma de anúncio neste sábado (30) nas páginas dos principais jornais do Brasil. Assinam o documento políticos e outras figuras públicas, como artistas, escritores, religiosos, intelectuais, economistas, jornalistas e cientistas. 

O título do manifesto, datado de 29 de maio, é “Somos muitos”, e trecho em destaque, ao final do texto, diz: “Vamos juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiros”. 

Outra parte do manifesto pede união de diversos setores da sociedade e cita o movimento das Diretas Já. Não há referência ao presidente Jair Bolsonaro no texto. 

“Como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum. Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”, afirma. 

‘Devastadora crise sanitária, política e econômica’

No anúncio aparecem cerca de 230 assinaturas, entre elas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do ex-prefeito de São Paulo e ex-presidenciável Fernando Haddad, do governador do Maranhão, Flávio Dino, do apresentador Luciano Huck, da economista Elena Landau, do escritor Paulo Coelho, do cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Sherer, do cantor Lobão, do deputado federal Marcelo Freixo e da educadora e acionista do Itaú, Maria Alice Setúbal. 

Segundo o movimento, o manifesto já reúne mais de 20 mil assinaturas. 

“Somos a maioria e exigimos que nossos representantes e lideranças políticas exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o país. Somos a maioria de brasileiras e brasileiros que apoia a independência dos poderes da República e clamamos que lideranças partidárias, prefeitos, governadores, vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes assumam a responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade como nação”, diz a carta.

Imagem destacada / Fernando Haddad e Flávio Dino em comício na campanha de 2018, em São Luís / crédito: Ricardo Stuckert

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Literatura para ouvir: fragmentos de García Márquez em áudio

Tudo começou quando o poeta Celso Borges postou em uma rede social que começaria a reler “Cem anos de solidão”, obra clássica do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

Eu também queria revisitar a obra, mas estava impedido pela pandemia de buscar meu livro na antiga casa da minha família, no bairro Apeadouro, guardado em alguma caixa ou armário que eu demoraria a encontrar.

Ainda sou do tipo fissurado em livro de papel e não tenho o hábito de ler grandes obras literárias em pdf nos dispositivos móveis.

Então pedi a Celso que gravasse alguns trechos em áudio e enviasse por WhatsApp. Aos poucos ele está me abastecendo com passagens de um livro marcante para toda a minha vida.

Nas três gravações já enviadas você pode ouvir um trecho descritivo sobre Macondo, a morte do coronel Aureliano Buendía e a reação irada de Aureliano Segundo.

Ando ansioso para o poeta enviar algum trecho da personagem “Remédios, a Bela”

Já que não me interessei em fazer o download do livro de Márquez, fiz o upload dos fragmentos da obra enviados por áudio para a minha nuvem no Soundcloud. Obrigado, Celso.

A pandemia tem dessas coisas. Nós estamos isolados, mas não solitários. Viva a solidariedade.

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Jornalismo, democracia e os governos no Brasil

Editorial – Agência Tambor

28/05/2020

Quando se fala de liberdade de imprensa, se fala essencialmente de democracia.  Trata-se de um tema que nos remete a um antigo debate, sobre democratização da comunicação.

No Brasil, além da poderosa mídia de mercado, vivemos um tempo de novas máquinas milionárias, feitas pra mentir e caluniar. É a nova “Indústria da Fake News”, de viés evidentemente fascista.

Nesse novo ambiente, o que seria liberdade de imprensa? O que significaria democratizar a comunicação? Qual o papel dos governos?

O assunto dá muito pano pra manga!

Mas entre outras coisas, é evidente que no Brasil segue a necessidade de fracionar o poder. Dividi-lo entre os mais diferentes meios de comunicação, longe de critérios oligárquicos e/ou monopolistas.

O orçamento público deveria ter um papel importante nesse processo, atuando para pluralizar as vozes, incluindo o jornalismo de viés popular, feito com autonomia, comprometido com os mais pobres, com os trabalhadores.

Estamos falando de uma ação de governo que não pode ser sinônimo de aparelhamento. É o inverso disso.

Qualquer governo; seja ele de direita, de centro ou de esquerda, não tem legitimidade pra falar de liberdade de imprensa, no momento que utiliza o orçamento da comunicação de modo conservador, baseado unicamente na publicidade, na propaganda travestida de reportagem, no culto a personalidade e na bajulação.

Liberdade de expressão e democracia tem que ter, necessariamente, relação com justiça social e defesa do interesse público.

A extrema direita precisa ser superada. Isso é prioridade! Mas o debate da democratização da comunicação é estruturante e precisa ser aprofundado.

E o Maranhão tem muito a dizer!

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Machismo e acusação inquisitiva em Dom Casmurro: forças subjacentes ao suposto adultério

Por Arnaldo Gomes, professor de Língua Portuguesa.

Com grande relevância na produção literária de Machado de Assis, o romance Dom Casmurro faz voltar às memórias, “quase póstumas”, que dialogam com Memórias Póstumas de Brás Cubas – obra inicial do realismo no Brasil.

Conforme afirma Alfredo Bosi, a narrativa em primeira pessoa revela um Bentinho dominado por uma lacuna. Nesse sentido, pode-se perceber a melancolia de Bento Santiago (Bentinho) por meio do relato de suas reminiscências, com um tom negativo não apenas sobre faltas e perdas de outras pessoas em sua vida, mas sobre a falta de si mesmo (capítulo II):

         “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida e restaurar na velhice a adolescência[...]Só me faltassem os outros,vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo,e essa lacuna é tudo.”

A leitura atenta dessa metalinguagem pode ajudar o leitor a entender que, nos capítulos subsequentes, o discurso monolítico de Bentinho, interessado em compor a imagem de Capitu como dissimulada e adúltera, é permeado por fissuras reveladoras de ambiguidades: não se deve dar credibilidade ao que profere o narrador acerca da suposta infidelidade da sua mulher, posto que ele mesmo se revela inseguro e, por conseguinte, perturbado; narra os fatos a partir de um olhar uno e inquisitivo. Sob esse viés, vale salientar a reflexão feita pelo filósofo Edgar Morin, de que “ todo ponto de vista é sempre uma vista a partir de um determinado ponto”. Observe-se ainda que, a despeito de toda a acusação, Capitu não tem direito ao contraditório na trama da narrativa.

À luz da processualística contemporânea, poder-se-ia alegar nulidade do processo contra Capitu, visto que não houve isonomia entre as partes, tampouco ela foi intimada para apresentar a sua defesa. Portanto, não existe igualdade e, muito menos equidade, caso se pretenda dirimir um conflito, quando a parte interessada em acusar pretende ainda proferir a sentença.

Entender esse conjunto de elementos que permeiam o enredo é fundamental à percepção de que a genialidade de Machado de Assis não se limitaria certamente à questão instigante sobre a existência – ou não – do adultério em Dom Casmurro. É a partir da compreensão dessas questões que se percebem as temáticas – como o machismo de um “Casmurro” e a acusação sem provas contra Capitu- que emergem como forças subjacentes na obra, cujo debate não se limita às instituições (família e casamento) do século XIX; ao contrário, permanece vivo na sociedade contemporânea, numa prova inequívoca de que o olhar percuciente do autor projeta Dom Casmurro para além do seu tempo e traz à baila temáticas que não se tornam extemporâneas. Ao contrário, permanecem vivas e atuais.

Essa concepção é corroborada pelo próprio Machado de Assis, ao afirmar seu Sentimento de Nacionalidade: “o que se deve esperar de um escritor é, antes de tudo, um certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos num tempo e no espaço”. Faz-se, pois, inconteste a intenção do autor de projetar as diversas temáticas na obra em tela (suposto adultério, machismo, acusação inquisitiva e violência simbólica), só que o faz em tom nada panfletário ou incisivo. Essas questões, não obstante, devem ser compreendidas nas contradições e fraquezas do narrador-personagem, desveladas no próprio discurso de Bentinho e – intencionalmente – exploradas pelo realismo investigativo de Machado de Assis, um analista crítico à hipocrisia das instituições e um exímio observador da alma humana.

No entanto, é difícil pensar em Dom Casmurro e não ser seduzido a discutir sua temática mais visível. Para o escritor Arnaldo Sampaio Godoy, pensa-se que Capitu traiu, porque Capitu poderia ter traído. Essa é,portanto, a mais injusta e infame das provas. De fato, Godoy tem razão. É injusto e violento dar como certo aquilo que poderia ter ocorrido, ainda que não se tenha como provar se realmente ocorreu. É assim que o machismo e a insegurança de Bentinho agarram-se à possibilidade da traição, com o ardil de torná-la verossímil e subordinar a ela todas as conclusões possíveis, a fim de impossibilitar qualquer conclusão que não esteja vinculada à premissa acusatória, escolhida por ele para condenar Capitu.

Essa postura unilateral do narrador-personagem pode levar o leitor a emaranhar-se nas armadilhas do enredo e não atentar para o fato de que, contrariando a tese de quem a vê como adúltera, Capitu seria um exemplo de mulher injustiçada, como são tantas outras ainda hoje. Sob o predomínio da presunção de sua inocência, pode ser vista como uma metonímia da parte pelo todo, do individual pelo coletivo: de mulheres vítimas da violência perpetrada pelo machismo. No caso de Bentinho, um machista confuso e de extrema fraqueza moral, visto que teria suportado a traição, sem que tivesse a coragem de romper o casamento.

Para além da discussão sobre o suposto adultério, é importante perceber que Dom Casmurro é um libelo de condenação sem provas, bem ao gosto dos inquéritos medievais, pois busca construir uma verdade com base numa razão edificada sobre si mesma. Essa inquisição, reprodutora de tantas iniquidades (contra mulheres, negros, indígenas e tantas categorias historicamente vulneráveis) precisa ser suplantada.

Por fim, se Edgar Morin é cético quanto à imparcialidade do olhar, percebe-se que realidade e ficção andam juntas, já que – na obra de Machado de Assis – o mais importante não é o fato em si, mas a constelação de intenções e ressonâncias que o envolvem.

Imagem destacada capturada neste site

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Fotografias registram a peste bubônica em São Luís

Amanda Gato, historiadora e mestre em Cultura da Sociedade pela UFMA

Reportagem publicada originalmente no site Agenda Maranhão

No início do século XX, entre os anos de 1901 e 1906, São Luís passou por alguns projetos de melhoramento urbano, no intuito de embelezar e, principalmente, sanear as áreas insalubres para conter o avanço de doenças e epidemias.

No esteio do discurso republicano da modernização e do progresso, a cidade não poderia continuar vivendo com os diversos problemas estruturais urbanos e sociais relatados e denunciados diariamente pela imprensa local.

Enquanto a Intendência embeleza a cidade, o povo pacato e tolerante do nosso Maranhão é obrigado a andar como as rãs, pulando de charco em charco! Belo povo, que com pouco se contenta… E os jornais do dia que se amolem em clamar providências para que sejam demovidos os lodaçais que inundam nossas ruas prejudicando assim a saúde pública!” denunciava o Jornal A Campanha, em 1903.

Entretanto, mesmo com os relatórios e estudos sobre higiene e saneamento básico de São Luís acusando altos índices de enfermidades, os poderes dirigentes se omitiam em resolvê-los de fato, nem mesmo oferecendo os serviços básicos. Logo, o descaso com a cidade e, sobretudo com a população mais pobre era refletido na mórbida realidade social e nas chocantes condições sanitárias. Infelizmente, algo não muito diferente dos dias de hoje no Brasil.

Além da peste bubônica, São Luís enfrentou outros surtos epidêmicos com altos índices de mortalidade, como beribéri, tuberculose, lepra, febre amarela e varíola. No entanto, numa política de hierarquização de doenças, a peste era a que mais preocupava as autoridades políticas e sanitárias naquele período.

A peste bubônica chegou ao Brasil, em 1899, pelo porto de Santos, em São Paulo e logo se espalhou pelo restante do país, como Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.

Aqui em São Luís, a porta de entrada também foi pelo porto, principal acesso de embarque e desembarque de produtos e de pessoas. A doença iniciou o seu contágio na cidade em 1903, prosseguindo pelo ano de 1904 e repetindo novos ciclos em 1908 e 1921.

Em 1904, a Revista do Norte publicou uma reportagem com oito páginas sobre o novo hospital de isolamento do Maranhão, dedicado ao tratamento dos doentes da peste bubônica. Na reportagem há informações sobre o seu funcionamento, descrições dos espaços físicos, sua organização e divisão das enfermarias por classe social e sexo, dados epidêmicos, além de sete fotografias ilustrando.

Capa da Revista do Norte com a fotografia da equipe de administração superior do Hospital de isolamento. Fotografia: autor desconhecido

Na capa da revista a fotografia da equipe que formava a administração superior do Hospital, o Dr. Victor Godinho ao centro acompanhado do lado esquerdo pelo Dr. Álvaro Sanches e a enfermeira Violet Small, ao lado direito a enfermeira Mary Baggott e o Dr. Gomes.

Em 1904, o Dr. Victor Godinho, que tinha experiência na administração hospitalar e no tratamento da peste bubônica, foi convidado por Collares Moreira, então governador do estado, para formar uma Comissão Sanitária e combater a peste em São Luís. Deste trabalho, resultou um extenso o relatório com dados detalhados sobre o a peste no Maranhão, incluindo gráficos e fotografias.

Gráfico do movimento de doentes e óbitos por quinzenas. Fonte: Relatório da Peste no Maranhão, 1904.

Fotografia da Comissão Sanitária. Autor desconhecido

Enfermaria Geral das Mulheres do Hospital de isolamento.  Autor desconhecido

Enfermaria de Classe para Mulheres.  Autor desconhecido.

As enfermarias do hospital eram divididas em quatro e por sexo: uma para mulheres de classe, com 12 leitos, uma para homens de classe, com 15 leitos, uma geral para homens, 30 leitos e outra geral para mulheres, com 32 leitos.

Existiam também quatro quartos particulares reservados com 2 leitos cada, para doentes de classe que fosse acompanhados por pessoas da família e de sexo diferente. No total, o Hospital dispunha de 97 leitos e, em caso de necessidade, o número poderia ser elevado para 147.

Enfermaria geral para homens, com médicos, enfermeiras e pacientes posando para a foto

Enfermaria de homens de classe. Nota-se que os pacientes, aparentemente, não aparecem na imagem

Segundo os dados fornecidos pelo Dr. Godinho, o total de doentes não excedeu o número de 800 pessoas, entre os dias 17 de outubro a 20 de abril. E os casos conhecidos oficialmente pelo órgão de higiene eram de 648 pessoas doentes, sendo que destas, 195 faleceram em domicílio e 443 foram tratadas no Hospital de Isolamento. O número de casos da doença em domicílio foi confirmado através das visitas dos Inspetores Sanitários, incumbidos de mapear as casas e os doentes. O resultado das visitas detectou o número de 659 doentes de peste em toda a cidade de São Luís. Ainda segundo a revista, a mortalidade das pessoas com peste recolhidas nos hospitais foi de 39,50% e a mortalidade em domicílio obteve a alta taxa de 81%.

Além da vacinação da população, outra medida de enfrentamento da epidemia foi a desinfecção da cidade, ruas, casas, cortiços com focos foram desinfetadas sistematicamente. Para evitar a contaminação do interior do estado, foram feitas desinfecções em todas as embarcações, nas bagagens e nas roupas dos passageiros que partiam de São Luís.

Os funcionários só saiam do hospital em dias já determinados e com licença especial, além disso, o hospital fazia todo trabalho de higienização e desinfecção das roupas e objetos utilizados no próprio estabelecimento. O isolamento hospitalar era garantido, segundo a revista, “por um piquete de seis praças”, distante o suficiente da área central da cidade, situado no extremo da Rua São Pantaleão.

Área interna do Hospital, pátio, jardim e varandas.

A peste bubônica é uma doença transmitida pela picada de pulgas infectadas por ratos contaminados. No Brasil, foi combatida por Oswaldo Cruz e as medidas contra a doença não tiveram resistência da população, ao contrário do que ocorreu com a varíola, que gerou do famoso episódio da Revolta da Vacina.

Para combater a peste, as autoridades sanitárias decidiram por medidas que evitassem a proliferação da doença como intensa limpeza e desinfecção urbana para a eliminação do principal vetor, o rato e a notificação compulsória dos doentes, o que ajudou no isolamento e no tratamento dos pacientes com o soro produzido pelo Instituto Soroterápico Federal, mais tarde conhecido como Instituto Oswaldo Cruz.

Não podemos esquecer que o Instituto Oswaldo Cruz ou Fiocruz vem, ao longo de 120 anos, contribuindo para o desenvolvimento da ciência e da produção de vacinas e medicamentos no país, bem como na formação de profissionais e pesquisas ligadas a área da saúde pública brasileira, com reconhecimento nacional e internacional por suas ações. Hoje, a Fiocruz integra o consórcio internacional para estudo e combate ao novo coronavírus.