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Pandemia favorece os mais ricos

O Brasil, terra dos paradoxos, regrediu quanto às condições econômicas (…)

Artigo de Frei Betto, publicado originalmente aqui

O Brasil, terra dos paradoxos, regrediu quanto às condições econômicas da população durante a pandemia e, no entanto, aumentou o número de bilionários. O empresariado industrial cede lugar à burguesia financeira. O dinheiro se desloca da propriedade imóvel (agropecuária e industrial) para a propriedade móvel (ativos financeiros).

Segundo Oded Grajew, da Oxfam Brasil, aqui os 5% mais ricos concentram em mãos 95% da renda nacional, e 10% possuem 74% das riquezas.

A revista Forbes, que pesquisa os mais ricos no mundo, informa que, no Brasil, dobrou o número de pessoas que tiveram aumentada suas fortunas em pelo menos 1 bilhão de dólares (R$ 5 bilhões). O elenco passou de 31, em 2016, para 65, em 2021. Assim, no país a participação dos ricos no total de bilionários do mundo saltou de 1,7% (2016) para 2,4% em 2021.

Já a economia brasileira caminha em sentido inverso. Regrediu do 9º para o 12º lugar no ranking dos maiores PIB do mundo. Se comparada com a evolução da riqueza global, a participação do Brasil foi reduzida em 33,3%, pois deixou de representar 2,4% do PIB mundial (posição em 2016) para assumir, em 2020, o exíguo perfil de apenas 1,6%.

Caiu também o PIB por habitante. Na lista de 195 países, o Brasil passou da 76ª posição, em 2014, para a 85ª posição em 2020, segundo dados do FMI. Nosso PIB retrocedeu 3,8% entre os governos Temer e Bolsonaro.

De acordo com dados do IBGE (novembro de 2020), no Brasil mais de 50 milhões de pessoas se encontram na pobreza (renda per capita mensal de, no máximo, R$ 499), e 13 milhões, na extrema pobreza (renda mensal não ultrapassa R$ 178).

Da população brasileira, 14,4 milhões estão desempregados; 40 milhões sobrevivem de empregos informais; 13,6 milhões vivem em favelas. Passa da metade o número de brasileiros de 25 anos ou mais que não concluíram a educação básica, e 33,1% não terminaram o ensino fundamental. Outro dado preocupante: a cada ano, são assassinados, em nosso país, 44 mil pessoas, a maioria negros e pobres. Somos a sétima nação mais desigual do mundo.

Dados Globais

Entre 2016 e 2020, a economia global cresceu 10,7%, e o número de bilionários, 52,2%. A elevação do PIB da China em 31,3% elevou a quantidade de seus bilionários em 295%. Segundo o índice Bloomberg, o patrimônio dos donos das 500 maiores fortunas do planeta aumentou quase R$ 10 trilhões em 2020. A lista é liderada por executivos de empresas de tecnologia e artigos de luxo.

A pandemia favorece os mais ricos. A quarentena doméstica intensificou o uso de tecnologia e as vendas online. As ações do Zoom subiram 450%. E sem poder viajar, os bilionários se dedicaram a adquirir, via ecommerce, produtos sofisticados como joias, relógios e marcas de grife.

O economista Michael Roberts afirma que um número muito reduzido de pessoas (menos de 0,1%) possui 25% da riqueza mundial. Apenas 1% do topo das famílias tem 43% da riqueza global, os 10% seguintes, 81%, enquanto os 50% da base somente 1%. Este 1% do topo é integrado por 52 milhões de multimilionários em riqueza líquida (descontadas já as dívidas). Dentro desse 1%, há 175 mil pessoas super ricas, pois cada uma abocanha mais de 50 bilhões de dólares em riqueza líquida. Esta informação vem do relatório de 2020 produzido pelo Credit Suisse Global Wealth, que acaba de ser divulgado.

O relatório continua sendo a análise mais abrangente e explicativa da riqueza global (não confundir com a renda), assim como da desigualdade da riqueza pessoal no mundo. Todos os anos esse relatório analisa a riqueza – composta pelos ativos financeiros (ações, obrigações, dinheiro, fundos de pensões etc.) e propriedades (casas, fazendas etc.) – de 5,2 bilhões de pessoas em todo o mundo, descontadas já as dívidas.

De acordo com o relatório de 2020, a riqueza familiar total global aumentou US$ 36,3 trilhões em 2019. Mas a pandemia cortou esse aumento de 2019 quase pela metade (US$ 17,5 trilhões), entre janeiro e março de 2020. No entanto, os mercados de ações e os preços das propriedades se recuperaram rapidamente, graças às injeções de crédito dos governos e dos bancos centrais.

Na queda da riqueza global, a região mais afetada foi a América Latina, onde as desvalorizações cambiais reforçaram as reduções do PIB em dólares, resultando na perda de 12,8% na riqueza total em dólares. A pandemia também estagnou o crescimento esperado nos EUA e causou perdas em todas as outras regiões, exceto China e Índia. Entre as principais economias globais, o Reino Unido testemunhou a maior erosão relativa da riqueza.

No final de 2019, os EUA e a Europa – que reúnem apenas 17% da população mundial adulta – concentravam 55% da riqueza global total. As diferenças de riqueza dentro dos países são ainda mais pronunciadas. No mesmo período, os milionários de todos os países do mundo – que somam 1% da população adulta – tinham em mãos 43,4% do patrimônio líquido global.

Em suma, o que o relatório mostra é que bilhões de pessoas não têm riqueza líquida nenhuma, e a distribuição da riqueza pessoal global reflete um mundo em que alguns gigantes, como Gulliver, olham para baixo e contemplam uma imensa massa de liliputianos…

Segundo Thomas Piketty, se houvesse um imposto mundial de 2% sobre fortunas acima de 10 milhões de euros, isso renderia dez vezes mais: 1 trilhão de euros por ano, ou 1% do PIB global, que poderia ser distribuído a cada país proporcionalmente à sua população. Se for de 2 milhões de euros, o PIB mundial cresceria 2%, ou mesmo 5% com uma escala altamente progressiva para os bilionários. Mais do que suficiente para substituir toda a ajuda oficial internacional atual, que representa menos de 0,2% do PIB global (e apenas 0,03% para a ajuda humanitária de emergência).

Uma medida urgente seria implementar a renda básica universal. Se dividirmos o PIB Mundial (calculado em cerca de 84 trilhões de dólares) pelos 7,2 bilhões de seres humanos, chegaremos ao valor per capita de US$ 11.667,00, ou seja, cada um disporia, por ano, de R$ 60 mil ou R$ 5 mil por mês.

Essa radiografia contraria quem acredita que a humanidade sairá melhor dessa pandemia. Quando o Titanic começou a afundar, os mais ricos não se preocuparam com o próximo. Correram para os botes de salvação, sem se importar com quem não teve o mesmo privilégio. Portanto, coloca-se como desafio urgente trabalhar pela cultura do cuidado e da solidariedade. Precisamos, urgente, de seis conquistas básicas: educação, saúde e acesso digital para todos, energia limpa, uso sustentável da Terra e cidades sustentáveis.

*Frei Betto é frade dominicano, jornalista e escritor, autor de “Parábolas de Jesus – ética e valores universais” (Vozes), entre outros livros. Livraria Virtual: freibetto.org/livraria

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Luiz Henrique Lula da Silva assume mandato de deputado estadual

Vice-líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), o deputado Zé Inácio informou ao governador Flávio Dino, na noite desta quarta-feira (9), que irá se licenciar do cargo. 

Em sua vaga de deputado estadual assume o suplente Luiz Henrique Lula Da Silva, também do Partido dos Trabalhadores (PT). 

O anúncio foi feito durante reunião no Palácio dos Leões. Presentes ao momento, a secretária-chefe da Assessoria Especial do Governador, Joslene Rodrigues, o secretário de Cidades, Márcio Jerry, o secretário de Comunicação, Ricardo Cappelli, e o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves. 

Sobre Luiz Henrique Lula da Silva

Natural de São Luís, Luiz Henrique Lula da Silva é jornalista e membro da Direção Nacional do PT. Foi secretário adjunto de Cidades durante a gestão do governador Jackson Lago, presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Maranhão (Abraço-MA) e gestor substituto da Delegacia de Desenvolvimento Agrário do Maranhão durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva.

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Rio aprova PL para criação do Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos

Fonte: Comitê Brasileiro de Defensores de DH

Nesta quarta-feira (09/06), foi derrubado o veto do governador Cláudio Castro ao Projeto de Lei nº1061/2019, que institui o Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores Sociais e Ambientalistas no Estado do Rio De Janeiro (PEPDDH/RJ). A derrubada do veto é fruto de uma mobilização da sociedade civil. Com a aprovação da lei, agora, é necessário garantir um orçamento adequado ao seu funcionamento.

O PL de autoria dos Deputados Estaduais André Ceciliano (PT) e Renata Souza (PSOL), visa articular e adotar medidas para proteção e assistência aos defensoras e defensores, que estejam em situação de risco, vulnerabilidade ou criminalizados devido à sua atuação em prol dos direitos humanos.

Especificamente no Rio de Janeiro, o grau de vulnerabilidade em que se encontram as defensoras e os defensores de direitos humanos, que atuam no enfrentamento da violência urbana e institucional, atingiu um elevado nível de visibilidade após a execução da Vereadora Marielle Franco. Inclusive, com a ocorrência de ameaças de morte contra autoridades que se dedicam ao enfrentamento de grupos armados, que exercem domínio territorial e econômico de determinadas regiões do estado, tais como as milícias.

Diante do contexto militarizado e alto grau de vulnerabilidade e risco a vida contra defensoras e defensores de direitos humanos, o CBDDH, compreender o PL nº1061/2019 como um importante passo para pautar a necessidade de protocolos de proteção e defesa da vida e a luta de militantes e ativistas.

No Brasil, defensores e defensoras de direitos humanos convivem com processos de intimidações, ameaças, deslegitimação, criminalização e assassinatos. Dentre os grupos mais vulneráveis, estão aqueles que dedicam as suas vidas à luta pelos direitos à terra e ao trabalho do campo e na cidade, bem como lideranças de povos e comunidades tradicionais, além de ativistas na área de comunicação e mídia. São indígenas, quilombolas e caiçaras, comunicadores populares e comunitários e ativistas que, muitas vezes, contrapõem-se a interesses de grandes corporações e empreendimentos, além de denunciar através da mídia crimes contra o direito à vida, à cidade, ao campo, segurança pública, entre outros.  

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Programa Voz do Brasil já teve o horário flexibilizado, mas a retransmissão pode até ser dispensada

Por Beto Almeida*

A Voz do Brasil é a primeira experiência bem sucedida de regulamentação informativa no Brasil, determinando que pelo menos uma hora ao dia, em cadeia nacional, seja destinada pelas emissoras de rádio (concessionárias da União), à transmissão de informações dos poderes constituídos, o que, frequentemente, é negado pela mentalidade editorial dos empresários da comunicação, submetida aos ditames do mercado. Em sua gana insaciável por acumulação, estes magnatas da comunicação pressionam pela flexibilização do horário de exibição da Voz do Brasil, sempre com o intuito extinguir o programa, pois nele vêm um exemplo exitoso e perigoso de regulamentação informativa, tese que abominam, em favor de uma absoluta ditadura do mercado sobre a comunicação. Nesta pressão que exercem sobre os poderes constituídos, os magnatas da mídia já tiveram o apoio até de um Ministro da Comunicação do PT, Paulo Bernardo, que, presente a um Congresso da ABERT, defendeu, lamentavelmente, a flexibilização da Voz do Brasil, durante o governo Dilma Rousseff.

Num país em que o povo não tem acesso a leitura de jornais e revistas e onde o noticiário de rádio e tv é marcado por uma linha editorial escandalosamente a favor da demolição dos direitos trabalhistas, previdenciários e da comunicação, a defesa da Voz do Brasil deveria ser parte da agenda de lutas dos sindicatos dos jornalistas e trabalhadores em geral, da Fenaj, da ABI e dos partidos progressistas, tendo em vista que somente naquela uma hora os cidadãos têm acesso à totalidade de informações  sobre atos oficiais que decidem sobre sua vida, ao contrário dos noticiosos das emissoras privadas, sempre manipulados pelos interesses dos anunciantes e dos proprietários das empresas de comunicação, jamais dispostos a reconhecer o direito à comunicação como um direito constitucional da sociedade.

Portaria

A portaria do Ministério das Comunicações autoriza a veiculação fora do intervalo de 19h às 22h quando as emissoras optarem por transmitir jogos da seleção brasileira de futebol ou jogos de equipes brasileiras em campeonatos estaduais, nacionais, sul americanos ou internacionais. Se o início do jogo estiver marcado entre 19h e 20h30, o programa poderá ser retransmitido, sem cortes, com início até as 23h do mesmo dia. Se o início do jogo estiver marcado para depois de 20h30, A Voz do Brasil poderá ser transmitida, sem cortes, antes do jogo ou com início até 23h30 do mesmo dia.

Dispensa de retransmissão

Está prevista a dispensa da retransmissão do programa nos casos em que o jogo que estiver sendo transmitido vá para prorrogação ou resulte em decisão por cobrança de pênaltis, impedindo seu término até os horários limites fixados para o início da retransmissão; ou caso ocorra “alguma situação de força maior durante o jogo que impeça seu término até os horários limites fixados para início da retransmissão”.

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Veja abaixo o noticiário oficial do governo federal sobre a Voz do Brasil

Divulgado calendário de retransmissão da Voz do Brasil para 2021

Portaria prevê flexibilização ou dispensa em caso de transmissão de partidas de futebol ou datas comemorativas de estados e municípiosCompartilhe:   Publicado em 07/04/2021 12h24 Atualizado em 07/04/2021 14h31Divulgado calendário de retransmissão da Voz do Brasil para 2021

O processo de flexibilização ou dispensa de retransmissão da Voz do Brasil teve início em 2018. – Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

OMinistério das Comunicações publicou, no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (7), o calendário de flexibilização ou dispensa de retransmissão do programa A Voz do Brasil para 2021.

O documento informa que, em caso de transmissão de partidas de futebol da Seleção Brasileira ou de clubes em nível estadual, nacional ou internacional, as emissoras ficam autorizadas a ter o horário de retransmissão da Voz do Brasil flexibilizado ou mesmo dispensado, essa última hipótese em situações específicas.

Também está prevista a dispensa em aniversários ou datas comemorativas de estados e municípios. Para isso, no dia em questão, as emissoras locais precisam transmitir ações ou eventos ligados aos festejos.

Flexibilização

O processo de flexibilização ou dispensa de retransmissão da Voz do Brasil teve início em 2018, quando foi sancionada a lei que alterou o horário de retransmissão obrigatória, anteriormente das 19h às 20h, para 19h às 21h.

Já em 2020 foi publicada nova portaria que definiu regras de flexibilização e dispensa de retransmissão obrigatória. Ainda em 2020 foi promovida consulta pública para auxiliar na elaboração do calendário. A sociedade pôde participar do processo indicando datas e eventos relevantes que poderiam constar no cronograma.

“A participação da população foi muito relevante durante todo o processo de definição do calendário. Vamos repetir anualmente essa consulta”, ressaltou o secretário de Radiodifusão, Maximiliano Martinhão.

Tradição

A Voz do Brasil, o mais antigo do rádio brasileiro ainda no ar, pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), completou 85 anos em junho de 2020. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, exceto feriados.

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“Geografia da fome” 75 anos depois

Por Luiz Eduardo Neves dos Santos, geógrafo e prof. Adjunto I da UFMA

Em 1946, quando Josué de Castro publicou Geografia da Fome, o Brasil tinha 41 milhões de habitantes e padecia de graves problemas: a esperança de vida era de 45 anos, a taxa de mortalidade infantil era de 147 óbitos a cada mil nascidos vivos, 56% da população acima dos 10 anos de idade era analfabeta e 69% vivia no campo. A obra pode ser considerada a mais relevante pesquisa socioespacial sobre o tema da fome já feita no país até hoje, primeiro pelo seu pioneirismo, segundo pelo rigor científico em abordagem qualitativa, feito em uma escala de análise espacial ampla e complexa, baseada no método geográfico interpretativo, e em terceiro lugar pela força e coragem da denúncia de um tema quase proibido na época.

Josué de Castro fez um mapa de áreas alimentares no país, dividindo-o em três tipologias, a saber: 1. Áreas de fome endêmica; 2. Áreas de epidemias de fome; e 3. Áreas de Subnutrição e a parte final do livro é dedicada ao Estudo do Conjunto Brasileiro. Traçou um perfil dos hábitos alimentares no Brasil como um todo, identificando carências específicas na Amazônia, no nordeste açucareiro e também no Centro-Sul.

Mas foi no território do Sertão Nordestino que o médico e geógrafo pernambucano mais concentrou seus esforços de análise, não por acaso, a região era castigada por episódios de fome severa, devido a estiagem cíclica. Baseado teórica e metodologicamente em geógrafos franceses como Pierre Deffontaines e Vidal de la Blache, discutindo o tema da fome com naturalistas como Euclides da Cunha e Rodolfo Teófilo, se utilizando da riqueza semântica, poética e narrativa de romancistas como Rachel de Queiroz e José Américo de Almeida, travando duros debates com Gilberto Freyre e citando os importantes estudos sobre alimentação do médico Orlando Parahim, Josué de Castro elaborou uma profícua análise da fome no sertão. No entanto, foi muito além das causas ambientais e climáticas, algo impregnado na consciência nacional da época. Constatou que o problema da miséria e da fome na região era estrutural, explicado por questões históricas, fundiárias e políticas.

Ao analisar o Brasil, Castro fez duras críticas ao pensamento dominante daquele tempo, que colocava a industrialização como a única via para o desenvolvimento do país. Chamou atenção para que o governo investisse também na economia agrícola, por isso o “dilema” descrito no subtítulo da obra: “pão ou aço”, alimentação ou industrialização? A resolução, segundo ele, seria compatibilizar pão e aço segundo a imposição das circunstâncias sociais e da disponibilidade econômica existente. O principal caminho seria a instauração de uma ampla reforma agrária, sendo preciso superar o obstáculo jurídico da propriedade privada mediante “justo valor” a ser pago pelo Estado.

No decorrer destes 75 anos da 1ª edição de Geografia da Fome, o Brasil passou por transformações substanciais, resolveu o problema do abastecimento alimentar, aumentou e diversificou a produção agrícola, e de um modo geral sanou problemas mais específicos de carências alimentares, comuns nos anos 1940. Mas desde o início do 2º mandato de Dilma Roussef, momento do aprofundamento de uma agenda neoliberal, de ajuste fiscal e de seu impeachment em 2016, houve uma maior expansão das desigualdades sociais no país, resultado do baixo crescimento econômico, da redução drástica dos investimentos públicos, da flexibilização no mercado de trabalho, da turbulência política e da retração dos gastos com políticas sociais. 

Atualmente, em meio a mais grave pandemia em cem anos, a fome atingiu cerca de 19 milhões de brasileiros em 2020 de acordo com o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN), um documento de 66 páginas que atesta ainda que 116,8 milhões de pessoas no país convivem com algum tipo de insegurança alimentar em seu cotidiano.

O mais é revoltante é constatar que, a despeito das transferências de renda em 2020 e 2021, destinadas a famílias vulnerabilizadas, o governo federal não demonstra preocupação com a calamidade da fome em território nacional, visto que não há qualquer agenda política de estímulo a implantação de programas sociais para tratar o problema. Por outro lado, é possível observar uma postura governamental que contribui para os desmatamentos, a grilagem de terras e os garimpos ilegais na Amazônia, além do incentivo ao agronegócio, ao latifúndio e às monoculturas, ocasionando ameaças às comunidades tradicionais, suscetíveis à destruição de seus territórios e seus modos de vida pela sanha de megaprojetos mineiros, agropecuários e industriais.

Pelo exposto, é inadiável que se resgate e coloque em prática o legado de Josué de Castro. Sua Geografia da Fome nos mostra ainda hoje que os interesses mercantis de acumulação, materializados pela aliança entre elite nacional e grande capital financeiro, continuam sendo os principais responsáveis pela concentração de riqueza, pelo racismo ambiental e expropriação de camponeses, pela opressão às comunidades indígenas e quilombolas, extermínio de populações pretas nas cidades e pela destruição de biomas e ecossistemas no país. As consequências deste processo são o alastramento do desemprego, da miséria e da fome, ratificando o nosso persistente subdesenvolvimento, algo que só começará a ser superado, como o próprio Josué preconizou décadas atrás, com a definitiva emancipação alimentar do povo.

Artigo publicado em O Imparcial, dia 7 de junho de 2021

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No Maranhão, Arraial da Vacinação encerra com 5 mil doses aplicadas

O Governo do Maranhão promoveu o primeiro Arraial da Vacinação com 28 horas de atendimento ininterrupto no drive-thru do estacionamento do Pátio Norte Shopping, neste sábado (5) e domingo (6). No total, 5 mil pessoas da Grande Ilha de São Luís participaram da grande mobilização para vacinar contra a Covid-19.

O governador Flávio Dino compareceu à ação durante a noite do sábado e anunciou que vai repetir a estratégia em outras cidades do estado. “Este modelo é vitorioso, por isso vamos levar o Arraial da Vacinação para a cidade de Timon”, disse.

Enquanto esperavam a vez, os moradores da Grande Ilha de carro, moto ou bicicleta receberam mingau de milho e assistiam a apresentações de atrações culturais tradicionais deste período junino. O último carro deixou o Arraial da Vacinação um pouco antes das 13h deste domingo.

O Arraial da Vacinação foi realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em apoio aos municípios da Grande Ilha, para acelerar a vacinação contra a Covid-19. “A gente vai manter este ritmo. A ideia é esgotar as 300 mil doses da Grande Ilha e avançar com as estratégias de vacinação no interior do estado. Até o momento, o Maranhão vacinou 20% da população com a primeira dose e vamos fazer a busca ativa das pessoas que precisam receber a segunda dose para completar o esquema de vacinação”, explicou o secretário Carlos Lula.

A Secretaria de Estado da Cultura (Secma) colocou mais de 20 atrações para entreter a população durante as 28 horas de Arraial, dentre elas, Tambor de Crioula e Cacuriá de Dona Teté.

Drive da Vacinação

Nesta segunda-feira (7), a vacinação para moradores de Paço do Lumiar ou São José de Ribamar continua no drive-thru do estacionamento do Pátio Norte Shopping. 

É necessário ter idade a partir de 38 anos, apresentar documento com foto, comprovante de residência, cartão de vacinação e cartão do SUS. O serviço funciona de segunda a sexta, das 8h às 16h, e aos sábados, das 8h às 12h.

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Bolsonaro não é burro. Ele tem uma estratégia e sabe onde quer chegar

Ed Wilson Araújo

Pelo menos três vezes por dia Jair Bolsonaro e seus filhos soltam uma verborragia para alimentar as redes sociais.

E nós?!

Passamos horas e horas em longas réplicas e tréplicas, travando extenuantes debates com a torcida organizada bolsonarista.

Eles são profissionais nesse ramo.

E nós?! Movidos pela ânsia de refutar as aberrações, vamos entrando no labirinto da irracionalidade. Às vezes sem perceber.

Nenhum discurso iluminista, baseado na Ciência ou na razão, vai mudar o pensamento de um bolsonarista fanático.

Mal respiramos dos palavreados chulos vomitados no café da manhã da família Bolsonaro e já estamos envolvidos em novas polêmicas provocadas por alguma declaração, gesto ou medida esdrúxula.

Assim, ele nos condiciona ao envolvimento na bolha da sua própria agenda e dita a pauta, enquanto passa a boiada no parlamento e nas ações executivas.

O eixo central da liderança estratégica de Jair Bolsonaro é nos manter presos ao círculo de debates infrutíferos que ele próprio traça com um pedaço de giz. Em torno dele, da sua verborreia incontrolada, gravitam os partidos, a mídia e as lideranças políticas, incluindo a oposição.

Nesse aspecto, ele busca se diferenciar do político tradicional ou da velha política onde fez carreira e enfiou os filhos.

Esse tipo de hipocrisia movimenta o jogo: afirmar e depois negar ou fazer algo que condena e posteriormente se aproveitar da situação.

Qual presidente ficou tanto tempo sem partido durante o exercício do cargo? A negação das legendas faz parte das táticas. Ele não precisa de siglas para governar, tanto é que usou outros critérios para lotear a gestão entre militares, evangélicos e ruralistas.

Houve a tentativa de criar um partido para chamar de seu – o Aliança pelo Brasil – mas o redemoinho da conjuntura alterou a tática para algo menos trabalhoso e mais pragmático: comprar o Centrão.

Jair Bolsonaro não enganou ninguém. A representação da sua liderança junto ao público cativo, no sentido rigoroso do termo (para designar o escravo preso no cativeiro), decorre de uma absurda sinceridade.

Ele é o que é e ponto final: homofóbico, racista, armamentista, genocida, macho hétero e indiferente ao sofrimento das outras pessoas. Pouco importa se o Brasil foi transformado em necrotério…

O presidente tem um canal direto com o seu eleitorado. Não precisa de intermediários da mídia de mercado. Os conglomerados são periféricos na estratégia da extrema-direita. Servem apenas para repercutir a agenda produzida intencionalmente pelo modo bolsonarista de governar.

Esse processo de repulsa aos meios convencionais fez uma parte da audiência deixar de assistir às instituições sagradas da televisão como o Jornal Nacional e o Fantástico, ambos da Rede Globo, para aderir à aberração Silvio Santos.

O eleitor da extrema direita é fiel sob qualquer cenário ou circunstância. Ele recebe e distribui conteúdo diariamente nas redes sociais. É um trabalhador da mentira, engajado no fanatismo, discípulo da crença, adepto do “mito”.

Durante décadas a academia e os jornalistas críticos escreveram variados livros, dissertações e teses fundamentadas sobre o caráter manipulador e golpista dos grandes meios de comunicação, celebrando o conceito de coronelismo eletrônico.

Bolsonaro conseguiu desmascarar a mídia convencional de forma enviesada, simplificando o discurso com uma hastag: #GloboLixo.

É claro que outros ingredientes estão associados a esse processo, como a poderosa indústria de desinformação utilizada nas eleições de 2018, na vitória de Donald Trump e no Brexit.

Montado no cavalo da insanidade, Jair Bolsonaro vai tangendo o gado.

Com uma só chicotada, ele se desfez da suposta seriedade da mídia lavajatista e da enganosa austeridade de Sergio Moro. Espertamente, o bolsonarismo surfou na onda do jornalismo lavajateiro e do morismo para depois jogá-los no abismo da desconfiança.

E ainda põe na arena os constantes ataques à Justiça, focados no STF, e ao Jornalismo, preferencialmente a Rede Globo, cavalgando sobre os mortos no cemitério da covid19 com o discurso de defensor dos trabalhadores contra as medidas restritivas.

Para o eleitor fanático, a agressividade do presidente funciona como uma espécie de defesa. Ele se comporta como “vítima do sistema da velha política” que não deixa fazer as mudanças.

A vitimização opera tanto quanto a transferência de culpa, atribuída ao “sistema”, “aos políticos”. No caso da pandemia, a culpa é dos governadores e prefeitos.

O eleitorado “fechado com Bolsonaro” representa uma aliança sólida, independente do que puder acontecer de pior: mortes, violência, quebra da economia, desemprego e miséria.

Toda a agenda negativa do governo é refutada pela poderosa indústria da desinformação que abastece diariamente os seguidores da extrema direita com uma gigantesca carga de dúvida sobre os meios de comunicação convencionais.

TVs, jornais, sites e emissoras de rádio são desprezados pelo presidente em sua live semanal, onde ele se comunica diretamente com o seu público.

A operação de guerra nas redes digitais ganha reforço nas ruas, convergindo o virtual e o real no movimento de construção da sua reeleição para completar o trabalho obstruído pelo “sistema”.

O bolsonarismo ainda posicionado na condição de um movimento (e não um regime) prega a liberdade sem limites contra a política, uma espécie de retorno ao estado de natureza ou guerra de todos contra todos, quando vigora o poder da força: os tratores, as motos, as armas…os impulsos.

A estratégia está clara. Ele veio para destruir tudo isso que está aí, eliminando os inimigos artificiais e os reais: os “pedófilos do comunismo”, o STF, o Jornalismo, a esquerda em geral, a Educação, a Ciência, a comunidade GLBT, indígenas, quilombolas e os povos da floresta.

Jair Bolsonaro atravessa a pandemia negando a doença, a Ciência e a vida. Apesar de tudo isso, infelizmente, pode ir ao segundo turno em 2022.

Quem vê no presidente um burro está redondamente enganado. Ele tem uma estratégia e sabe onde quer chegar.

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Maranhense radicado no Canadá, Rommel lança o EP “Bússola das Andorinhas”

Trabalho lançado nessa sexta-feira (4) reúne cinco faixas do artista, gravadas à distância, com músicos brasileiros e canadenses

Inteiramente gravado à distância, em atenção às normas de segurança sanitária por conta da pandemia de covid-19, “Bússola das andorinhas” tem a colaboração de músicos brasileiros e canadenses e letras em português, inglês e francês. O EP apresenta cinco faixas, quatro delas já lançadas como singles e a inédita faixa-título.

Rommel assina as canções em parcerias com Enrico Lima, Fernando Moreno, Antonio Marinho, João Bouhid e Damian Birbrier. O clima das canções é contemplativo, uma espécie de “quase meditação”, o que é traduzido na produção, arranjos e instrumentação de cada uma das canções.

A faixa-título é um ijexá leve e singelo, com combinações inusitadas de viola caipira e viola de arco em diálogo com piano, contrabaixo, guitarra e bateria. A interpretação de Rommel, que também toca violão na faixa, é firme e convincente. Em resumo: canta com paixão e entrega.

 “A ideia é levar leveza, delicadeza, afeto, compaixão e esperança em forma de música como uma resposta ao momento difícil e triste em que vivemos”, reflete Rommel.

Cantada em inglês e francês, “Ray on” é uma homenagem ao artista plástico Raymond Nylund, artista plástico de Montreal. A gravação conta com o a voz doce da cantora argentina Amparo Döm, contrastando com o canto lírico dos canadenses Jordan Zalis e Priya Shah.

“Escutando as estrelas” homenageia uma das grandes constelações do Brasil: a dos sanfoneiros. Especialmente o saudoso mestre Dominguinhos (1941-2013) e o maranhense Zé Américo Bastos. A faixa conta com a adesão de Mestrinho, um dos grandes nomes brasileiros do instrumento na atualidade.

Serviço: O EP “Bússola das andorinhas” estará disponível em todas as plataformas digitais dia 4 de junho (sexta-feira). Dia 5, em seu instagram, ele apresenta um show em formato live, para marcar o lançamento do trabalho. Dia 9, em seu canal no youtube, será lançado o videoclipe da faixa-título; e dia 16, o videoclipe de “Vicejar”.

 Siga Rommel nas redes sociais:

 Instagram e facebook: @rommelribeiromusic

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCF1X4nRxe_2f1lGOKryH_Zg

Site: www.rommelribeiro.com

Veja o teaser de “Bússola das andorinhas”: https://www.youtube.com/watch?v=Q-7DmN8hXsQ

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A PM está perdendo o controle?

No conjunto dos trabalhadores da Segurança está fincada uma das principais bases do bolsonarismo. Essa ampla camada de brasileiros sente-se contemplada pelo espírito bélico e autoritário do presidente, alcançando desde guarda municipal até general.

O episódio do perdão ao ex-ministro e general Eduardo Pazuello é uma espécie de humilhação ao Exército.

Embora o conjunto das Forças Armadas não se coloque aos pés de Jair Bolsonaro, as instâncias média e baixa da área de Segurança estão “fechados” com a reeleição do presidente em 2022.

Alguns sinais precisam ser observados: 1 – A rebelião da PM no Ceará, naquele episódio em que o senador Cid Gomes (PDT) foi baleado; 2 – A repressão de um grupo de policiais, sem comando, contra manifestantes em Recife, durante o ato “fora Bolsonaro”; 3 – A detenção (pela PM de Goiânia) de um dirigente do PT, motivada por uma faixa estendida no capô do carro com a frase “fora Bolsonaro genocida”; 4 – A violência de um guarda municipal em Balneário Camboriú contra os organizadores de uma festa de rap.

O caso mais grave foi registrado em Recife, onde nem mesmo o governador de Pernambuco sabe de onde partiu a ordem para o ataque da PM contra os manifestantes, que resultou em um homem cego após ser atingido por um tiro de bala de borracha.

Os atos antidemocráticos e todo o conjunto de manifestações pró-ditadura sincronizam o bolsonarismo armamentista, militarista e fanático.

Não há motivos para generalização, mas as quatro situações mencionadas dizem respeito a algumas práticas não pertinentes às regras da área de Segurança, como quebra de hierarquia e ação sem comando.

Tudo isso serve para refletir sobre um possível cenário da eleição de 2022. Algumas avaliações projetam um alinhamento de Jair Bolsonaro com as ações de Donald Trump após a derrota na eleição presidencial dos EUA, quando ele se recusou a reconhecer o resultado e convocou seus adeptos fanáticos para uma tresloucada invasão do Capitólio.

Bolsonaro vem repetindo seguidamente que a urna eletrônica adotada pela Justiça Eleitoral do Brasil não é confiável. Ele prega a o retorno do voto impresso como forma de emoldurar o jogo da dúvida sobre a máquina de votar. Esses movimentos não estão ocorrendo por acaso.

Bolsonaro prepara terreno para um cenário tenebroso no próximo ano.

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Polícia Federal vai investigar a violação de sítios arqueológicos em comunidades quilombolas do Maranhão

O superintendente da Polícia Federal no Maranhão, Renato Madsen; e o delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado (DRCOR), Leandro Ribeiro, receberam hoje um dossiê contendo reportagens e vários documentos adicionais comprobatórios sobre a perfuração de subsolo e retirada ilegal de objetos arqueológicos das comunidades quilombolas de São Félix e Mutaca, em Bacuri, município localizado no litoral ocidental do Maranhão.

Entre os documentos contidos no dossiê está o despacho do Ministério Público Federal (MPF) encaminhado à Polícia Federal solicitando a instauração de inquérito visando apurar os fatos. Segundo o superintendente Renato Madsen, os relatos e os documentos apresentados vão subsidiar a investigação sobre os atos ilegais praticados contra as comunidades quilombolas.

A reunião para a entrega dos documentos foi mediada pelo advogado e presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da OAB/MA, Erik Moraes, com a participação do jornalista e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Ed Wilson Araújo.

O assunto veio à tona em duas reportagens da série “A nova pirataria francesa em terras quilombolas no Maranhão”, publicadas no Blog do Ed Wilson, em 2019, uma delas vencedora do Prêmio de Jornalismo do Ministério Público (MP) do Maranhão.

As reportagens evidenciaram a perfuração ilegal de sítios arqueológicos, a retirada de objetos de valor histórico e cultural e o depósito das peças em uma casa localizada no povoado Portugal, em Bacuri, alugada para os autores das escavações irregulares: o francês François-Xavier Pelletier e a brasileira (paraense) Magnólia de Oliveira.

Os objetos arqueológicos foram descobertos na casa após o cumprimento de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Civil, com apoio da Polícia Militar. Pelletier e Oliveira não estavam no local quando os policiais adentaram à residência.

A dupla franco-brasileira não tem formação em Arqueologia e nem autorização de órgãos federais como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para fazer perfurações ou retirada de objetos no subsolo brasileiro.

De acordo com o relatório apresentado pelo Iphan, houve várias irregularidades durante as escavações e o transporte ilegal dos objetos.

François-Xavier Pelletier e Magnólia de Oliveira prometeram aos moradores dos povoados que os objetos retirados seriam expostos em um museu a ser criado em Bacuri.

Após as reportagens do Blog do Ed Wilson e a repercussão em vários meios de comunicação, a dupla evadiu-se das áreas quilombolas e não foi mais localizada na sede do município.

Imagem destacada / Superintendente da PF Renato Madsen, jornalista Ed Wilson Araújo, advogado Erik Moraes e o delegado Leando Ribeiro