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Camponeses assassinados no Maranhão estavam marcados para morrer

Uma nota pública (veja abaixo) com 135 apoiadores e apoiadoras pede rigorosa investigação das autoridades de Segurança do Estado do Maranhão com o objetivo de apurar o duplo assassinato dos trabalhadores rurais Reginaldo Alves Barros e Maria da Luz Benício de Sousa (foto destacada), ocorrido em 18 de junho, no município de Junco do Maranhão.

Assinam o documento a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura (Fetaema) e dezenas de sindicatos filiados, movimentos sociais do campo e da cidade.

A região onde está localizado o município Junco do Maranhão, na região do Alto Turi, é palco de violência gerada por madeireiros, mineradores e grileiros contra indígenas, trabalhadores rurais e comunidades tradicionais.

O casal assassinado já havia sido ameaçado e intimidado por sua atuação em defesa dos territórios e do povo camponês na região.

NOTA PÚBLICA! QUEM MATOU REGINALDO ALVES BARROS E MARIA DA LUZ BENÍCIO DE SOUSA?

As organizações abaixo assinadas vêm a público cobrar das autoridades uma efetiva investigação sobre o duplo homicídio dos trabalhadores rurais Reginaldo Alves Barros e Maria da Luz Benício de Sousa. Ambos foram baleados durante uma emboscada, crime ocorrido na manhã desta sexta-feira (18), no Povoado Vilela/Gleba Campina, município de Junco do Maranhão.

O filho de criação do casal, de apenas 2 anos de idade, foi encontrado vivo, sobre o corpo da mãe, banhado de sangue. Maria da Luz era dirigente sindical, atuando como suplente do STTR de Junco do Maranhão, sindicato filiado à Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Maranhão – FETAEMA.

Este foi o quarto homicídio registrado no Povoado Vilela desde 2019. Os dois anteriores seguem sem resolução, gerando insegurança e medo entre os moradores e moradoras da comunidade. Ressaltamos que a região é palco de violentos conflitos agrários e há mais de 10 anos, a comunidade Vilela/Gleba Campina tem sido ameaçada de expulsão de suas terras tradicionalmente ocupadas por um fazendeiro local.

Um processo de regularização fundiária tramita no ITERMA desde 2010, sem ter tido finalização. A comunidade é composta por um total de 66 famílias que ocupam uma área de aproximadamente 2.250 hectares de terra, onde desenvolvem atividades de agricultura familiar, com o plantio de milho, feijão, arroz, além da criação de animais.

As organizações signatárias exigem das autoridades competentes do Estado do Maranhão agilidade nas investigações e reforçam que acompanharão os desdobramentos do inquérito policial.

Consideramos que acesso à terra é um direito de todos e todas. Não mediremos esforços para garantir que os direitos dos povos camponeses do Maranhão sejam respeitados.

Reiteramos nosso compromisso com a luta dos Trabalhadores Rurais do Estado do Maranhão e seguiremos denunciando, mobilizando e apoiando a luta camponesa em nosso estado.

São Luís-Ma, 19 de junho de 2021

1. Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Maranhão- FETAEMA

2. Sociedade Maranhense de Direitos Humanos-SMDH

3. Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Pe. Marcos Passerini

4. Comissão Pastoral da Terra-MA

5. Programa de Assessoria Rural da Diocese de Brejo-MA

6. Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares- CONTAG

7. Central Única dos Trabalhadores – CUT

8. Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH Brasil

9. Conselho Pastoral dos Pescadores do Maranhão

10. Movimento Sem Terra-MA

11. Centro de Cultura Negra do Maranhão- CCN

12. Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu-MIQCB

13. Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara-MABE

14. Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas- CONAQ

15. Fórum Carajás

16. Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo

17. Fórum de Mulheres de Imperatriz

18. Amavida

19. Marcha Mundial das Mulheres-Maranhão

20. REMNEGRA- Rede de Mulheres Negras do Maranhão

21. Associação dos Produtores Rurais Quilombolas de Santa Rosa dos Pretos

22. UNEGRO-Maranhão

23. União dos Escoteiros do Brasil – Região do Maranhão

24. Centro de Defesa e Promoção dos Direitos da Cidadania-CEDEPRODC

25. Conselho Regional de Serviço Social /CRESS/MA

26. Confederação dos Trabalhadores do Brasil/Maranhão- CTB-MA

27. Movimento de Defesa da Ilha

28. ONG Arte Mojó

29. Conselho Gestor da Resex Tauá-Mirim

30. Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Luís-Ma

31. Centro de Estudos Bíblicos do Maranhão – CEBI- MA

32. Pastoral Diocesana de Educação (Diocese de Brejo)

33. Centro de Direitos Humanos de Santa Quitéria

34. Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo – CDHPF

35. Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus (MSC)

36. Comunidade Rio dos Cachorros

37. Fórum de Lutas por Direitos/MA-núcleos São Luís e Imperatriz

38. Partido Socialismo e Liberdade/Diretório São Luís- Psol

39. Partido Comunista Brasileiro- PCB

40. Unidade Classista

41. Animação dos Cristãos no Meio Rural-ACR

42. Associação Agroecológica Tijupá

43. Missionários Combonianos

44. Sttr de Cândido Mendes

45. Sttr de Godofredo Viana

46. Sttr de Luís Domingues

47. Sttr de Carutapera

48. Sttr de Amapá do Maranhão

49. Sttr de Boa Vista do Gurupi

50. Sttr de Junco do Maranhão

51. Sttr de Maracaçumé

52. Sttr de Centro Novo

53. Sttr de Governador Nunes Freire

54. Sttr de Turiaçu

55. Sttr de Turilândia

56. Sttr de Maranhãozinho

57. Sttr de Centro do Guilherme

58. Sttr de Presidente Médici

59. Sttr de Santa Luzia do Paruá

60. Sttr de Nova Olinda do Maranhão

61. Sttr de Araguanã

62. Sttr de Pedro do Rosário

63. Sttr de Zé Doca

64. Sttr de Governador Newton Belo

65. Sttr de Afonso Cunha

66. Sttr de Coelho neto

67. Sttr de Duque Bacelar

68. Sttr de Buriti

69. Sttr de Anapurus

70. Sttr de Mata Roma

71. Sttr de Chapadinha

72. Sttr de São Benedito do Rio Preto

73. Sttr de Urbano Santos

74. Sttr de Belágua

75. Sttr de Brejo

76. Sttr de Santa Quitéria

77. Sttr de Milagres

78. Sttr de São Bernardo

79. Sttr de Santana

80. Sttr de Água Doce

81. Sttr de Tutóia

82. Sttr de Paulino Neves

83. Sttr de Magalhães de Almeida

84. Sttr de Araioses

85. Sttr de Apicum Açu

86. Sttr de Bacuri

87. Sttr de Serrano do Maranhão

88. Sttr de Cururupu

89. Sttr de Mirinzal

90. Sttr de Porto Rico

91. Sttr de Cedral

92. Sttr de Guimarães

93. Sttr de Central do Maranhão

94. Sttr de Pinheiro

95. Sttr de Santa Helena

96. Sttr de Presidente Sarney

97. Sttr de Bequimão

98. Sttr de Peri-Mirim

99. Sttr de Palmeirândia

100. Sttr de Bacurituba

101. Sttr de Cajapió

102. Sttr de São Vicente de Ferrer

103. Sttr de Olinda nova

104. Sttr de Matinha

105. Sttr de Penalva

106. Sttr de Cajari

107. Sttr de Viana

108. Sttr de Alto Alegre do Maranhão

109. Sttr de Esperantinópolis

110. Sttr de Lago Rodrigues

111. Sttr de Lago junco

112. Sttr de Lago da Pedra

113. Sttr de Lagoa grande

114. Sttr de Paulo Ramos

115. Sttr de Bacabal

116. Sttr de Coroatá

117. Sttr de São Mateus

118. Sttr de Altamira

119. Sttr de Pedreiras

120. Sttr de Lago Verde

121. Sttr de Olho d’água das Cunhãs

122. Sttr de Trizidela do Vale

123. Sttr de São Luís Gonzaga

124. Sttr de São Roberto

125. Sttr de Lima Campos

126. Sttr de Igarapé Grande

127. Sttr de Alto Parnaíba

128. Sttr de Balsas

129. Sttr de São Raimundo das Mangabeiras

130. Sttr de São Félix de Balsas

131. Sttr de Fortaleza dos Nogueiras

132. Sttr de Tasso Fragoso

133. Sttr de São Domingos do Azeitão

134. Sttr de Novas Colinas

135. Lidiane Carvalho Amorim de Sousa (Pesquisadora)

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Rádio comunitária Ieshuá FM revela artistas na região do Alto Turi

Tudo começou no ano 2005, quando a emissora comunitária Ieshuá FM entrou no ar e realizou um festival de música para incentivar e valorizar os cantores e compositores da cidade a divulgarem suas produções.

A rádio fica localizada no município de Nova Olinda, na região do Alto Turi, no Maranhão. Ouça aqui

Depois do festival a direção da emissora decidiu criar um horário fixo na grade de programação, o “Talentos da Terra”, todos os domingos, das 12h às 14h, com a participação dos artistas da cidade.

Aos poucos o “Talentos da Terra” cresceu, ficou mais conhecido e atraiu atenção de músicos de outras cidades. “Somos um programa regional. Hoje em dia recebemos cantores e compositores de Araguanã, Zé Doca, Governador Nunes Freire (Encruzo), Maracaçumé, Centro do Guilherme e outras cidades da região. Artistas de Carutapera já estão agendados”, destacou Cícerro Ferraz, diretor da Ieshuá FM.

Transmissão ao vivo do Talentos da Terra é sucesso na região do Alto Turi

Antes da pandemia tinha um fluxo intenso de artistas na programação ao vivo do Talentos da Terra, mas atualmente, mesmo presencial, a emissora adota todos os cuidados para não aglomerar dentro da rádio. “A tecnologia facilitou a divulgação. Muitos cantores de várias regiões do Maranhão mandam músicas pelo celular para lançarmos no programa. Além disso temos lives com os músicos acompanhados do maestro “Zé do Violão”.

Durante a semana o maestro ensaia com alguns cantores para fazer a apresentação caprichada.

Edinho dos Controles e Gilvan Nascimento são sucesso na Ieshuá

“Cada domingo participam em média 3 a 4 cantores. O Talentos da Terra tem ainda muita interação, participação da audiência e transmissão ao vivo no Facebook e no You Tube da emissora. A audiência é grande. Os estilos mais tocados são reggae e brega, mas o programa é aberto a qualquer ritmo”, explicou Cícero Ferraz.

Ao longo do tempo o programa “Talentos da Terra” vem acumulando boas memórias e vitórias no trabalho de divulgação dos artistas locais e regionais. “Desse projeto alguns cantores já se profissionalizaram, como Wallison Love, Mauro Sérgio, Tony Nascimento, Lucas Monteles, entre outros artistas”, comemorou Ferraz.

Cantor Marciano, de Santa Luzia do Paruá, é um
dos talentos revelados na rádio Ieshuá

O diretor da emissora também registrou, com pesar, alguns cantores que participaram do Talentos da Terra e já estão falecidos, alguns acometidos da pandemia covid19, como o saudoso Psica, Geny, Marcos Antonio e os maestros Frank Silva e Sebastião Medeiros, que acompanhavam os cantores.

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Atos “Fora Bolsonaro e Mourão” voltam às ruas neste sábado em várias regiões do Brasil

No Maranhão estão previstas manifestações em São Luís, Imperatriz e Caxias

Movimentos sociais, populares e estudantis, centrais sindicais e sindicatos organizam atos em todo o país reivindicando impeachment de Bolsonaro, vacinação em massa da população, auxílio emergencial capaz de combater a fome e a defesa dos serviços e empresas públicas

Depois dos grandes atos ocorridos pelo país em 29 de maio, as ruas voltam a ser ocupadas neste sábado (19) reivindicando impeachment do presidente Jair Bolsonaro, agilização na imunização da população contra a Covid19 e auxílio emergencial de no mínimo R$ 600,00 como forma de combater a fome.

A essa pauta – cujo mote é vacina no braço, comida no prato e impeachment já – soma-se a defesa dos serviços públicos em razão da tramitação da reforma administrativa que, segundo sindicatos, visa ao desmonte do atendimento à população – o que é mais grave num momento de pandemia. A reforma, que tramita no Congresso Nacional sob Proposta de Emenda Constitucional (PEC 32/2020) pode limitar o acesso ao ingresso nas carreiras do serviço público via concurso e privilegiar indicações políticas, além de delegar à iniciativa privada o atendimento à população.

Para diferenciar dos atos ocorridos recentemente em apoio a Bolsonaro, as instituições que organizam as atividades reforçam a necessidade de uso de máscaras PFF2 durante os atos, a manutenção do distanciamento físico e utilização regular de álcool 70º. Também alertam às pessoas que estiveram acometidas de qualquer mal-estar físico a não participação nas ações presenciais e a se mobilizarem pelas redes, compartilhando momentos das atividades pelo país ao longo do dia.

No Maranhão, estão previstas concentrações em ao menos três grandes cidades a partir das 8h deste sábado, 19:

Em São Luís, na praça Deodoro;

Imperatriz, praça de Fátima;

Caxias, praça da Matriz;

Além de pessoas ligadas aos movimentos que organizam os atos, é esperada, como nas mobilizações de maio, adesão da população em razão da gestão do governo federal que, segundo os organizadores, facilitam a disseminação do coronavírus, dificultam a aquisição e acesso às vacinas e estimulam aglomerações sem qualquer medida de segurança sanitária. Em maio, os atos reuniram centenas de pessoas no centro da capital maranhense e milhares pelo país afora.

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Grupo de Pesquisa lança campanha de sensibilização e combate ao trabalho escravo na Baixada Maranhense

Fonte: Portal Padrão UFMA

Com o slogan “Trabalho Certo: mesmo na precisão, não caia na escravidão”, a campanha pretende conscientizar a população acerca das formas de aliciamento na região; lançamento será dia 23 de junho, às 10h, pelo Google Meet

No próximo dia 23 de junho, às 10h, o Getecom (Grupo de Estudos Trabalho Escravo e Comunicação), da Universidade Federal do Maranhão, realiza o lançamento da campanha radiofônica com o objetivo de sensibilização e combate ao trabalho escravo. O evento será de forma virtual, pelo Google Meet.

A campanha “Trabalho Certo: mesmo na precisão, não caia na escravidão” faz parte do projeto de pesquisa “Comunicação, Migração e Trabalho Escravo Contemporâneo: trajetórias de trabalhadores (as) rurais da Baixada Maranhense”, coordenada pela professora Flávia de Almeida Moura, do departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Mestrado Profissional) da UFMA e abrange quatro municípios da região da Baixada Maranhense: Santa Helena, Pinheiro, Penalva e Viana.

A região lidera os locais de origem de trabalhadores que são resgatados de condições análogas à de escravo no Brasil atualmente. O objetivo do projeto é utilizar a mídia, principalmente a radiofônica, para conscientizar a população acerca das formas de aliciamento dos trabalhadores, além de ser uma forma de denunciar o trabalho escravo contemporâneo.

A campanha contou com a participação de dois bolsistas de iniciação científica e pesquisadores voluntários de Graduação e Pós-Graduação dos cursos de Comunicação e Design da UFMA. Foram produzidos, na primeira etapa, sete produtos de áudio, sendo dois podcast e quatro spots para serem veiculados em rádios comerciais e comunitárias da região da Baixada Maranhense, além de circular nas redes de entidades do movimento social, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão, entre outras.

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas por meio de formulário eletrônico. O link de acesso será enviado para o e-mail dos participantes inscritos. Mais informações com a professora Flávia Moura pelo telefone (98) 98104-6288.

Por: DCom / Revisão: Jáder Cavalcante

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Boi da Floresta recebe homenagem no projeto Murais da Memória

O sotaque de bumba meu boi da Baixada Maranhense, com suas matracas, maracás e pandeirões, será o próximo homenageado pelo projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão”. Mestre ‘Mundoca’ – Clemente Domingos Pinheiro, hoje, com 81 anos – é a nova personalidade a ser grafitada pelas mãos do artista plástico Gil Leros, entre os dias 17 e 20 de junho.

Este é o terceiro mural de 2021 da nova etapa do projeto “Amo, Poeta e Cantador”, que vai homenagear 10 personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão. A imagem do mestre ‘Mundoca’ começa a ser graffitada nesta quinta-feira, 17, no muro da sede do Sistema Mirante de Comunicação, à Avenida Ana Jansen, no bairro do São Francisco em São Luís – MA.

O primeiro mural, em homenagem ao mestre Leonardo, do Boi da Liberdade, foi grafitado entre 19 e 23 de abril, no Centro de Saúde do bairro da Liberdade (São Luís/MA); e o segundo, em homenagem a Francisco Naiva, do Boi de Axixá, foi feito entre os dias 24 a 27 de maio, na referida cidade.

Mestre ‘Mundoca’ nasceu em 11 de novembro de 1939, em São Bento Novo do Maranhão, onde, aos 14 anos, teve o primeiro contato com as brincadeiras de bumba meu boi. Foi para São Luís aos 17 anos para trabalhar (1956), onde conheceu Apolônio Melônio, que fundaria, em 1972, o tradicional Boi da Floresta.

“Vim pra São Luís aos 17 anos, onde conheci Apolônio Melônio. Trabalhávamos juntos como estivadores no Porto de São Luís. Entrei pro Boi da Floresta logo no início da sua fundação, quando eu tinha 33 anos. E, hoje, mesmo cansado e com dificuldades para caminhar, não deixo de participar das brincadeiras todos os anos”, conta mestre Mundoca, que reside no bairro da Floresta em São Luís.

O cantador de toadas recebeu o apelido de ‘Mundoca’ em homenagem a um avô, que era chamado de ‘Doca’. Hoje, vive na companhia da esposa, Leonor, e de um de seus netos. Indagado sobre a homenagem que será feita pelo Projeto “Amo, Poeta e Cantador”, mestre Mundoca falou da sua alegria de estar vivo para receber tal homenagem: “Vou ficar mais conhecido (risos)”, e disparou: “Morre o boi, mas fica o nome”.

Dos 10 murais, quatro serão na capital maranhense e os demais em Axixá, Cururupu, Barreirinhas, Guimarães, Viana e São José de Ribamar. Paralelamente à confecção dos murais, imagens estão sendo captadas para a produção de um documentário, que vai contar a história, tradição, trajetória e sotaques, e falar também sobre as grandes personalidades do Bumba meu Boi do Maranhão.

O projeto “Amo, Poeta e Cantador” é uma realização do Bumba meu Boi da Floresta e do Artista Gil Leros, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria e do Sitawi.

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Uema divulga medidas sanitárias para a realização das provas do Paes 2021

A Universidade Estadual do Maranhão (Uema), por meio da Assessoria de Seletivos e Concursos, divulgou documentos com medidas de biossegurança para realização das provas do Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior – Paes 2021, que é o vestibular da instituição.

Por causa da pandemia da Covid-19, os 43.956 candidatos inscritos no vestibular da Uema foram divididos em dois grupos. Desse modo, cerca de 23.685 candidatos irão participar das provas no primeiro dia e os outros 20.271 no segundo dia.

Dentre as medidas de biossegurança a serem adotadas pela Uema que constam no documento estão: disponibilizar álcool gel 70% em vários pontos dos locais de prova; afastamento mínimo de 2 metros entre mesas e cadeiras individuais; realizar marcações em cada prédio para que seja mantido o distanciamento social durante o fluxo de pessoas nos dias das provas; dispor colaboradores para organizar as filas dentro ou fora de cada prédio; aferição da temperatura, na entrada de cada local da prova; restrição do número de candidatos por sala que não ultrapassará 40% de sua capacidade máxima.

Já para o candidato as orientações são: utilizar máscara, de forma a cobrir a boca e o nariz; submeter-se a aferição da temperatura corporal para permissão de acesso ao local de aplicação da prova; higienizar as mãos com álcool gel 70% que será disponibilizado nos locais de prova; substituir a máscara de proteção facial a cada 2 horas; evitar aperto de mãos, beijos e abraços; obedecer às demarcações de distanciamento (2 metros) e às orientações dos fiscais e coordenadores de prova sobre as medidas de segurança; levar sua própria garrafa, transparente e sem rótulo, devidamente abastecida com água; e apenas consumir alimentos secos durante a realização da prova.

Sobre o Paes 2021

O vestibular em etapa única irá ocorrer nos dias 4 e 5 de julho para evitar aglomerações. A prova consiste em 44 questões objetivas de múltipla escolha e uma produção textual.

O Paes 2021 irá selecionar candidatos aos cursos de graduação, na modalidade presencial, para o primeiro e o segundo semestres. Estão sendo ofertadas 4.080 vagas para os campi da Uema e 855 vagas para a UemaSul.

O cartão de confirmação de inscrição estará disponível no site www.paes.uema.br, no período do dia 28 de junho a 4 de julho.

No cartão de confirmação de inscrição, o candidato poderá conferir local, data e horário da prova, além das medidas de biossegurança que devem ser seguidas no dia do certame.

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Governo realiza força-tarefa para vacinação em massa em Alcântara

O vice-governador Carlos Brandão esteve no município de Alcântara, nesta segunda-feira (14), junto com o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, para acompanhar as ações da força-tarefa que vem sendo executada para vacinar toda a população maior de 18 anos contra a Covid-19. O trabalho está sendo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com a Prefeitura de Alcântara, e faz parte das estratégias do Governo do Estado para acelerar a vacinação contra a doença no Maranhão. 

A cidade já conta com mais de 15 mil pessoas vacinadas com a primeira dose. O município é caracterizado pela grande presença de quilombolas, um dos grupos inseridos no público-alvo da campanha de vacinação contra a Covid-19. A proposta do Governo é, com o cenário oportuno, tornar Alcântara uma das primeiras cidades brasileiras a ter toda a população adulta vacinada.

“O Maranhão é o estado do país com melhor desempenho no combate à Covid-19 e a cidade de Alcântara possui o melhor índice de vacinação. Portanto, nossa intenção é fazer com que aqui seja o município com maior número de imunizados o mais rápido possível. Quero destacar ainda o empenho das equipes de saúde do Estado em parceria com a Prefeitura, pois sem eles não teríamos este resultado que já é um exemplo para o Brasil”, disse o vice-governador Carlos Brandão. 

O município de Alcântara faz parte da Região Metropolitana de São Luís e tem população total de 22 mil habitantes. Para alcançar todos os habitantes maiores de 18 anos, as secretarias de Saúde do Estado e do Município uniram forças, principalmente na vacinação da segunda dose.

Para isso, a SES destacou para o município equipes da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma). São enfermeiros, aplicadores e digitadores que, em conjunto com os profissionais municipais, estão colaborando para o avanço do processo de vacinação. 

O secretário Carlos Lula observou que, nos próximos dias, todo o município deverá ser alcançado com a vacina. “Alcântara vira referência histórica para o Brasil em imunização. O principal motivo deste sucesso é a população e o fato de ela ter acolhido a iniciativa, pois precisamos controlar a doença e não só aqui, mas também no país inteiro e essa é a mensagem que queremos enviar para todo o país, incentivando os estados e municípios a seguirem firmes na vacinação, pois juntos vamos vencer!”, enfatizou.

O prefeito da cidade, Padre William, enfatizou que, em até um mês, todos deverão ter tomado a primeira e a segunda dose. “Alcântara agradece ao Governo do Estado pelo apoio. Somente unidos e firmes no propósito contra o vírus é que iremos vencer a pandemia em busca de dias melhores”, disse o gestor municipal.

Cidade já conta com mais de 15 mil pessoas vacinadas com a primeira dose (Foto: Ruy Barros)

O agricultor Antônio Mendes, de 32 anos, aproveitou o ponto de vacinação montado em frente à Unidade Básica de Saúde Caravelas para receber a sua segunda dose. “A expectativa era grande para ser imunizado. A vacina, no momento, é a única arma que temos contra o vírus, por isso é ideal que todos aproveitem a oportunidade e se vacinem”, alertou. 

Comunidades Quilombolas 

Alcântara é o município com maior número de quilombos no Brasil. Ao todo são 204 comunidades, onde vivem mais de 3,3 mil famílias. A Comunidade Quilombola Peroba, localizada a 35km da sede do município foi uma das contempladas com a ação de vacinação nesta segunda-feira (14). Lá residem aproximadamente 650 pessoas, 500 destas maiores de 18 anos.

Membro da Comunidade Peroba, Vicente Amaral Rodrigues, de 71 anos, disse ter sido um grande passo para a população quilombola de Alcântara. “Nessa pandemia em que estamos vivendo, nós ficamos com medo, mas com a vacina podemos nos sentir mais confiantes para andar no meio da sociedade. Eu espero que essa vacina chegue a mais pessoas, assim como chegou até a gente”, pediu Vicente.

Imagem destacada / Vice-governador Carlos Brandão e secretário Carlos Lula acompanharam a força-tarefa para vacinação (Foto: Luiz Paula)

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Bicentenário da Imprensa no Maranhão terá livro comemorativo

Em 2021 ocorrerão as comemorações do Bicentenário da Imprensa Maranhense. A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) fará uma série de publicações e eventos. Uma comissão (estou nela com vários colegas) está organizando essas ações.

Uma das obras, com selo da Editora da UFMA, vai reunir artigos sobre os meios impresso e eletrônico (rádios, TV, internet etc) e os trabalhos podem relacionar as mídias/jornalismo do Norte/Nordeste com as do Maranhão em qualquer período.

O livro é organizado pelos professores Marcos Fabio Belo Matos (vice-reitor da UFMA), Roseane Arcanjo Pinheiro (Curso de Jornalismo/PPGCOm UFMA Imperatriz) e  Roni César Andrade de Araújo (Curso de História da UEMA). Os docentes são membros da Comissão Científica das Comemorações pelos 200 Anos da Fundação da Imprensa no Maranhão.

Segue abaixo o link.sobre-os-200-anos-da-imprensa-no-maranhao Leia mais em http://portalpadrao.ufma.br/site/noticias/lancado-edital-para-publicacao-de-livro-

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Aos namorados do Brasil

Dai-me, Senhor, assistência técnica
para eu falar aos namorados do Brasil.
Será que namorado algum escuta alguém?
Adianta falar a namorados?
E será que tenho coisas a dizer-lhes
que eles não saibam, eles que transformam
a sabedoria universal em divino esquecimento?
Adianta-lhes, Senhor, saber alguma coisa,
quando perdem os olhos
para toda paisagem ,
perdem os ouvidos
para toda melodia
e só vêem, só escutam
melodia e paisagem de sua própria fabricação?

Cegos, surdos, mudos – felizes! – são os namorados
enquanto namorados. Antes, depois
são gente como a gente, no pedestre dia-a-dia.
Mas quem foi namorado sabe que outra vez
voltará à sublime invalidez
que é signo de perfeição interior.
Namorado é o ser fora do tempo,
fora de obrigação e CPF,
ISS, IFP, PASEP,INPS.

Os códigos, desarmados, retrocedem
de sua porta, as multas envergonham-se
de alvejá-lo, as guerras, os tratados
internacionais encolhem o rabo
diante dele, em volta dele. O tempo,
afiando sem pausa a sua foice,
espera que o namorado desnamore
para sempre.
Mas nascem todo dia namorados
novos, renovados, inovantes,
e ninguém ganha ou perde essa batalha.

Pois namorar é destino dos humanos,
destino que regula
nossa dor, nossa doação, nosso inferno gozoso.
E quem vive, atenção:
cumpra sua obrigação de namorar,
sob pena de viver apenas na aparência.
De ser o seu cadáver itinerante.
De não ser. De estar, e nem estar.

O problema, Senhor, é como aprender, como exercer
a arte de namorar, que audiovisual nenhum ensina,
e vai além de toda universidade.
Quem aprendeu não ensina. Quem ensina não sabe.
E o namorado só aprende, sem sentir que aprendeu,
por obra e graça de sua namorada.

A mulher antes e depois da Bíblia
é pois enciclopédia natural
ciência infusa, inconciente, infensa a testes,
fulgurante no simples manifestar-se, chegado o momento.
Há que aprender com as mulheres
as finezas finíssimas do namoro.
O homem nasce ignorante, vive ignorante, às vezes morre
três vezes ignorante de seu coração
e da maneira de usá-lo.

Só a mulher (como explicar?)
entende certas coisas
que não são para entender. São para aspirar
como essência, ou nem assim. Elas aspiram
o segredo do mundo.

Há homens que se cansam depressa de namorar,
outros que são infiéis à namorada.
Pobre de quem não aprendeu direito,
ai de quem nunca estará maduro para aprender,
triste de quem não merecia, não merece namorar.

Pois namorar não é só juntar duas atrações
no velho estilo ou no moderno estilo,
com arrepios, murmúrios, silêncios,
caminhadas, jantares, gravações,
fins-de-semana, o carro à toda ou a 80,
lancha, piscina, dia-dos-namorados,
foto colorida, filme adoidado,,
rápido motel onde os espelhos
não guardam beijo e alma de ninguém.

Namorar é o sentido absoluto
que se esconde no gesto muito simples,
não intencional, nunca previsto,
e dá ao gesto a cor do amanhecer,
para ficar durando, perdurando,
som de cristal na concha
ou no infinito.

Namorar é além do beijo e da sintaxe,
não depende de estado ou condição.
Ser duplicado, ser complexo,
que em si mesmo se mira e se desdobra,
o namorado, a namorada
não são aquelas mesmas criaturas
que cruzamos na rua.
São outras, são estrelas remotíssimas,
fora de qualquer sistema ou situação.
A limitação terrestre, que os persegue,
tenta cobrar (inveja)
o terrível imposto de passagem:
“Depressa! Corre! Vai acabar! Vai fenecer!
Vai corromper-se tudo em flor esmigalhada
na sola dos sapatos…”
Ou senão:
“Desiste! Foge! Esquece!”
E os fracos esquecem. Os tímidos desistem.
Fogem os covardes.
Que importa? A cada hora nascem
outros namorados para a novidade
da antiga experiência.
E inauguram cada manhã
(namoramor)
o velho, velho mundo renovado.

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Pandemia favorece os mais ricos

O Brasil, terra dos paradoxos, regrediu quanto às condições econômicas (…)

Artigo de Frei Betto, publicado originalmente aqui

O Brasil, terra dos paradoxos, regrediu quanto às condições econômicas da população durante a pandemia e, no entanto, aumentou o número de bilionários. O empresariado industrial cede lugar à burguesia financeira. O dinheiro se desloca da propriedade imóvel (agropecuária e industrial) para a propriedade móvel (ativos financeiros).

Segundo Oded Grajew, da Oxfam Brasil, aqui os 5% mais ricos concentram em mãos 95% da renda nacional, e 10% possuem 74% das riquezas.

A revista Forbes, que pesquisa os mais ricos no mundo, informa que, no Brasil, dobrou o número de pessoas que tiveram aumentada suas fortunas em pelo menos 1 bilhão de dólares (R$ 5 bilhões). O elenco passou de 31, em 2016, para 65, em 2021. Assim, no país a participação dos ricos no total de bilionários do mundo saltou de 1,7% (2016) para 2,4% em 2021.

Já a economia brasileira caminha em sentido inverso. Regrediu do 9º para o 12º lugar no ranking dos maiores PIB do mundo. Se comparada com a evolução da riqueza global, a participação do Brasil foi reduzida em 33,3%, pois deixou de representar 2,4% do PIB mundial (posição em 2016) para assumir, em 2020, o exíguo perfil de apenas 1,6%.

Caiu também o PIB por habitante. Na lista de 195 países, o Brasil passou da 76ª posição, em 2014, para a 85ª posição em 2020, segundo dados do FMI. Nosso PIB retrocedeu 3,8% entre os governos Temer e Bolsonaro.

De acordo com dados do IBGE (novembro de 2020), no Brasil mais de 50 milhões de pessoas se encontram na pobreza (renda per capita mensal de, no máximo, R$ 499), e 13 milhões, na extrema pobreza (renda mensal não ultrapassa R$ 178).

Da população brasileira, 14,4 milhões estão desempregados; 40 milhões sobrevivem de empregos informais; 13,6 milhões vivem em favelas. Passa da metade o número de brasileiros de 25 anos ou mais que não concluíram a educação básica, e 33,1% não terminaram o ensino fundamental. Outro dado preocupante: a cada ano, são assassinados, em nosso país, 44 mil pessoas, a maioria negros e pobres. Somos a sétima nação mais desigual do mundo.

Dados Globais

Entre 2016 e 2020, a economia global cresceu 10,7%, e o número de bilionários, 52,2%. A elevação do PIB da China em 31,3% elevou a quantidade de seus bilionários em 295%. Segundo o índice Bloomberg, o patrimônio dos donos das 500 maiores fortunas do planeta aumentou quase R$ 10 trilhões em 2020. A lista é liderada por executivos de empresas de tecnologia e artigos de luxo.

A pandemia favorece os mais ricos. A quarentena doméstica intensificou o uso de tecnologia e as vendas online. As ações do Zoom subiram 450%. E sem poder viajar, os bilionários se dedicaram a adquirir, via ecommerce, produtos sofisticados como joias, relógios e marcas de grife.

O economista Michael Roberts afirma que um número muito reduzido de pessoas (menos de 0,1%) possui 25% da riqueza mundial. Apenas 1% do topo das famílias tem 43% da riqueza global, os 10% seguintes, 81%, enquanto os 50% da base somente 1%. Este 1% do topo é integrado por 52 milhões de multimilionários em riqueza líquida (descontadas já as dívidas). Dentro desse 1%, há 175 mil pessoas super ricas, pois cada uma abocanha mais de 50 bilhões de dólares em riqueza líquida. Esta informação vem do relatório de 2020 produzido pelo Credit Suisse Global Wealth, que acaba de ser divulgado.

O relatório continua sendo a análise mais abrangente e explicativa da riqueza global (não confundir com a renda), assim como da desigualdade da riqueza pessoal no mundo. Todos os anos esse relatório analisa a riqueza – composta pelos ativos financeiros (ações, obrigações, dinheiro, fundos de pensões etc.) e propriedades (casas, fazendas etc.) – de 5,2 bilhões de pessoas em todo o mundo, descontadas já as dívidas.

De acordo com o relatório de 2020, a riqueza familiar total global aumentou US$ 36,3 trilhões em 2019. Mas a pandemia cortou esse aumento de 2019 quase pela metade (US$ 17,5 trilhões), entre janeiro e março de 2020. No entanto, os mercados de ações e os preços das propriedades se recuperaram rapidamente, graças às injeções de crédito dos governos e dos bancos centrais.

Na queda da riqueza global, a região mais afetada foi a América Latina, onde as desvalorizações cambiais reforçaram as reduções do PIB em dólares, resultando na perda de 12,8% na riqueza total em dólares. A pandemia também estagnou o crescimento esperado nos EUA e causou perdas em todas as outras regiões, exceto China e Índia. Entre as principais economias globais, o Reino Unido testemunhou a maior erosão relativa da riqueza.

No final de 2019, os EUA e a Europa – que reúnem apenas 17% da população mundial adulta – concentravam 55% da riqueza global total. As diferenças de riqueza dentro dos países são ainda mais pronunciadas. No mesmo período, os milionários de todos os países do mundo – que somam 1% da população adulta – tinham em mãos 43,4% do patrimônio líquido global.

Em suma, o que o relatório mostra é que bilhões de pessoas não têm riqueza líquida nenhuma, e a distribuição da riqueza pessoal global reflete um mundo em que alguns gigantes, como Gulliver, olham para baixo e contemplam uma imensa massa de liliputianos…

Segundo Thomas Piketty, se houvesse um imposto mundial de 2% sobre fortunas acima de 10 milhões de euros, isso renderia dez vezes mais: 1 trilhão de euros por ano, ou 1% do PIB global, que poderia ser distribuído a cada país proporcionalmente à sua população. Se for de 2 milhões de euros, o PIB mundial cresceria 2%, ou mesmo 5% com uma escala altamente progressiva para os bilionários. Mais do que suficiente para substituir toda a ajuda oficial internacional atual, que representa menos de 0,2% do PIB global (e apenas 0,03% para a ajuda humanitária de emergência).

Uma medida urgente seria implementar a renda básica universal. Se dividirmos o PIB Mundial (calculado em cerca de 84 trilhões de dólares) pelos 7,2 bilhões de seres humanos, chegaremos ao valor per capita de US$ 11.667,00, ou seja, cada um disporia, por ano, de R$ 60 mil ou R$ 5 mil por mês.

Essa radiografia contraria quem acredita que a humanidade sairá melhor dessa pandemia. Quando o Titanic começou a afundar, os mais ricos não se preocuparam com o próximo. Correram para os botes de salvação, sem se importar com quem não teve o mesmo privilégio. Portanto, coloca-se como desafio urgente trabalhar pela cultura do cuidado e da solidariedade. Precisamos, urgente, de seis conquistas básicas: educação, saúde e acesso digital para todos, energia limpa, uso sustentável da Terra e cidades sustentáveis.

*Frei Betto é frade dominicano, jornalista e escritor, autor de “Parábolas de Jesus – ética e valores universais” (Vozes), entre outros livros. Livraria Virtual: freibetto.org/livraria