Categorias
notícia

Podbook do livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM” já está disponível

Uma obra para ler e ouvir. Assim é o livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”, que será lançado hoje (27 de agosto), a partir das 19h, na igreja Nossa Senhora da Penha, no bairro Anjo da Guarda.

Todas as entrevistas do trabalho de campo realizado na pesquisa sobre comunicação radiofônica no Anjo da Guarda podem ser acessadas no podbook disponível na plataforma Spotfy.

A iniciativa de disponibilizar as entrevistas tem o objetivo de ampliar a oferta de consumo do livro e possibilitar o conhecimento detalhado sobre as entrevistas da pesquisa que resultou na versão impressa.

Durante cinco anos de apuração, estudos teóricos, redação e revisão, os pesquisadores Ed Wilson Araújo, Saylon Sousa, Rodrigo Anchieta, Rodrigo Mendonça e Robson Correa (foto destacada) entrevistaram várias personagens atuantes na emissora de alto-falante denominada “Rádio Popular”, que funcionou de 1988 a 1998; assim como os protagonistas da rádio comunitária “Bacanga FM”, inaugurada em 1998 e até hoje em funcionamento.

Ao todo são 33 anos de História da comunicação popular e comunitária em um dos bairros mais pulsantes cultural e politicamente na região metropolitana de São Luís.

Saiba mais sobre o livro aqui e mais aqui

Foto destacada / Autores de “Vozes do Anjo” / da esquerda para a direita: Robson Correa, Rodrigo Mendonça, Ed Wilson Araújo, Rodrigo Anchieta e Saylon Sousa / Imagem: Benedito Junior

Categorias
notícia

Viana é palco do novo “Mural da Memória” em homenagem ao cantador Diomar Leite

O município de Viana, localizado na Baixada Maranhense, recebe esta semana, entre 23 e 26 de agosto, a equipe do Projeto “Amo, Poeta e Cantador: Murais da Memória pelo Maranhão”. Nestes dias, o artista plástico Gil Leros, com o uso da técnica do graffiti, produzirá mais um grande mural da memória, dessa vez para homenagear o fundador do bumba meu boi “Nossa União de São Cristóvão de Viana”: Diomar Leite.

De sotaque de matraca da baixada, o boi “Nossa União” de São Cristóvão possui, oficialmente, cerca de 30 anos de história, tendo sido fundado por Diomar Leite no início da década de 1990. Mas, na realidade, estudos e pesquisas mostram que a brincadeira é centenária, datando do início do século XX, sendo parte importante dos costumes e tradições da comunidade São Cristóvão.

A brincadeira ficou paralisada por alguns anos, mas ressurgiu, com força total, sob a liderança do falecido Diomar Leite. Ele é, para muitos, ‘um grande mestre da cultura popular do Maranhão’, como declara o também mestre José Manoel Sousa, o popular ‘Baeco’, amigo pessoal de Diomar Leite, estando com ele à frente do boi “Nossa União” por muitos anos. “Diomar é mestre dos mestres. Grande organizador e dirigente do Boi Nossa União de São Cristóvão”, reconheceu o entusiasmado ‘Baeco’.

Com o falecimento de Diomar, ‘Baeco’ assumiu o comando do boi. Mas, problemas de saúde o obrigaram a passar a direção do “Nossa União” para a sua afilhada Ana Selma. Ele, contudo, está sempre presente, todos os anos, nas brincadeiras.

O povoado São Cristóvão nasceu à margem leste do lago de Maracaçumé, onde existia, até o final do século XIX, um engenho de açúcar, e fica distante cerca de 50 quilômetros do Centro de Viana, cidade com pouco mais de 52 mil habitantes (dados do IBGE de 2019), fundada em 08 de julho de 1757. Viana tem, portanto, 264 anos.

O boi Nossa União de São Cristóvão é composto atualmente de 150 brincantes. Traz em suas fileiras o patrão, o amo, Pai Francisco, Mãe Catirina, cazumbas, índias, caboclos de pena, burrinhas, cacique rolador do boi, carregadeira de santo, bailantes homens, bailantes mulheres e vaqueiros. O ritmo da música é mais lento do que o de sotaque de matraca da ilha. Mas, os instrumentos usados também são as matracas e os pandeirões. Esses têm um tamanho menor do que os de sotaque da ilha.

A construção de grandes “Murais da Memória” e de um documentário em homenagem a personalidades que marcaram a história do bumba meu boi do Maranhão compõem uma idealização do artista plástico Gil Leros, em parceria com o bumba boi da Floresta, de Apolônio Melônio, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria e do Sitawi Finanças do Bem.

Foto destacada / divulgação / O artista Gil Leros segue pintando murais em várias regiões do Maranhão /

Categorias
notícia

Lançamento: livro “Vozes do Anjo” relata duas experiências de comunicação popular e comunitária em São Luís

A formação do Anjo da Guarda, bairro localizado na área Itaqui-Bacanga, em São Luís, tem muitas personagens e fatos marcantes. Parte dessa História é contada no relato sobre duas experiências de comunicação registradas no livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”, que será lançado sexta-feira (27 de agosto), às 19 horas, na igreja Nossa Senhora da Penha.

Denominado “Rádio Popular”, o sistema de som em alto-falante ou “voz” foi criado em 1988 com a participação de religiosos católicos, lideranças comunitárias do bairro, artistas, jovens, mulheres e homens atuantes nas pastorais sociais.

A “Rádio Popular” funcionou durante 10 anos, até 1998, quando a comunidade dialogou sobre a criação de uma emissora FM. E assim surgiu a rádio comunitária Bacanga FM 106,3 Mhz, em pleno funcionamento e completando 23 anos de existência nesse ano de 2021.

O livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM” costura a criação do bairro às duas emissoras. Fruto de uma pesquisa iniciada em 2016, no curso de Rádio e TV da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a obra é uma produção do OMMAR (Observatório da Mídia no Maranhão), com apoio do ObEEC (Observatório de Experiências Expandidas em Comunicação). A edição tem o selo da Editora da UFMA (EdUFMA) e a impressão viabilizada pela Direção Regional do Serviço Social do Comércio (Sesc) no Maranhão.

Obra tem a capa de Isis Rost e diagramação de Bruno Ferreira

Durante cinco anos de trabalho os pesquisadores Ed Wilson Araújo, Saylon Sousa, Rodrigo Anchieta, Rodrigo Mendonça e Robson Correa entrevistaram várias fontes vinculadas diretamente à criação das duas emissoras. O radialista e líder comunitário Luis Augusto Nascimento, um dos fundadores da Rádio Popular e da Bacanga FM, destaca a importância dos dois meios de comunicação em todo o processo de lutas dos moradores do bairro nas suas reivindicações por transporte coletivo, infraestrutura, água potável, educação e saúde, entre outras. As rádios para ele também são o palco de divulgação dos valores culturais do Anjo da Guarda.

“O livro representa uma das profícuas experiências de pesquisa acadêmica em comunicação no estado do Maranhão, mas também uma excelente oportunidade de conhecermos parte significativa da história contemporânea da sua capital”, pontuou o coordenador do OMMAR, professor doutor Carlos Agostinho Couto, na apresentação da obra.

No prefácio do livro, a pesquisadora Ana Carolina Escosteguy ressalta: “Há muito o que dizer deste trabalho, de suas características e qualidades, que, com certeza, o fazem merecedor de se tornar um alento e uma referência na pesquisa em comunicação”

A pesquisa para a produção do livro constou de revisão bibliográfica e trabalho de campo. Todas as entrevistas em áudio estão disponíveis em uma plataforma digital e podem ser acessadas, assim como a obra em pdf. A capa é de Isis Rost e a diagramação de Bruno Ferreira

O livro está organizado em etapas, conectando a evolução das duas rádios em cinco capítulos, com as respectivas abordagens sobre a relação entre comunicação e mobilização popular no Anjo da Guarda; o surgimento da Rádio Popular no alto-falante; a transição para a Bacanga FM; o posicionamento da emissora na Internet; e um balanço sobre os 20 anos da legislação que disciplina o serviço de radiodifusão comunitária.

Neste último capítulo é feito um apanhado sobre a criação e a luta para a obtenção da outorga para a Bacanga FM no contexto de organização da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão. Ambas, a entidade e a rádio, foram criadas em 1998, ano marcante na luta pela democratização da comunicação no Maranhão.

SERVIÇO

Pauta: Lançamento do livro “Vozes do Anjo: do alto-falante à Bacanga FM”.

Autores: Ed Wilson Araújo, Saylon Souza, Rodrigo Anchieta, Rodrigo Mendonça e Robson Silva

Quando: 27 de agosto (sexta-feira)

Onde: Igreja Nossa Senhora da Penha (Rua Honduras, s/n, Anjo da Guarda)

Horário: 19h

Valor do livro: R$ 30,00 (trinta reais)

OBS: Devido às condições sanitárias e em cumprimento ao decreto do Governo do Maranhão, o evento é limitado a 150 pessoas convidadas, mantendo distanciamento no (amplo) salão da igreja, uso de máscara e higienização das mãos.

Foto destacada / Entrada principal do Anjo da Guarda nos anos 1980 / Imagem: Acervo do jornal O Imparcial /

Categorias
notícia

Paulo Leminski faria hoje 77 anos: veja poemas marcantes do escritor

Nascido em 24 de agosto de 1944, em Curitiba (PT), o poeta faleceu em 7 de junho de 1989, com apenas 45 anos de idade.

Aos 12 anos ele ingressou no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde estudou Latim, Teologia, Filosofia e Literatura Clássica, mas abandonou a vida religiosa.

Faixa preta de caratê, o poeta tinha interesse em cultura japonesa e zen-budismo.

Paulo Leminski foi crítico literário e tradutor de expoentes da Literatura como James Joyce, John Fante, Samuel Beckett e Yukio Mishima.

Na sua formação, teve influência dos irmãos concretistas Augusto e Haroldo de Campos. Com o livro “Metamorfose” ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995.

Alguns textos de Leminski foram gravados por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Guilherme Arantes. Na música, o poeta fez parcerias com Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik e Wally Salomão.

Veja abaixo 10 poemas emblemáticos do autor:

Bem no fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Dor elegante

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

O que quer dizer

O que quer dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.

M. de memória

Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.

Parada cardíaca

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Aviso aos náufragos

Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.

Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.

Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta pagina, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim que é a vida?

Sintonia para pressa e presságio

Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.

Não discuto

não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

Esse post tem informações da Revista Bula e do site ebiografia.com

Foto destacada / Paulo Leminski / capturada no site Estante Virtual

Categorias
notícia

Deus é liberdade, não opressão

Por Ed Wilson Araújo

A tolerância é uma das maiores virtudes.

Em nome dela tentamos entender as diferenças e ver qualidades naquela pessoa que anda na contramão das nossas ideias, preferências e gostos.

Acontece geralmente quando tomo um taxi ou carro de aplicativo. Entro no veículo e o motorista está sintonizado na Jovem Pan ou em alguma rádio evangélica, tipos de emissoras muito ouvidas pelo público da ultradireita ou conservadores médios.

Conto até dez, em nome da tolerância, tentando descontrair com alguma conversa amena.

Em um desses meus deslocamentos o condutor ouvia música gospel não sertaneja nem forrozeira, despertando a minha atenção para uma suave melodia que aplainava o sol a pino do meio dia.

Puxei uma conversa sobre a música e fomos dialogando sobre fé, Deus, amor etc.

Contei a ele que uns dias antes eu tinha entrado na igreja da Sé, no Centro Histórico de São Luís, apenas para agradecer a Deus por estar vivo e com saúde. Nada mais.

O motorista, evangélico adventista, emendou a conversa e disse que a minha atitude – agradecer – era rara. Segundo ele, as pessoas tendem sempre a pedir, pedir e pedir, às vezes deixando a gratidão em segundo plano.

Depois, emendou: “a gente deve sempre se humilhar diante de Deus, se prostrar aos pés d’Ele”.

Cheguei ao meu destino refletindo sobre aquela frase, embora não concorde com o sentido apregoado pelo rapaz.

A minha relação com Deus é de amizade. Quando entro em uma igreja, católica ou evangélica, vou em busca de um encontro afetivo sem me sentir humilhado.

Deus é grande, mas não é um ditador.

A minha fé compreende uma relação de afeto e, como cristão, sinto-me tocado a olhar para o mundo e ver como ajudar o outro, individual e coletivamente.

Na minha formação na Pastoral da Juventude aprendi que as desigualdades econômicas e sociais não são obras de Deus.

Seu filho, Jesus, veio aqui para nos ensinar a repartir o pão, o conhecimento, o poder e a riqueza. Esse é o sentido da fé libertadora, aquela que prega igualdade e justiça.

Fé e liberdade caminham juntas. Deus não está ao mundo para nos oprimir. Ele vive no meio de nós como um amigo, solidário, companheiro e atento.

Deus cuida de nós o tempo inteiro, presente ao nosso lado, estendendo a mão quando precisamos, nos bons e maus momentos.

Por isso é sempre bom agradecer. Não precisa ter um pedido alcançado. A gratidão deve ser todo dia, a cada momento.

Como foi bom ser tolerante com a música daquele rapaz adventista. Reforcei com ele, mesmo nas nossas diferenças, a compreensão de que Deus é amor.

Naquele dia eu me senti ainda mais livre para professar a minha fé, sem me humilhar, porque a fé liberta e não serve à opressão.

Categorias
notícia

É Fantástico! Jornalismo da TV Globo poupa o agronegócio da crise hídrica

O Ensino Médio no Brasil deveria ter uma disciplina voltada para a leitura crítica dos meios de comunicação.

Seria uma forma de preparar a juventude para o consumo dos produtos culturais distribuídos na mídia convencional, nas plataformas digitais e nos aplicativos de mensagens.

Os telejornais, por exemplo, precisam ser vistos com uma espécie de lente de aumento.

Não se trata de considerar que os meios de comunicação manipulam todas as pessoas o tempo inteiro, como se a mídia fosse uma poderosa indústria de domínio da consciência.

Mas, é preciso fazer um consumo reflexivo sobre os conteúdos.

Domingo, 22 de agosto, no Fantástico, a maior e mais abrangente revista eletrônica semanal do Brasil, trouxe a público uma densa reportagem sobre a crise hídrica no Brasil.

Construído com muita habilidade retórica, o enquadramento da matéria conduz o telespectador a relacionar preponderantemente a escassez de água com o desmatamento da Amazônia.

É obvio que a destruição da floresta tem relação com a crise hídrica e outros tantos danos ambientais.

No entanto, a arquitetura da reportagem, ao focar na Amazônia, tira a responsabilidade do agronegócio sobre a devastação de um dos biomas mais importantes do planeta – o cerrado.

Todos sabemos que o cerrado é considerado a “caixa d’água” da Terra porque nele estão as nascentes de vários rios que alimentam bacias hidrográficas fundamentais para o ambiente sustentável.

No cerrado também vivem povos e comunidades tradicionais e parte relevante da agricultura familiar.

Então, o que fez a reportagem do Fantástico?

Priorizou a fala de um especialista para direcionar a crise hídrica para o desmatamento da Amazônia.

Em seguida, a matéria pôs em relevo um empresário do agronegócio no meio a uma lavoura gigante perdida pela seca, como se ele, agronegócio, fosse uma vítima sofrida do problema e não tivesse um polpudo seguro bancário para amparar a prejuízo da safra.

Todos os dias dezenas de tratores correntões destroem imensas áreas de cerrado no Brasil, provocando uma devastação se controle sobre áreas naturais de reserva hídrica nos territórios a serem ocupados pelo agronegócio.

Quem assistiu à reportagem do Fantástico foi dormir pensando que somente o desmatamento da Amazônia é o vilão da seca e o empresário do agronegócio é um pobre coitado que perdeu a safra.

Só aí a gente vai entender porque tem tanta propaganda com o bordão “o agro é pop, o agro é tech, o agro é tudo”.

Leia mais sobre mídia e agronegócio aqui.

Categorias
notícia

Maranhão tem representante na Abraço Brasil

A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço Brasil) elegeu nesse sábado (21), em assembleia geral, sua nova diretoria.

No evento, que ocorreu de forma virtual, em função das medidas sanitárias ainda vigentes no país, Geremias dos Santos foi reconduzido à presidência da entidade. Além dele, outros 20 nomes compõem o grupo que estará à frente da entidade até 2024.

O Maranhão está representado na nova diretoria da Abraço Brasil pelo jornalista e professor da UFMA, Ed Wilson Araújo, atual presidente da Abraço-MA, eleito para a Diretoria de Formação e Inovação Tecnológica.

Na avaliação do presidente reeleito, o encontro foi bastante positivo e a expectativa para o próximo período é de muito trabalho. “A participação foi bastante expressiva, mesmo sendo de modo remoto. Nós conseguimos cumprir todos os pontos previstos na pauta, como a eleição em si, a avaliação política da gestão e a prestação de contas. Agora é arregaçar as mangas e lutar pelas nossas rádios comunitárias”, reiterou.

Apenas uma chapa se inscreveu ao pleito. De acordo com um dos membros da comissão eleitoral, Patrícia Schuster, outro grupo tentou se colocar na disputa, porém, a composição apresentou problemas. “Infelizmente, a nominata não chegou pelos canais descritos no regimento. Afora isso, ela estava incompleta. Mas, isso não comprometeu em nada o processo e a democracia terminou sendo a vitoriosa”, ponderou.

O Brasil conta atualmente com aproximadamente cinco mil rádios comunitárias outorgadas que são regidas pela lei 9.612/1998. Entre as bandeiras defendidas pela Abraço Brasil está a rediscussão desse marco. “Nosso esforço estará todo ele concentrado nessa lei. Precisamos avançar, discutir mais canais, acesso à verba pública, aumento de potência. E nós pregamos a união para que tudo isso se materialize. Não queremos ir para a faixa estendida. Sabemos que isso pode ser um golpe às comunitárias. Deixamos isso muito claro nas nossas intervenções”, finalizou.

Veja abaixo os(as) integrantes da nova diretoria da Abraço Brasil

1 – Geremias dos Santos (MT) – Presidente

2 – Eloidemar Guilherme (RS) – Vice-Presidente

3 – Maria Fátima Cruz (RN) – Primeiro Secretário

4 – Wagner Souto (PE) – Segundo Secretário

5 – Valdeci Borges (GO) – Primeiro Tesoureiro

6 – Julimar Gonçalves de Carvalho (DF) – Segundo Tesoureiro

7 – Ailton Santos (RO) – Diretor Jurídico

8 – Benedito Ballio Prado (BA) – Diretor de Relações Internacionais

9 – Mylena Rocha (SE) – Diretora de Comunicação

10 – Rejane Barros (AL) – Diretora de Cultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

11 – Laélia Brito Freitas (PA) – Diretora de Gênero e Etnia

12 – Daniel Pereira dos Santos (PB) – Diretor de Organização

13 – Ed Wilson Ferreira Araújo (MA) – Diretor de Formação e Inovação Tecnológica

Suplentes da Diretoria Executiva:

1 – Joaquim Goulart (RS)

2 – Thomas Sena (RN)

3 – Maria Fátima Gomes (MG)

Conselho Fiscal

Efetivos:

1 – Elisinete Santos Sousa (AM)

2 – Antônio Maurício de Medeiros (AP)

3 – Ricardo Rodrigues Campos (PI)

Suplentes:

1 – Sérgio Dourado de Oliveira Matos (MG)

2 – João Carlos Heissler (RS)

Com informações da Abraço Brasil

Categorias
notícia

Lula faz autocrítica sobre política de comunicações e assume compromisso com novo marco regulatório da mídia

A entrevista coletiva do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, encerrando hoje (20 ago 2021) sua visita ao Maranhão, foi marcada por críticas à postura das grandes redes de comunicação no processo de criminalização do PT.

“William Bonner devia abrir o Jornal Nacional com um pedido de desculpas para nós”, cravou Lula na sua fala de abertura da entrevista, ao ressaltar que foi vítima de sucessivas mentiras da cobertura das Organizações Globo no curso das acusações que o levaram à prisão.

Uma das perguntas da coletiva questionou o petista sobre eventual vitória na eleição de 2022 e quais diretrizes seriam tomadas para uma reforma na legislação das comunicações no Brasil. Lula começou a sua resposta fazendo mea culpa sobre a falha dos governos petistas quanto à implantação de um novo marco regulatório na mídia. Veja abaixo:

Lula aponta para futuras revisões na legislação
de comunicação. Imagens: Kerley Coimbra

Endossado pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, o discurso de Lula sintoniza a crítica pública da cúpula do partido ao enquadramento da grande mídia nos últimos cinco anos, desde o impeachment de Dilma Roussef.

Hoffman apresentou aos jornalistas o livro e plataforma Memorial da Verdade, contendo um apanhado dos equívocos jurídicos da Operação Lava Jato e das ações comandadas pelo ex-juiz Sergio Moro com o objetivo de condenar Lula e impedi-lo de concorrer à eleição de 2028.

Você pode baixar o livro Memorial da Verdade aqui

Ao final da coletiva Lula assumiu o compromisso de, em um eventual novo governo, provocar o debate sobre a reforma da comunicação.

Categorias
notícia

O soneto do promotor e a emenda do deputado

O Ministério Público (MP) do Maranhão e a Assembleia Legislativa estão envergonhados pelos atos isolados de dois integrantes das respectivas corporações.

Todo esforço do liberalismo político e do iluminismo, duas concepções civilizatórias, foi reduzido a uma briga de rua entre um parlamentar e um promotor.

O representante do Parquet, praticante de kite surf, bloqueou um dos acessos à praia do Olho d’Água para garantir exclusividade aos seus pares esportistas no desfrute da orla.

Em decorrência da obstrução os moradores e outros usuários da praia ficaram impedidos de utilizar o espaço público para entrar e sair das suas casas e realizar outros afazeres cotidianos.

É como se o promotor grilasse o balneário para usufruto próprio.

Mas, o que fez o deputado? Denunciou o membro do MP aos órgãos de controle? Chamou o diálogo para resolver o conflito?

Nada disso! O parlamentar usou da sua “autoridade” e, montado em um trator, mandou desobstruir a barreira do promotor.

Fez ainda pior. Mandou gravar tudo em vídeo, inclusive os aplausos dos moradores diante do seu ato “heróico” em suposta defesa do interesse coletivo.

As cenas parecem ter saído das profundezas de um garimpo, um duelo entre homens embrutecidos pela dureza da vida em busca de riqueza.

Nunca se viu tanta pobreza espiritual naquele bate-boca entre um legislador e um fiscal da lei.

Duelo de garimpo, briga de rua, rixa de feira ou barraco de elite … tudo serve para designar um dos momentos mais bizarros na relação entre dois entes republicanos em São Luís.

Vivemos uma conjuntura clara de oposição entre a civilização e a barbárie, a democracia e o fascismo, sendo este pautado na violência, no armamentismo e no total desprezo pelas regras do Direito.

Naquela briga de rua, o promotor e o deputado agiram como dois seres no estado de natureza hobbesiano, protagonizando uma ilustração “ao vivo” da guerra de todos contra todos.

Um rasgou a lei; o outro, passou o trator na política.

Eles cometeram dupla falta de educação e “ensinaram” que conflito se resolve é na porrada.

Esse tipo de comportamento abominável vem ganhando cada vez mais espaço no meio conservador da ultradireita, surfando na onda grotesca do bolsonarismo – o império da violência, do armamentismo, da falta de respeito e ausência dos mínimos padrões civilizatórios; enfim, o poder do trator, do macho hétero valente acima da lei e da ordem!

Quem viu aquele vídeo sente-se representado e estimulado a praticar a máxima do mais forte. Só faltou fazer o gestual de arminha com os dedos.

Seria de bom alvitre que o parlamentar e o promotor usassem suas investiduras de poder para ajudar São Luís a construir um Plano Diretor humanizado.

Onde está a “valentia” dessas autoridades diante dos arbítrios cometidos todos os dias nessa cidade contra os pobres da zona rural e da periferia?

Por que não fiscalizam os desmandos das construções irregulares de shoppings, postos de gasolina e tantos outros empreendimentos sobre áreas de preservação ambiental que dizimam os recursos naturais e a vida de tantas pessoas?

Quero ver a valentia dessa gente para enfrentar uma parte da elite política, as empreiteiras e as multinacionais que pretendem transformar São Luís em uma cidade portuária e industrial sem dialogar com a população sobre os impactos ambientais e culturais no uso e na ocupação do solo urbano.

Vamos aguardar, observar e fiscalizar o desempenho dos valentes.

Felizmente, os protagonistas da briga de rua não traduzem o conjunto do poder Legislativo e do Parquet, onde há bons exemplos de políticos e fiscais da lei.

Por isso mesmo, o Ministério Público e a Assembleia Legislativa deveriam emitir uma nota pública com pedido de desculpas à sociedade.

São Luís, Patrimônio Cultural da Humanidade, com toda fama de cidade civilizada, afetiva e de alta voltagem intelectual, não merece ter a sua imagem manchada por um duelo de garimpo.

Afinal, aqui é a Ilha do Amor.

Categorias
notícia

Siga em paz, Mané!

Perdemos o líder camponês e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), Manoel da Conceição, um lutador da democracia e referência política para várias gerações.

O querido Mané teve o devido reconhecimento em vida, laureado com títulos e acolhida pelo seu trabalho em prol da reforma agrária e da dignidade do povo do campo e da cidade.

Foi um exemplo de militante e deixa sua marca na História.