Categorias
notícia

Agronegócio avança com violência(s) na região do Baixo Parnaíba

Por Ed Wilson Araújo

No intervalo do Jornal Nacional, da Rede Globo, milhões de brasileiros assistem à propaganda de louvação do agronegócio. Ele é pop, é tech, é tudo!

Os filmes publicitários muito bem feitos levam a crer no milagre da lavoura, projetando na audiência os sentidos de prosperidade, sucesso, lucros, méritos, satisfação e nacionalismo.

Mas, esse Brasil que dá certo na tela da TV é muito diferente da realidade dos moradores cercados pelos campos de soja.

No povoado Carrancas, a 19 Km da sede do município Buriti de Inácia Vaz, homens e mulheres de várias gerações, nascidos e criados nas chapadas, sentem no corpo inteiro e na mente as violências provocadas pelo agronegócio nos 16 municípios do Baixo Parnaíba, seguindo o curso da BR-222 e adjacências, na região leste do Maranhão.

Um dos dramas é narrado pela família de Maria Rita dos Reis Lira (66 anos) e Vicente de Paulo Costa Lira (65 anos).  A casa onde vivem e criaram sete filhos e 10 netos está cercada de campos de soja onde antes havia florestas de buriti, pequi, caju e uma variada fauna irrigadas por rios, riachos e córregos.

Casal de idosos, Vicente e Rita sentem a agonia do território cercado. Imagens: Ed Wilson Araújo

Após quase 20 anos de presença do agronegócio nessa região, quase tudo está destruído, restando alguns moradores que se recusam a vender as suas terras ou resistem diante das tentativas de apropriação ilegal de áreas onde os pequenos agricultores e extrativistas viviam e produziam bem antes da chegada dos fazendeiros.

A situação do casal Lira é parâmetro para todos os pequenos produtores da agricultura familiar, os povos e as comunidades tradicionais atingidos pelo agronegócio.

Para eles, todo dia é uma agonia vivenciada por diversos tipos de violência: assédio, ameaças e coação para a venda de terras e/ou grilagem dos territórios, perseguição quando fazem o roçado, poluição de veneno (herbicida) pulverizado por aviões ou despejado pelas máquinas agrícolas (tratores), desmatamento ilegal, extermínio das nascentes, poluição da água e das outras fontes de alimentos, denúncias criminais de fazendeiros contra os trabalhadores rurais, entre tantas outras agressões e violações de direitos humanos.

Ouça aqui o podcast com Vicente de Paula Costa Lira

Há também um tipo de violência visual. Dói nos olhos a sensação de estar cercado por imensos desertos, sem vida, com o futuro sempre ameaçado por novas expansões da fronteira agrícola baseada na monocultura.

Vizinho de Carrancas, o povoado Araçá ficou conhecido no mundo todo em abril de 2021 quando viralizaram as imagens da pulverização aérea de agrotóxicos, atingindo o menino André Lucas, de 7 anos de idade, vítima de graves queimaduras em todo o seu corpo.

Cenas do agronegócio em Buriti: áreas desmatadas avançam cada vez mais. Imagens: Ed Wilson Araújo

Diversas organizações que atuam na defesa dos camponeses classificam o uso de coquetéis de veneno como uma guerra química do agronegócio para eliminar as comunidades tradicionais e deixar os territórios livres para a expansão da monocultura de soja, eucalipto e milho, entre outros cultivos à base de herbicidas.

O menino André Lucas foi o caso mais visível; no entanto, a presença e/ou ameaça de uso dos herbicidas é uma constante na vida dos moradores cercados pelos campos de soja na região.

Para o integrante da Coordenação Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Edivan Oliveira dos Reis, os impactos do agronegócio ocorrem pelo menos em quatro dimensões: ambiental, política, econômica e na cultura camponesa. Veja o vídeo abaixo:

Edivan Reis: o agronegócio na região vem desde a década de 1980

Os fazendeiros atendem por um sobrenome – Introvini – família de sojicultores que tem como principais personagens o pai Gabriel e o filho André.

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), no episódio de Araçá, os proprietários das fazendas usuárias de pesticidas, os sojicultores Introvini, “não possuíam licenciamento ambiental da atividade de pulverização aérea, o que motivou embargo da atividade e também auto de notificação e infração no valor de 273 mil reais”.

Ainda segundo a Sema, “a investigação continuou com equipes da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (SEDIHPOP), Secretaria de Saúde (SES), Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA) e Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (AGED), em parceria com a Diocese de Brejo, Prefeitura de Buriti, Câmara Municipal e o Ministério da Saúde, em visita à sede da empresa para coleta de amostras de agrotóxicos e apreensão de documentos que serão utilizados na continuidade da apuração de ocorrência de crimes ambientais.”

Nesse cenário, a violência psicológica é uma tensão permanente. A força e o autoritarismo do agronegócio espalham seus tentáculos sobre as instituições, causando até mesmo a inversão de papeis, quando os agressores (fazendeiros) usam o aparelho coercitivo do Estado contra as vítimas (trabalhadores rurais).

Vicente de Paulo Lira é um entre tantos casos de moradores originais do cerrado já denunciados criminalmente e intimados a depor perante autoridades policiais pelo simples fato de utilizarem os seus territórios para o cultivo de roças necessárias à sobrevivência; no entanto, foram acusados de suposto “crime ambiental”.

Nas áreas do agronegócio, os fazendeiros constituem um poder tão violento que atropela as instituições formais, restando às comunidades o apoio de organizações não governamentais. Uma delas, o Fórum Carajás, atua há 10 anos no Baixo Parnaíba, prestando apoio em projetos de produção sustentável, na organização e solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Segundo o presidente do Fórum Carajás, jornalista Mayron Régis Borges, a entidade tem por principal objetivo acompanhar os impactos dos grandes empreendimentos na vida das comunidades e no meio ambiente. “O Fórum Carajás nasce como um espaço de discussão de temas sócio-ambientais e elaboração e disseminação de documentos relativos a esses temas. As ações desenvolvidas pelo Fórum Carajás datam do começo de 2010 com a discussão em torno da preservação do bacuri para chegar em 2021 desenvolvendo projetos de segurança alimentar e criação de pequenos animais”, pontuou Borges.

Vicente resiste na roça de mandioca, uma das formas de preservar e produzir no território. Imagem: Mayron Regis

O avanço da monocultura de soja, milho e eucalipto coloca o Maranhão na segunda posição em casos de conflitos agrários, vitimando 137.515 famílias, segundo o Relatório “Conflitos no Campo Brasil 2020”, produzido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O registro está na página 29: “Os dez estados da Federação mais conflituosos se estabeleceram da seguinte maneira: Pará em primeiro lugar, com 168.546 famílias envolvidas em conflitos; em segundo, o Maranhão, com 137.515. Nesse sentido, os dois Estados alternam suas posições. A Bahia é o terceiro, com 85.874 famílias; Amazonas, que não aparece com número de ocorrências elevado, fica em quarta posição, com 63.731; o Mato Grosso, em quinto, com 63.525; em sexto lugar, Roraima, com 55.571; em sétimo, Rondônia, com 49.257; em oitavo, Acre, 47.281; em nono, Pernambuco, com 45.865; e em décimo, Mato Grosso do Sul, com 38.108.”

Além da violência contra os recursos naturais e às formas de vida dos moradores originários de vários territórios conflituosos, os assassinatos de lideranças que atuam na resistência assustam. Somente em 2021, nove execuções já foram computadas contra homens e mulheres do campo no Maranhão.

A pistolagem é a etapa final do processo de invasão e domínio das terras, quando os obstáculos da resistência política são eliminados a bala.

Enquanto isso, as denúncias seguem. Durante uma entrevista coletiva realizada em 17 de novembro de 2021, várias entidades representativas de camponeses, extrativistas, indígenas, quilombolas, pastorais sociais, pescadores, povos e comunidades tradicionais, acolhidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB – Regional Nordeste 5) sincronizaram um pedido de socorro com uma frase emblemática: “A gente está morrendo”

Categorias
notícia

Festival “Eita Piquena Arteira” tem diversas atrações culturais produzidas por mulheres

Chegando em sua 8ª edição em 2021, o festival Eita Piquena Arteira (EPA) acontecerá nos dias 22, 23 e 25 de novembro com uma programação híbrida. Idealizado pelo grupo Afrôs em 2010, o EPA já tem sete edições de sucesso de público e mostra sua versatilidade esse ano ao trazer novos e consagrados nomes femininos para compor suas atividades.

No dia 22 (segunda-feira) haverá parte do eixo formativo com duas oficinas. A oficina de “Elaboração de projetos culturais para mulheres, mulheres trans e não-bináries” ministrada por Nanda Pretah (MA) acontecerá de 9h às 12h. A outra oficina será de “Produção cultural para mulheres na música”, ministrada por Sabrina Bueno (MG/RJ), das 14h às 17h.

No dia 23 (terça-feira) acontece a segunda parte do eixo formativo com rodas de conversas. A roda “Autonomia para as mulheres: ferramenta de enfrentamento à violência contra a mulher nas artes e na cultura” conta com a presença de Carol Dourado, Samme Sraya e Rebeca Alexandre e ocorre às 15h.

Já a roda “Desafios e articulações das mulheres no mercado artístico brasileiro” é composta por Rafaela Gonçalves, Nadir Cruz e Enme Paixão e acontecerá às 17h. A programação dos dias 22 e 23 será transmitida ao vivo no youtube do grupo Afrôs (https://www.youtube.com/user/GrupoAfros).

No dia 25 (quinta-feira), a partir das 19h, será o dia da festa-mostra do Eita Piquena Arteira, que esse ano coincidirá simbolicamente com o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher – luta e resistência permanente da organização do EPA. O local do evento é o Espaço Reocupa, na Rua da Estrela, no Centro Histórico de São Luís.

A festa-mostra contará com os shows em duo de artistas queridas e potentes, são elas: Dicy Rocha e Afrôs, Enme Paixão e Pantera Black e Regiane Araújo e Núbia. Ao longo da noite também haverá apresentação das DJs Gabriella Leão e Joana Golin, além de performances de Artemis Lisboa, Fê Marques, Elton Panamby e Renata Figueiredo.

Durante o evento a rádio EPA (espaço aberto para dar voz a quem precisa e quer falar de sua luta) estará funcionando ao vivo.

A noite será aberta ao público e a retirada gratuita de ingressos acontecerá através da plataforma Sympla a partir do dia 22/11 (segunda-feira). A quantidade de ingressos é limitada devido à lotação do espaço.

Mais de Afrôs

Afrôs é uma banda independente e autoral de São Luís que investe na musicalidade maranhense, indo da percussão aos vocais com essa versatilidade pulsante. Atualmente integra a banda Cris Campos Sereia, Fernanda Pretah, Hugo César, Melannie Carolina, Tchur, Thierry Castelo e Tieta Macau.

Serviço:

O quê: 8ª Edição do Festival Eita Piquena Arteira – EPA

Quando: 22, 23 e 25 de novembro de 2021

Onde: Reocupa (Rua da Estrela, 400A, Centro Histórico)

Formato: online e presencial.

Instagram: @grupoafrosma

Youtube: https://www.youtube.com/user/GrupoAfros

Contato para entrevistas e cobertura ao vivo do evento: (98) 98131-7431 (Amanda Drumont – Assessoria)

Categorias
notícia

Josué Montello, São Luís e a Coluna Prestes no romance “A coroa de areia”

Texto: Ed Wilson Araújo
Imagens: José Reinaldo Martins

A rua dos Craveiros, no Centro Histórico de São Luís, é um dos principais cenários do romance “A coroa de areia”, de Josué Montello, publicado em 1979.

Na casa de número 27 moravam a viúva Blandina e as suas filhas Maria do Carmo e Aglaia. O imóvel do livro é uma meia-morada com sacadas de ferro e um mirante onde ficara escondida a personagem João Maurício, revoltoso da Coluna Prestes.

João Maurício, parente de Blandina, fora acolhido na casa em sigilo, temendo o olhar curioso da vizinhança e a repressão contra as lideranças do movimento comandado por Luis Carlos Prestes.

Trecho da obra “A coroa de areia” ambientado na rua dos Craveiros

Localizada entre a rua do Alecrim e a rua dos Afogados, a casa é uma entre tantas de São Luís do passado onde os moradores ficavam à janela para ver o movimento da cidade. Josué Montello descreve, neste hábito, o costume de os curiosos utilizarem almofadas cerzidas especialmente para acomodar os cotovelos durante as horas de contemplação do burburinho da urbe.

Mas, depois da chegada de João Maurício, todo cuidado era pouco. A casa de Blandina hospedava um perigoso revolucionário da Coluna Prestes.

Categorias
notícia

Vítimas de prisão arbitrária no Maranhão, indígenas Akroá-Gamella são liberados

Fonte: CPT Nacional

Após pressão dos movimentos sociais e atuação dos jurídicos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral Terra (CPT) , oito indígenas Akroá-Gamella foram liberados na audiência de custódia, finalizada na noite de sexta-feira (19/11). Eles integravam o grupo de 16 Gamellas (entre eles um agente da Comissão Pastoral da Terra) presos arbitrariamente na tarde de quinta-feira (18) pela Polícia Militar do Maranhão. Os oito primeiros foram liberados ainda na madrugada de sexta-feira.

Os indígenas foram presos após impedir funcionários da empresa Equatorial Energia de instalarem linhas de transmissão na área da aldeia Cajueiro, no território Taquaritiua, na Baixada Maranhense. A liberação foi concedida de maneira irregular pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (veja final do texto). A situação na região é tensa e piora com a demora do governo para demarcar o território Akroá Gamella, no Maranhão.

Truculência da Polícia Militar do Maranhão

Os indígenas Gamella foram surpreendidos com a equipe da concessionária dentro do território para a instalação dos linhões. Foram impedidos de continuar e retornaram com jagunços fortemente armados e sem identificação para forçar a instalação das torres de energia elétrica dentro da aldeia. Os Gamella decidiram recolher as armas e munições para conter a invasão e a devastação de seu território. Foi quando policiais militares, sem mandados e autos de prisão, colocaram, à força, algumas lideranças dentro da viatura.

Durante a ação, os equipamentos de comunicação dos indígenas foram tomados pela polícia. Cerca de 30 policiais revistaram as casas procurando pelas armas e trataram os indígenas com truculência, sendo que 16 foram levados presos, sem mandado, 13 homens e 3 mulheres, entre estes, uma mãe lactante, que foi detida e levada com os outros indígenas para uma unidade prisional. “Eles iam jogando no camburão quem encontravam na frente”, relata um indígena, “ainda dispararam tiros próximo a uma escola”. Crianças e idosos que estavam no local presenciaram o momento.

Omissão e criminalização por parte do Governo do Maranhão

Após a notícia da prisão arbitrária dos indígenas, o Cimi e a CPT imediatamente deslocaram representantes do jurídico das entidades para a região. Ao longo da viagem, um esforço enorme, que incluiu a Defensoria Pública do Maranhão, foi realizado para descobrir os destino dos indígenas presos. “Foi um pesadelo! Regredimos ao período da Ditadura, onde não sabíamos para onde os presos eram levados”, desabafou Josiane Gamba, da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, em reunião com representante da ONU, na tarde de sexta-feira, na capital maranhense. “A Secretaria de Segurança Pública lançou nota criminalizando os Gamella, antes dos depoimentos terem sido tomados”, afirmou o advogado da CPT, Rafael Silva.

A comunidade indígena e os inúmeros movimentos sociais (mais de 50 assinaram o documento) acusam a polícia de truculência e reclamam da omissão do governo estadual. Eles lançaram nota, exigindo “liberdade imediata aos indígenas presos, apuração rigorosa das ações arbitrárias de instituições do Estado do Maranhão, assim como da empresa Equatorial contra os Akroa-Gamella”.

O Cimi Maranhão repudiou também a nota publicada pela Equatorial Energia, pois falta com a veracidade dos fatos sobre os processos de licenciamento por órgão competente e também por criminalizar o Povo Akroá Gamella ao dizer que “mantiveram reféns os colaboradores da empresa que, segundo eles, tentaram dialogar com o povo”. Importante ressaltar que as pessoas armadas que estavam no território coagindo o povo para a continuidade da implantação do linhão, não tinham identificação como funcionários da empresa.

Liberdade para os Akroa-Gamella

Ainda em nota, o Cimi denunciou que o Estado do Maranhão vem tentando, desde a tentativa de massacre em 30 de abril de 2017 sofrido pelo Povo Akroá Gamella, criminalizar o povo. Os esforços do estado são para imputar as acusações de destruição de patrimônio e roubo qualificado aos indígenas que, além de sofrerem violentas abordagens, ainda foram presos.

O advogado Rafael Silva, da CPT, contesta a tipificação de roubo, pois segundo ele, os indígenas devolveram a arma, que retiraram dos seguranças em legítima defesa. Durante o episódio, dois veículos da empresa foram queimados, o que fez com que os indígenas fossem enquadrados também por dano ao patrimônio, segundo acusa a Equatorial. “As circunstâncias não estão claras” afirma Rafael Silva.

Instalação dos Linhões de forma ilegal

O Cimi denuncia que a instalação dos linhões pela Equatorial está sendo feita ilegalmente, sem observação dos procedimentos legais que regem o Licenciamento Ambiental nos territórios indígenas. Há, no processo em disputa judicial entre Equatorial e o Povo Akroá Gamella, RECOMENDAÇÃO n° 3/2019/GAB/HAM/PR/MA, de 28 de janeiro de 2019, expedida pela Procuradoria Federal do Maranhão, que pontua a incompetência da Sema para expedir licenças de licenciamento ambiental:

O Ministério Público Federal, resolve, com fundamento no art. 6º, XX, da Lei Complementar 75/1993, RECOMENDAR à Secretaria de Estado do Meio Ambiente – Sema, na pessoa de seu Secretário Estadual, que: 1. Promova, no prazo de 10 dias, o declínio de atribuição quanto ao licenciamento ambiental da Linha de Subtransmissão Miranda – Três Marias, Circuitos 1 e 2, em favor do Ibama, encaminhando ao órgão ambiental federal, no mesmo prazo, o respectivo processo administrativo de licenciamento ambiental, para os consectários procedimentos.

Imagem por Cruupooh’re Akroá-Gamella

Categorias
notícia

Quilombolas do Maranhão realizam encontro com parlamentares e o governador Flávio Dino

A Frente Parlamentar Mista em Defesa das Comunidades Quilombolas e de Combate ao Racismo da Câmara Federal, presidida pelo deputado Bira do Pindaré (PSB), realiza nesta sexta (19), às 17h, e sábado, às 9h, o Encontro Estadual Quilombola. O evento será na Fetaema e terá a participação do governador Flávio Dino, além de deputados, senadores, lideranças, autoridades, órgãos e entidades nacionais.

 Segundo Bira do Pindaré, o objetivo do encontro é discutir pautas e reivindicações da população quilombola maranhense, tais como a regularização fundiária, educação quilombola, patrulha de defesa quilombola, fiscalização ambiental especializada e emancipação da mulher quilombola.

O evento também vai dialogar sobre a oportunidade de emprego e renda para os jovens dos quilombos, política de saúde integral da população negra, incentivo ao esporte e valorização da cultura quilombola e política estadual da cultura quilombola.

 As datas foram escolhidas em deferência ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado sempre no dia 20 de novembro de cada ano.

 PROGRAMAÇÃO:

 19 de novembro de 2021 (sexta-feira)

 17h – Abertura:

Acolhida

Composição da Mesa

Saudações

Entrega do Manifesto dos Quilombolas

Apresentação Cultural

 20 de novembro de 2021 (sábado)

 09h – Mesa de Debates:

Composição de Mesa

Breves saudações

Falas das lideranças quilombolas

Exposição dos órgãos e autoridades

Falas finais com encaminhamentos

Instalação da Coalizão Quilombola Maranhense

Encerramento

Categorias
notícia

“A gente tá morrendo”: trabalhadores rurais e comunidades tradicionais pedem socorro no Maranhão

A frase entre aspas no título desse artigo é uma constatação de amplo conhecimento, mas precisa ser dita muitas vezes, em alto e bom som. Ela é um dos gritos de socorro da entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira (17 de novembro) por várias entidades representativas de camponeses, extrativistas, indígenas, quilombolas, pastorais sociais, pescadores, povos e comunidades tradicionais, acolhidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB – Regional Nordeste 5).

O Maranhão vive uma relevante contradição para ser posta na mesa de análise de conjuntura. A renovação política ainda não se instalou definitivamente e as feridas deletérias do passado estão abertas, sangrando.

Qual será o resultado dessa transição? Sobre o futuro, nada sabemos.

Mas é possível dizer que estamos vivendo a mistura do pretérito perfeito com o futuro do passado.

Somente em 2021, nove camponeses foram assassinados no Maranhão. O relatório Conflitos no Campo 2020 Brasil, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT Nacional), aponta o estado em 2º lugar no ranking de conflitos agrários.

O modelo agrário concentrador segue em expansão vertiginosa, atropelando as leis e as regras com uma força descomunal que mata pessoas, destrói os recursos naturais, criminaliza as resistências, aniquila as formas de vida dos mais pobres e implanta um clima psicológico de permanente terror.

Trabalhadores rurais, os povos e as comunidades tradicionais são violentados de todas as formas. Pelo ar, o veneno do agronegócio opera uma verdadeira guerra química para eliminar o elemento humano e os semoventes dos territórios.

Por terra, os tratores e os correntões destoem gigantescas extensões de floresta para o cultivo da monocultura.

Se o veneno e os correntões não resolvem, a pistolagem é acionada para fazer o “serviço final” – matar!.

A entrevista coletiva de hoje serviu para lamentar as perdas de mulheres e homens que já tombaram, reiterar a indignação e dizer que, apesar de toda a violência, a luta continua!

Ainda resta a esperança de que o povo organizado e as instituições busquem mais diálogo para enfrentar as atrocidades no campo.

É preciso estabelecer critérios mais rígidos para a concessão das licenças ambientais, qualificadas na entrevista coletiva de “licença para matar”.

Se não houver apuração e investigação rigorosa sobre os crimes já cometidos e proteção dos povos e comunidades tradicionais diante das ameaças postas diariamente, as tragédias anunciadas estarão brevemente nas manchetes dos meios de comunicação.

São inegáveis todos os avanços construídos pelo governo Flávio Dino em diversas dimensões. Não temos no comando maior da gestão um grupo familiar interessado tão somente em usurpar o dinheiro público. Muita coisa foi modificada em comparação aos quase 50 anos de oligarquia. É fato!

No entanto, a situação no campo é gravíssima.

É urgente a construção de uma força tarefa mobilizando todos os esforços do Governo do Estado, dos movimentos sociais, do Judiciário, Ministério Público, parlamentares e quem mais de interesse para proteger os vulneráveis da violência generalizada que avança no Maranhão.

Imagem destacada capturada nesse site

Categorias
notícia

Texto apócrifo não é comigo

Prezado(a) leitor(a),

Circula em alguns grupos de Whatts App um texto intitulado “Alcântara: uma cidade histórica entregue ao banditismo.”

Esclareço que o referido texto NÃO é da minha autoria.

Eu costumo assinar os textos opinativos e analíticos que escrevo.

Reitero: o texto depreciativo sobre Alcântara não tem nenhuma participação minha.

Ed Wilson Araújo

Categorias
notícia

13º Encontro de Cantores de Blocos Tradicionais homenageará Roberto Ricci

A 13ª edição do Encontro de Cantores de Blocos Tradicionais homenageará o músico, cantor, compositor e interprete de samba, Roberto Ricci. O evento coincide com o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), e ocorrerá a partir das 19h, na Travessa do Dirceu, em frente ao Centro de Artes Japiaçu, no bairro do Diamante, em São Luís/MA.

Puxada pelo bloco Vinagreira Show, a noitada reunirá blocos tradicionais, que mostrarão a beleza dos sambas-temas nas batidas dos instrumentos característicos:contratempos,rocas, apitos,ganzares,cabaças,agogôs, retintas, reco-recos e tambores de marcações, dentro outros. Bloco tradicional é uma brincadeira exclusiva do carnaval de São Luís. 

Com o tema ‘Roberto Ricci: Uma Estrela Brilhante no Céu Para o Diamante’, o Encontro reunirá em uma super batucada,dez grupos de blocos tradicionais. São eles:’Reis da Liberdade’, ‘Vinagreira Show’, ‘Os Guerreiros’, ‘Fanáticos do Ritmo’, ‘Indomáveis Show’, ‘Os Tradicionais do Ritmo’, ‘Dragões da Liberdade’, ‘Os Trapalhões’, ‘Apae’ e ‘Os Baratas’ .

Roberto Ricci

Roberto Ricci nasceu em 20 de maio de 1966, em São Luís/MA. Autodidata, o artista possui múltiplos talentos musicais e uma grande habilidade e criatividade em tocar ritmos e sotaques de bumba-meu-boi em seu violão. Os sons das cordas musicais são muito próximos da originalidade das matracas e pandeirões do bumba-meu-boi. Entre os seus álbuns lançados está “Sotaques – sobre Toadas”, de 2019.

SERVIÇO

Evento: 13º Encontro de Cantores de Blocos Tradicionais

Quando: 20 de novembro de 2021 (sábado)

Local: Travessa do Dirceu, no bairro do Diamante (em frente a quadra de esportes do Centro de Artes Japiaçu.

Horário: Das 19h à meia-noite.

Categorias
notícia

Rock’n roll, rock’n Raul, reggae’n Raul

Hoje (15 nov), na TV Guará, Wilson Zara e Dicy prestam tributo a Raul Seixas passeando por rock e reggae, unindo as duas tribos da Ilha

Por Zema Ribeiro*

Falecido em 21 de agosto de 1989, o imenso legado de Raul Seixas torna-se mais conhecido do público com o passar do tempo. Provas mais ou menos recentes disso são a biografia “Raul Seixas: não diga que a canção está perdida” (Todavia, 2019), do jornalista Jotabê Medeiros, e homenagens musicais do maranhense Zeca Baleiro – em “Toca Raul!” – e do conterrâneo Caetano Veloso, em “Rock’n Raul”.

A musicalidade do baiano Raul Seixas não conhecia preconceitos. Fã literalmente de carteirinha de Elvis Presley e Luiz Gonzaga, ele fundiu rock’n roll com baião, foi um dos inventores do que viríamos a chamar de brega e cantou de tudo, de balada e bolero a samba. Não à toa, invariavelmente artistas da noite ouvem o grito vindo da plateia: “toca Raul!”.

Desde 1992, o cantor maranhense Wilson Zara presta anualmente homenagem ao ídolo, sua principal referência musical. “Quando ouvi “Ouro de tolo” no rádio, ainda na infância, aquilo me despertou de tal forma que eu já sabia ali que era música o que eu queria fazer”, lembra o artista, que abandonou o curso de Letras e a carreira de bancário para se tornar um dos mais bem sucedidos artistas da noite em São Luís do Maranhão, para onde se mudou na década de 1990.

No próximo dia 15, Zara se une à cantora Dicy, para um passeio sobre a obra de Raul, mesclando o rock ao reggae. “A gente vai trazer a obra de Raul para uma levada reggae, que é uma forma de demonstrar a importância dele para a música brasileira e também uma forma de demonstrar a força do reggae para a cidade de São Luís, conhecida como a Jamaica brasileira”, revela Dicy.

A cantora, que normalmente integra a banda de Zara como backing vocal nos tributos anuais que ele apresenta, desta vez fará uma participação especial com este bloco musical de Raul Seixas em ritmo de reggae. A apresentação, que acontecerá ao vivo nos estúdios da TV Guará, para uma pequena plateia de convidados, será transmitida pela emissora, youtube e redes sociais. O espetáculo tem previsão de durar entre duas e duas horas e meia.

Serviço

O quê: Toca Raul – Tributo a Raul Seixas

Quem: Wilson Zara, Dicy e banda

Quando: dia 15 de novembro (segunda-feira, feriado), às 21h

Onde: no auditório da TV Guará para convidados, com transmissão pela TV Guará, youtube e redes sociais

Quanto: grátis

Patrocínio: Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), com recursos da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc

*Zema Ribeiro é jornalista. Escreve no Farofafá e é coordenador de produção da Rádio Timbira AM, onde apresenta, com Gisa Franco, aos sábados, o Balaio Cultural

Categorias
notícia

MIQCB denuncia abandono das quebradeiras de coco babaçu

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu vem manifestar seu mais profundo pesar pelo falecimento de Maria José Rodrigues, e seu filho, identificado como José do Carmo Corrêa Júnior, de 38 anos, na tarde do dia 12 de novembro , na comunidade Bom Lugar, município de Penalva.

Maria José e Jose do Carmo coletavam e quebravam coco quando tiveram suas vidas ceifadas em propriedade de pessoa de apelido Cazuza.

Denunciamos neste ato o abandono que as quebradeiras de coco se encontram no estado do Maranhão, precisando arriscar suas vida para praticar a mais básica das atividade para seu sustento e reprodução do modo de vida tradicional que são a coleta e quebra de coco.

Exigimos do Governo do Estado do Maranhão rápida e efetiva investigação,através da polícia civil, para averiguar as circunstâncias das mortes da quebradeira de coco e seu filho, assim como ação exemplar do Ministério Público e do Judiciário na responsabilização devida pelos crimes contra a vida humana e contra a natureza que se mostram presentes nos fatos.

Exigimos ainda medidas urgentes de garantia do modo de vida tradicional das quebradeiras de coco babaçu em todo estado, para que crimes de tal gravidade não se repitam.

Babaçu Livre, Território Livre!
Nenhuma quebradeira a menos!

São Luís, 13 de novembro de 2021

MIQCB – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu